segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Retrospectiva 2015: um ano de greves em Campo Grande

Durante o ano, a capital passou por diversas greves, que abrangeram desde a saúde até a educação

O ano de 2015 foi marcado pelos ajustes fiscais e instabilidades políticas que acabaram por jogar a crise nas costas dos trabalhadores. Foi assim que o ano registrou, pelo menos, greves de sete categorias diferentes.

Da saúde à educação, diversas áreas paralisaram ou reduziram serviços na capital em protestos à falta de responsabilidade do poder público com os recursos financeiros e também ao abuso de algumas empresas e concessionárias com os trabalhadores.

Acompanhe uma por uma:

Médicos
Na capital, 2015 também foi um ano marcado por paralisações de 3 categorias diferentes da classe médica. No INSS ( Instituto Nacional do Seguro Social), a classe está em greve há mais de 90 dias. Em Mato Grosso do Sul são 97 peritos, 65 deles paralisados totalmente. A ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos) afirma que, além do atraso salarial desde o mês de outubro, a principal exigência é a efetivação da lei da carga horária de 30 horas. Também reivindicam o fim da terceirização da perícia médica e a reposição das perdas salariais de 27%, divididos em dois anos.

Além do INSS, outra instituição que está em crise há muito tempo é a Santa Casa, de responsabilidade de Associação Beneficente de Campo Grande). O diretor do hospital, Wilson Teslenco, alega desde o começo do ano um rombo no repasse da verba municipal, que já deve passar dos R$ 13 milhões, R$ 7 milhões referentes à outubro e setembro. Por conta disso, cerca de 300 médicos paralisaram o serviço por 13 dias. A greve foi encerrada no dia 30 de novembro.

A rede municipal de saúde também sofreu uma crise no atendimento com a greve dos médicos ainda na gestão do prefeito Afastado, Gilmar Olarte (PP). A greve foi deflagrada e durou até o dia 28 de agosto, motivada pelo descumprimento da prefeitura com o Senmed (Sindicato dos Médicos). O descumprimento se deu por: o não pagamento no quinto dia do mês de agosto/2015 dos adicionais e gratificações ilegalmente retirados dos médicos em março e abril/2015, além de outros meses seguintes; não pagamento dos plantões eventuais realizados durante o período de greve, na folha de pagamento de julho/2015; a falta de garantia das frentes de trabalho, pela redução dos plantões nas escalas existentes e não preenchimento das escalas em aberto, com gravíssimo prejuízo à população, que não terá a assistência de médicos plantonistas nas UPA's e CRS's.

Enfermeiros e técnicos
Cerca de 900 profissionais, entre enfermeiros e técnicos ficaram em greve por 17 dias. As categorias reivindicavam equiparação com o piso nacional de R$ 3.700 para enfermeiros, e R$ 2.300 para os técnicos. A prefeitura pagava R$ 2.100 e R$ 1.100 para enfermeiros e técnicos, respectivamente. A categoria também reivindica reajuste inflacionário de 8,3%. A greve foi finalizada sem reajuste definitivo.

Servidores judiciário federal
Os servidores do poder judiciário federal ficaram em estado de greve por mais de 100 dias. O principal motivo da reivindicação é o reajuste salarial que a categoria alega não ser feito há 9 anos.

Bancários
Os bancários de todo o Brasil ficaram em greve por cerca de 20 dias. Em Mato Grosso do Sul, a greve foi finalizada no dia 27 de outubro. A reivindicação original de reajuste era de 16%, incluso 5,6% de aumento real e 9,88% referentes à perda da inflação. Também eram reivindicações dos bancários o fim da precarização do trabalho, entre elas o fim das metas abusivas e mais igualdade de gênero e cor; valorização do piso salarial no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (Departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos) e aumento no PLR (Participação nos Lucros e Resultados). A categoria aceitou a proposta da Fenaban (Federação nacional dos bancos) de reajuste de 10% para os salários, para a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e para o piso e, o de 14% para os vales refeição e alimentação.

Garis
Outra concessionária alvo de paralisação em 2015 é a CG/Solurb. A empresa que tem o contrato em prestar serviços de limpeza e manutenção na capital junto a prefeitura, é questionada por conta de aumentos abusivos no contrato e é foi uma das empresas investigadas pela Lama Asfáltica, por ser considerada propriedade indireta do pivô da operação, o empresário João Amorim. Cerca de 1080 funcionários realizaram paralisações em regime de “para e volta” por conta de atrasos salariais. A empresa afirmava não receber o dinheiro da prefeitura e a prefeitura afirmava que a culpa era da empresa. A greve acabou, mas os problemas de Bernal com a Solurb, não. O contrato com a concessionária pode ser rompido.

Professores
Por último, uma das categorias mais afetadas pelos cortes na área da educação nas três instâncias, os professores realizaram paralisações históricas. A categoria paralisou as atividades na rede municipal, estadual além das Universidades Federais, que teve adesão da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Os professores da Reme (Rede municipal de ensino) realizaram a maior greve da história da categoria. A paralisação foi de 93 dias e só terminou no dia 24 de agosto. Os professores reivindicavam reajuste de 13,01% de acordo com o Piso Nacional, estabelecido pela lei Municipal 5. 411/2014. O reajuste ainda não foi cumprido pela prefeitura.

Já na rede estadual, foram cerca de 25 mil professore que paralisaram as atividades do dia 27 de maio até o dia 03 de junho, quando a greve chegou ao fim, pressionada pela justiça. Assim como os professores da Reme, os profissionais ligados à Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) também reivindicavam o que prevê a lei do piso nacional, e cobravam reajuste de 10,92%. Apesar disso, a categoria decidiu pelo fim da greve e aceitou o “parcelamento” do reajuste, que será feito até 2021, adicionando 4,37% de reajuste todo mês de outubro.

Os professores da UFMS também paralisaram atividades, juntando-se as mais de 50 Universidades Federais que realizaram greve em 2015. O ano não foi fácil para educação pública superior, que “foi presenteada” pelo governo Dilma com cortes de R$ 12 bilhões . A paralisação começou no dia 15 de junho e durou 112 dias. Além de protestar contra os cortes, a greve foi motivada pelo reajuste linear de 27,3% nos salários, reestruturação da carreira, universidade pública, gratuita e de qualidade. Pela segunda vez, o governo não mostrou diálogo com os professores.

Funcionários da Energisa
A última categoria a entrar em greve durante este ano, foi a dos trabalhadores da concessionária responsável por fornecer energia ao estado de Mato Grosso do Sul, Energisa. A greve foi decretada no último dia 30 de novembro. São cerca de 1400 funcionários paralisados, trabalhando em regime de 30% para não comprometer o atendimento.


O Sinergia/MS (Sindicato dos Trabahadores na Indústria de Energia do Estado do Mato Grosso do Sul), defende reivindicações como 3% do ganho real mais a inflação atual (10,33%), manutenção de todos os direitos adquiridos, e o fim do assédio por parte da empresa.

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