quarta-feira, 22 de julho de 2015

Empresas de João Amorim pagavam despesas pessoais de Nelsinho Trad


Ex-prefeito teria recebido apoio do empresário para lançar candidatura durante as eleições de 2014 e teria continuado na lista de beneficiados do esquema em 2015

A Operação Lama Asfáltica que investiga uma organização criminosa que fraudava licitações em obras públicas aponta favorecimento ilícito do ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB).

Em documentos obtidos pelo Top Mídia News, a Polícia Federal aponta que despesas de uma fazenda do peemedebista teriam sido pagas por uma das empresas investigadas e que Nelsinho disputou as eleições de 2014 com o apoio do empreiteiro João Amorim.

Conforme ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal em 17 de maio de 2014, aparentemente entre o dono da Proteco Construções Ltda, João Amorim, e Nelsinho Trad, o empresário relata que conversou com o ex-secretário de obras, Edson Giroto, que teria gostado da proposta e levado o tema para discutir com o ex-governador André Puccinelli.

Em outro telefonema, realizado no dia seguinte, Giroto afirma que conversou com o ex-chefe do Executivo e marca um encontro com João Amorim. No mesmo dia, o empresário retorna para Nelsinho incentivando a sua candidatura, ressalvando apenas que Giroto e Puccinelli deveriam se sentir incluídos no projeto para que a campanha alavancasse.

O apoio do empresário João Amorim ficou evidenciado através das doações de campanha. A Proteco Construções Ltda doou R$ 386 mil através do diretório estadual do PMDB, a LD Engenharia Ltda, de propriedade de João Roberto Baird e de Elza Cristina Araújo dos Santos - apontada durante as investigações como laranja do empreiteiro João Amorim -, repassou R$ 200 mil e o empresário João Baird, como pessoa física, investiu mais R$ 630 mil.

Outra ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal em 9 de janeiro de 2015, aponta o favorecimento do ex-prefeito em mais ocasiões. De acordo com a PF, que depois encaminhou o documento para o MPF (Ministério Público Federal), Elza Cristina conversa com uma mulher identificada apenas como Sandra, possivelmente secretária de Nelsinho, relatando parte das transações e marca um encontro no consultório do ex-prefeito. Veja o trecho do relatório:


 

Edição: Geovanni Gomes

Durante o bate-papo, Elza reclama do pagamento de despesas de uma fazenda do ex-prefeito. “Eu tenho fazenda pra tar pagando, coisa que nem a parte dele ele tá fazendo, cê entendeu, ainda tem que sair pra atender o bonitão [sic]”, afirma. Na ocasião, ela ainda fala de uma reunião com uma pessoa identificada como Neto, em que ela explica que não poderia resolver um problema financeiro sem ter o respaldo de João, possivelmente Amorim, pois o dinheiro não era dela.

Contratos 
João Amorim acumulou diversos contratos milionários com a prefeitura e com o Governo do Estado. Durante a gestão do ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, ele controlava os serviços de tapa-buraco e a empresa LD Construções, registrada no nome de seu genro, Luciano Dolzan, que assumiu a licitação, através do Consórcio Solurb, da coleta de lixo na Capital. Além disso, a Itel controla a SGI (Superintendência de Gestão da Informação).

A Operação Lama Asfáltica investiga uma organização criminosa que teria fraudado diversas licitações em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Os suspeitos teriam cometido os crimes de sonegação fiscal, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva e fraudes à licitação.

O nome da operação faz referência a um dos insumos utilizados em obras com indícios de serem superfaturadas identificadas durante as investigações. Durante o cumprimento de mandados e apreensão na casa dos envolvidos, a polícia apreendeu documentos, uma obra de arte e mais de R$ 747,9 mil, em moedas nacionais e estrangeiras. 

Logo que a operação foi deflagrada, em 9 de julho, Nelsinho Trad declarou que estava tranquilo com as investigações e enfatizou que não aparecia na lista de suspeitos. Sobre as licitações do aterro sanitário, ele ainda afirmou que o assunto estava encerrado. Veja aqui.


Entre os contratos com indícios de fraude aparecem as licitações para a pavimentação da MS-430, que liga o município de São Gabriel do Oeste a Rio Negro, o aterro sanitário de Campo Grande, o Aquário do Pantanal e as Avenidas Lúdio Coelho Martins e Duque de Caxias. Para entender o papel dos suspeitos já divulgados, leia mais aqui

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