sexta-feira, 27 de março de 2015

Com passado duvidoso, personalidades pedem fim da corrupção em protesto

Autor: Diana Gaúna

A presença das personalidades chamou a atenção dos manifestantes mais bem informados

Deputada estadual Antonieta Amorim (PMDB). Foto: Repórter Top.
Deputada estadual Antonieta Amorim (PMDB). Foto: Repórter Top.
Entre as dezenas de milhares de pessoas que participaram da manifestação contra a corrupção neste domingo (15), a presença de algumas personalidades chamou a atenção de quem protestava. Com passado duvidoso, essas pessoas interagiam em meio aos cidadãos que saíram de casa cansados de tanta improbidade, para pedir o impeachment da presidente e bradar contra a corrupção.




                                               (Marcelo Miranda, ex-governador e diretor do Dnit)

Um dos integrantes da seleta lista é o ex-superintendente regional do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrututa e Transportes), Marcelo Miranda. Ele foi demitido da chefia do departamento em janeiro de 2012, por desvio de recursos públicos e responde a ação penal na Justiça Federal movido pelo MPF (Ministério Público Federal) acusado com outras 11 pessoas de desviar cerca de R$ 14 milhões dos cofres públicos. Antes de chefiar o Dnit-MS, Marcelo também foi prefeito de Campo Grande em 1976, em 1979 foi nomeado governador até 1980; em 1982 foi eleito senador e em 1987 foi eleito governador de MS.

                                                       (Mara Caseiro, em selfie na manifestação)

A deputada Mara Caseiro (PTdoB) que bradava que ‘o povo unida jamais será vencido’ também tem situações que pesam contra seu manifesto. Em 2011 ela chegou a ser condenada pela Justiça de 1º grau, por contratar o marido para cargo comissionado na época em que era prefeita da cidade de Eldorado. Curiosamente, o processo não aparece no sistema de consulta processual on-line do Tribunal de Justiça do Estado. Assim, não foi possível saber se houve recurso e seu resultado.

Além de nomeado, o marido de Mara Caseiro, Manoel Henrique Caseiro, também foi condenado pela Justiça (processo n. 4005432-68.2013.8.12.0000) em 2013 e teve R$ 300 mil em bens bloqueados. Isso porque o MPE (Ministério Público Estadual) provou a Justiça a participação de Manoel, outro servidor em esquema de desvio de verbas públicas por meio de abastecimento de veículos particulares com dinheiro do erário.

 
                                                                    (Recalde, flagrado em selfie)

Outra personalidade vista em meio ao protesto contra a corrupção foi o empresário Carlos Gilberto Recalde. Dono da empreiteira CGR, Recalde foi uma dos 29 presos na Operação Uragano da Polícia Federal. Durante as investigações, A PF apontou a CGR como suposta empresa de fachada para uma sociedade entre o então governador André Puccinelli (PMDB) e o à época deputado federal Edson Giroto (PMDB), da qual Recalde seria apenas um ‘testa de ferro’. A PF revelou que a CGR maquiava o pagamento de propina por meio de fraudes na medição de obras. A empreiteira também aparece como grande doadora de campanha, inclusive para Puccinelli.


A deputada Antonieta Amorim (PMDB) também engrossou os protestos desse domingo. Ela é irmã do empreiteiro João Krampe Amorim dos Santos, apontado pelo Ministério Público Federal como suposto caixa do ex-governador André Puccinelli. Ele e o engenheiro Eolo Ferrari foram os tesoureiros de todas as campanhas de Puccinelli. No inquérito da PF da Operação Uragano, que resultou no processo de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro, Krampe e Ferrari aparecem como os “laranjas” que abriram empresas - MBM Construções e Engecap - para ganhar licitações na prefeitura da Capital. Eles estão envolvidos ainda nos escândalos dos garis que eram “donos” da construtora Engecap.

Antonieta também é ex-mulher do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB). No apagar das luzes da gestão de Nelsinho, o consórcio CG Solurb - composto pelas empresas Financial Construtora Industrial (empresa líder) e LD Construções Ltda - venceu a licitação bilionária do lixo. Uma das empresas parte do consórcio, a LD, é de Luciano Dolzan, genro do empreiteiro João Amorim. A esposa de Luciano, Ana Paula Amorim Dolzan é sócia de Antonieta na Agropecuária Areias. Por meio de pesquisa on-line no TJ-MS é possível identificar somente um processo contra Antonieta, movido pela primeira dama, Andréia Olarte. Entretanto, a ação foi extinta.  

O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) não esteve de corpo presente mais por meio da rede social Facebook conclamou a população para ir às ruas. Mandetta é réu junto com seu primo, o ex-prefeito Nelsinho Trad em ação movida pelo MPF devido às ilegalidades ocorridas na compra do Sistema Gisa. Investigação do MPF revelou que Mandetta foi favorecido pela empresa contratada para fornecer o sistema. Ele teria recebido passagens internacionais pagas pela Telemídia e pouco tempo depois, em 2010, doações não declaradas da empresa para a campanha de deputado federal.


Se condenados, os acusados - além do ressarcimento integral do prejuízo aos cofres públicos (R$ 8,1 milhões) e do pagamento de indenização moral por valor equivalente aos danos causados - podem perder a função pública, ter direitos políticos suspensos e ficar proibidos de contratar com o poder público ou de receber benefícios. Além de Mandetta e Nelsinho, outras 22 pessoas também são réus, entre servidores públicos municipais, empresários e as empresas contratadas. 

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