terça-feira, 15 de março de 2016

Caos: antibióticos vencem, enquanto falta até álcool em postos de saúde da Capital

Servidores denunciam ainda a falta de seringas e anti-inflamatórios para dores mais agudas


A ausência de alguns medicamentos nas farmácias das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRS (Centros Regionais de Saúde) de Campo Grande tem gerado grandes transtornos à população, que procura as unidades de emergência da rede pública de saúde.

Conforme denúncia recebida peloTopMídiaNews, faltam seringas de insulina, fitas de glicemia, anti-inflamatórios e até mesmo álcool, usado para garantir a segurança dos procedimentos médicos. Além disso, um dos lotes de penicilina teria vencido nos postos por problemas de administração.

Item básico para garantir a esterilização dos instrumentos usados pelos médicos, essencial para evitar novas contaminações de pacientes que já procuram a unidade fragilizados, com o sistema imunológico em baixa, o álcool está em falta há mais de um mês. “Nos UPAS e CRS, eles estão quebrando o galho com álcool em gel, que não é o adequado. Está difícil. Não tem álcool nem para vacina”, revela um servidor que preferiu não se identificar.

De acordo com a Anvisa, “o álcool possui propriedades microbicidas reconhecidamente eficazes para eliminar os germes mais frequentemente envolvidos nestas infecções, sendo imprescindível na realização de ações simples de prevenção como a antissepsia das mãos, a desinfecção do ambiente e de artigos médico-hospitalares. Além disto, é adquirido com baixo custo, possui fácil aplicabilidade e toxicidade reduzida”, sendo um dos itens mais importantes de um hospital.

Agulhas e seringas
As agulhas e seringas usadas para aplicar insulina em diabéticos, que estavam em falta no mês de fevereiro, voltaram a acabar. Segundo o servidor, apenas mil seringas foram entregues ao CEM (Centro de Especialidades Médicas), após a última denúncia de pacientes, e outras 700 seringas para a rede inteira, sendo que a maioria seria usada para vacinas.

“Uma unidade básica dispensa, em média, 2 mil seringas por mês. Isso as pequenas. As grandes, mais de 5 mil. Os idosos estão sofrendo. A fita de glicemia é lenda. Veio só na época em que reclamaram, depois não veio mais. Falta seringa de insulina. Estou com dó dos diabéticos. Tem gente que está reutilizando muitas e muitas vezes uma seringa comprada. A agulha perde a qualidade e eles se machucam”, revela o servidor.

A reutilização de seringas descartáveis na aplicação contínua de insulina chegou a ser recomendada pelo Ministério da Saúde por até oito aplicações na mesma pessoa, em uma tentativa de minimizar os custos, mas a orientação foi suspensa. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o pedido é ilegal e fere as normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), colocando os pacientes em risco. 

Anti-inflamatórios em falta
Entre os anti-inflamatórios, segundo a denúncia, apenas o ibuprofeno, está disponível. O remédio é indicado em casos de febre e dores leves e moderadas, associadas a gripes e resfriados, dor de garganta, dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, cólicas menstruais, dores musculares, mas estaria sendo usado até mesmo em casos mais graves como os ortopédicos.

“O ibuprofeno é o único anti-inflamatório da rede. Eles fizeram um esquema de mandar o estoque para os CRS, só que na maioria já acabou. A pessoa fica sem um anti-inflamatório até mesmo nos casos de fratura ou torção. Falta cefalexina infantil, apesar de ter algumas ainda na rede, quase não se acha. Então os pais estão tendo que comprar. Vi uma senhora desesperada porque não poderia comprar e não tinha antibiótico pra substituir”, afirma o denunciante.

Antibióiticos vencidos
No caso das penicilinas (tipo 1.200.000), antibiótico usado no controle da sífilis, por exemplo, o lote venceu, pois o protocolo dizia que os postos de saúde só poderiam aplicar o medicamento em gestantes e seus parceiros. “Ao invés de liberarem um pouco antes, nos últimos dias, deixaram dispensar. Muita coisa se perdeu e assim continua a saúde precária”, reclama o profissional.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da prefeitura e da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Além da falta de medicamentos, os postos de saúde da Capital são alvos de investigação pela ausência de equipamentos importantes e deterioração dos prédios. Leia mais aqui.

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