sexta-feira, 24 de julho de 2015

Proteco não paga alojamento de pedreiros há três meses, diz dona do imóvel


Contratados para obra do Aquário do Pantanal, trabalhadores estão na mesma situação
  • (Midiamax/Luiz Alberto)
  • Além de não pagar os pedreiros e ajudantes contratados para finalizarem a obra do Aquário do Pantanal, a Proteco Construções Ltda está há três meses sem arcar com as despesas do alojamento que abriga os 34 profissionais da construção oriundos de várias regiões do

    Nordeste. A dona do pensionato, que quis se identificar somente como Marta, alegou que há um ano hospeda os homens e os atrasos começaram há 90 dias.
    Sem dar muitos detalhes com receio de não ser ressarcida, ela não deixou que a reportagem adentrasse o imóvel. O limite foi o portão. “Tenho contrato, está tudo certinho. Acho que ele vai me pagar sim, ele tem muito dinheiro, é milionário”, disse esperançosa, sem revelar quanto tem a receber.
    “É bem pouquinho, não é caro aqui não”, completou, referindo-se ao valor que cobra para hospedá-los. Na calçada quatro trabalhadores lamentavam a situação. Estão sem receber os vales de R$ 560 para pedreiros e R$ 348 para ajudantes.
    Além disso, há dois meses não têm o cartão de alimentação abastecido. Por mês a recarga era de R$ 240. “Já são quase R$ 500 que perdemos só nisso”, reclamou um ex-funcionário da obra que mora em Campo Grande e estava no local para somar força aos colegas. “Eu tenho minha casa aqui na cidade e eles como vão ficar? Temos que estar juntos agora”, afirmou.
    Com medo de represálias nenhum deles quis se identificar. “Dei entrevista para TV uma vez e fui punido. Estava cumprindo aviso-prévio trabalhando, desde aquele dia me mandaram ficar em casa”, contou o campo-grandense. E as punições não paravam por aí. Segundo um trabalhador vindo de Sobral, no Ceará, a pressão para que eles pedissem demissão era maior a cada dia.
    “Colocavam a gente pra varrer o chão e fazer coisas que não eram da nossa função. A gente fazia porque o que eles queriam era que a gente pedisse para sair”, relatou. Sem informações concretas, eles alegam que a promessa é de pagamento dentro de 15, no máximo, 30 dias. “Mas dia certo não tem. Só Deus sabe”, lamentou um deles.
    Alojamento - Ainda segundo a dona do prédio no qual todos foram instalados, 90 homens já ficaram nas acomodações e em outros dois imóveis que ela tem na região do Terminal Morenão. Hoje são 34, sendo que a cada quarto 4 deles dormem. A maioria chegou ao local no dia 12 de junho do ano passado. “Lembro que chegamos no dia do primeiro jogo da Copa do Mundo”, contou um trabalhador.
    No Nordeste quem fez a contratação foi um mestre-de-obras que passou pelo Ceará, Alagoas e Sergipe. “Ele dizia que o pessoal daqui (Campo Grande) não queria trabalhar”, contou o que veio de Sobral. “Só da minha cidade vieram 7 ou 8”. Esta não é a primeira vez que ocorre atraso no pagamento, eles contaram que no inicio do mês tiveram que ir ao Ministério do Trabalho para receberem. “Só fomos lá, mas quando eles (Proteco) ficaram sabendo nos pagaram”.
    Obra - A construção do Aquário começou em 2011 e estava orçada em R$ 80 milhões, mas até o momento quase R$ 250 milhões já foram investidos e não há data para inauguração. Por sugestão do MPF (Ministério Público Federal) o Governo do Estado confirmou que paralisou os trabalhos. O contrato com a Proteco foi suspenso porque a empresa é uma das investigadas na Operação Lama Asfáltica.

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