quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Declarações de Bernal no Facebook, sobre desembargador, causam polêmica.

Autor: Rodson Willyams

Em conversa com ex-assessor, Bernal teria chamado desembargador de 'safado'

A declaração foi revelada pelo ex-aliado político, jornalista Carlos Pereira, em dossiê entregue à Câmara Municipal





Foto: Geovanni Gomes / Arquivo Top Mídia News
Em conversa com ex-assessor, o prefeito Alcides Bernal (PP) teria desqualificado o trabalho do desembargador Sérgio Fernandes Martins, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, e do promotor Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha, da 30ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, do Ministério Público Estadual. As informações estão disponíveis em dossiê entregue por um de seus ex-assessores, o jornalista Carlos Pereira, aos vereadores de Campo Grande.

Durante a conversa íntima com o jornalista por meio da rede social Facebook, Bernal teria afirmado ao ex-aliado que a dupla de juristas integra o grupo político que supostamente teve interesse em sua cassação, ocorrida em março de 2014. Segundo o documento, tanto o desembargador quanto o promotor estariam agindo, na época, em função da 'organização' com o objetivo de criar barreiras para dificultar a sua volta ao comando prefeitura.

No caso do desembargador Sérgio Fernandes Martins, o pepista desabafa com Pereira sobre um processo que estaria parado no TJMS. "Está parado porque o safado do desembargador Sergio Fernandes Martins tinha trancado o andamento das ações populares. Agora começou a andar", escreveu o prefeito.

Em determinado momento, Bernal ainda aponta suposta ligação do magistrado com o ex-procurador de Campo Grande, da gestão de Gilmar Olarte (PP por liminar), Fábio Leandro, e que o mesmo ainda teria ligações com o filho do ex-governador André Puccinelli, o advogado André Puccinelli Jr.

"Este safado era sócio do Fábio Castro Leandro e do André Puccinelli Jr. está a serviço do Olarte e vem fazendo de tudo para manter esses canalhas na prefeitura [sic]", finalizava a conversa.


MPE
Outro alvo do prefeito citado na conversa foi o promotor Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha. O jurista teria solicitado, por meio do Ministério Público Estadual, o imediato afastamento do prefeito na época, com base no rompimento do contrato de licitação feito com a Total Serviços - contratada para fazer limpeza de unidade de saúde. No lugar, por meio de contratação emergencial, Bernal colocou a Mega Serv para desempenhar a mesma função, mas com valor elevado para prestação de serviço.

Com isso, o promotor abriu uma ação civil pública contra Bernal por ato de improbidade administrativa. Durante a conversa com o jornalista, Bernal também acusou o promotor de integrar o suposto grupo oposicionista. "Esse promotor Saldanha foi o que ajudou os vereadores. Vamos ter que alertar o PGMP".


Material
O material com a cópia dos diálogos foi entregue pelo ex-aliado de Alcides Bernal na última sessão de 2015, na Câmara Municipal de Campo Grande, no dia 22 de dezembro. Lá o jornalista alegou que foi 'usado' pelo atual prefeito e que essas conversas comprovariam uma 'suposta' armação do prefeito para fazer o Gaeco investigar os vereadores envolvidos na cassação, por meio da Operação Coffee Break.

O jornalista ainda afirmou aos vereadores que havia entregue ao prefeito uma procuração para que o mesmo abrisse uma ação civil pública, mas que, mais tarde, sem o seu conhecimento, descobriu que o documento assinado por ele teria sido usado para abrir outro processo, desta vez, o que originou a Coffee Break.

Por outro lado, o promotor Marcos Alex de Oliveira, coordenador do Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado), e o Procurador-Geral de Justiça, Humberto Brittes, afirmaram, no dia 25 de agosto, quando a operação foi deflagrada, que a investigação se originou por meio do cruzamento de dados recolhidos durante a Lama Asfáltica, realizada pela Polícia Federal, e a Operação ADNA, do Gaeco, que denunciou Olarte por ser mentor em esquema estelionatário e o apontou por cometer crimes de corrupção passiva, continuidade delitiva e lavagem de dinheiro.


O dossiê entregue aos parlamentares chamou atenção, pois a cópia das conversas entre o jornalista e o prefeito, realizadas via Facebook, apenas reproduzem as falas de Bernal. Na maioria dos textos, a imagem e o nome do jornalista foram apagados e somente parte da conversa foi mantida. Mesmo assim, os parlamentares consideram o documento como legítimo. 

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