segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Com serviço a passos lentos, Solurb ameaça 'quebrar' antes de limpar cidade

A empresa alega ter altos custos, principalmente com funcionários

O advogado Ary Raghiant Neto, da concessionária CG Solurb, afirmou que a empresa pode acabar 'quebrando', mesmo com os altos valores compactuados com a administração municipal. A informação em meio à polêmica greve do serviço em Campo Grande, que só parou após quatro decisões judiciais. A empresa alega não receber, mas nada fala dos valores acertados com a Prefeitura, R$ 4 milhões mensais no início do contrato, assinado de última hora por Nelsinho Trad (PTB, na época PMDB), e que disparou para R$ 14 milhões a cada 30 dias na administração de Gilmar Olarte (PP por liminar).

Conforme o advogado, a prefeitura de Campo Grande estaria em débito com a empresa. Na visão de Raghiant, o prefeito Alcides Bernal, do PP, não negocia os três meses que estariam em aberto, e o serviço poderá ser interrompido novamente na Capital. A empresa alega ter altos custos, principalmente com funcionários, e que sem receber ficaria impossível manter o serviço. A informação de que são três meses sem receber é contestada em nota de pagamento.

"Nós temos veículos financiados e um custo muito alto com encargos. Nós já tínhamos notificado o prefeito [afastado] Gilmar Olarte sobre a falta de pagamentos que estavam em aberto. E que se não fosse pago o serviço seria interrompido", explicou o advogado. Mesmo assim, não houve greve na gestão de Olarte.

Ary ainda afirmou que assim que Alcides Bernal deixou a prefeitura em 2014, após ser cassado, três meses já estavam em aberto, com a gestão de Olarte, os pagamentos foram pagos, mas ainda assim, permaneceram os três meses sem ser saldado até o retorno do atual prefeito. "Não se trata de uma questão política. Mas ninguém trabalha de graça no país", comentou.

Embora o advogado negue que há uma briga política, aproveitou o momento para disparar contra o atual prefeito."O Bernal quer quebrar a empresa, mais o nosso contrato é antigo e se fizer isso, vai ser uma irresponsabilidade do prefeito. Temos que acabar com essa guerra na Justiça. Mas se isso acontecer, a prefeitura vai ter que pagar multa alta pela rescisão do contrato", declarou. O contrato com a prefeitura de Campo Grande é antigo e foi fechado ao apagar das luzes em 2012, na gestão do ex-prefeito Nelson Trad Filho, do PMDB.

Segundo a Polícia Federal, através da Operação Lama Asfáltica, a CG Solurb seria de propriedade de João Amorim, megaempreteiro pivô da investigação. Ele seria o 'sócio oculto' da concessionária.

Multas
O advogado ainda revelou que a empresa não foi notificada sobre o pagamento de multas pelos dias que permaneceu com os serviços paralisados, mesmo desrespeitando, ordens judiciais. "A empresa não precisará pagar multas pelos dias que não foram pagos. Se fosse assim, a prefeitura deveria ser multada por não pagar também".

Sobre a questão envolvendo os caminhões da empresa, em que dos 50, apenas 15 estariam trabalhando já que os demais poderiam estar sequestrados pela Justiça, Ary revelou que o engenheiro Lucas Dolzan, se equivocou na resposta e foi mal-entendido. O advogado explicou que os caminhões são financiados e que caso os pagamentos não sejam feitos pela prefeitura, os caminhões correm o risco de serem apreendidos e ficar à disposição da Justiça.

Porém, enquanto não há uma determinação, o advogado afirmou que todos os veículos estarão circulando pela cidade normalmente.

Lixo
Segundo do presidente do sindicato, Wilson Gomes Acosta, até que os lixos sejam totalmente recolhidos serão necessários pelo menos 20 dias para que a situação se normalize. O presidente afirmou que os funcionários estão fazendo duas horas extras diárias por turno para conseguir recolher todo o lixo da cidade.

"Devido ao nosso cronograma, o período normal de trabalho dos funcionários é das 7 horas até às 15h40, com mais duas horas extras, vão trabalhar até as 17h40 no primeiro período. Já o segundo horário, vai das 19 horas até 2h47, com mais duas horas, 4h47 da manhã", comentou Acosta.

População
Enquanto a situação não se resolve a população comenta o caso. Conforme o caminhoneiro, Aparecido da Silva, de 45 anos, é o povo quem sai prejudicado nesta história. "Acho que vai demorar até pegar todo esse lixo esparramado pela cidade".


Elenice do Santos, de 44 anos, auxiliar de serviços gerais, moradora do Jardim Canguru, também falou com à reportagem sobre a situação. "Entendo que eles precisam receber, mas olha só essa bagunça. No centro já está recolhido e tudo limpo, o duro é nos bairros e nós que sofremos com isso", finalizou. 

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