quarta-feira, 11 de maio de 2016

PF identificou desvios de 25% por obra e 67 mil hectares em nome de laranjas


Segunda fase da Operação lama Asfáltica foi deflagrada nesta terça-feira


A Policia Federal, Controladoria Geral do União e Receita Federal, identificaram na segunda fase da Operação Lama Asfáltica, nomeada de “Fazendas de Lama”, desvios de R$ 44 milhões em quatro contratos no valor total de R$ 195 milhões. “Descobrimos o desvio em média de 25% em cada obra, através de direcionamento de licitação, má execução de obra, execução com qualidade inferior, superfaturamento e pagamento de serviços não executados”, informou o delegado Regional do Crime Organizado da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, Cleo Mazzotti.

A Operação “Fazendas Lama” se concentrou no modo em que os recursos desviados pela organização criminosa eram ocultados e depois reinseridos na sociedade. De acordo com a polícia Federal, eram abertas empresas de pequeno porte, que depois distribuíam valores através de doação ou empréstimo para os envolvidos, que compravam fazendas, gado e imóveis urbanos. “Depois o empréstimo era considerado pago e o recurso ficava lícito e o dinheiro desviado era incorporado ao patrimônio”, disse.

Foi identificado um total de 67 mil hectares em fazendas adquiridas com o propósito de lavar dinheiro nos municípios de Rio Negro, Rio Verde, Corumbá, Anastácio, Campo Grande, Porto Murtinho, Aquidauana, Figueirão, Jaraguari e Miranda. “Foram identificados patrimônios em nomes de familiares, pessoas próximas e pessoas interpostas. Sempre pessoas de extrema confiança dos envolvidos”, afirmou Mazzoti. Foram bloqueados R$ 43 milhões em bens de 24 envolvidos. Incluindo imóveis urbanos, contas bancárias e dois aviões em nome de João Amorim e de João Baird.

Foram identificadas ainda irregularidades no contrato de manutenção das estradas não pavimentadas em torno de Campo Grande, na manutenção das rodovias pavimentadas também nos municípios em torno da Capital e em dois lotes da MS-040, ligando Campo Grande a Santa Rita do Pardo, onde forma suados recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Também foram descobertos desvios na aquisição de livros escolares no valor de R$ 29 milhões, com suspeita de desvio de R$ 15 milhões.

A receita Federal começou a desconfiar da fraude e lavagem de dinheiro ao se deparar com declarações de imposto de renda de empresas cujo valor movimentado em um ano foi de R$ 1,7 milhões e foram repassados lucros de R$ 1,2 milhões. Em muitas ocasiões a epresa recém aberta já era contemplada em licitações. “Não há nenhuma atividade econômica que distribua esse lucro. Era desproporcional”, afirmou a Polícia Federal.

Os investigadores do caso informaram o envolvimento de servidores de carreira do governo do Estado, assim como os antigos gestores da Agesul durante o governo anterior. Para a possibilidade dos desvios, só era possível com o pagamento de propina para servidores que fiscalizavam as obras e que realizavam as licitações.

A operação
Após dez meses da primeira fase, a segunda fase da Operação Lama Asfáltica promete desvendar os mistérios que envolvem contratos que ultrapassam R$ 2 bilhões. Conforme as investigações, os recursos foram 'maquiados e desviados' por uma organização criminosa especializada em desviar recursos públicos, inclusive verbas que vinham do Governo federal para o Estado.

O resultado da primeira fase destacou fortes indícios da prática dos crimes de lavagem de dinheiro e provenientes de corrupção passiva, com a utilização de mecanismos para ocultação de tais valores, como aquisição de bens em nome de terceiros e saques em espécie.

Segundo a operação, a organização atua no ramo de pavimentação de rodovias, construções e prestação de serviços nas áreas de informática e gráfica.  

Os 201 policiais que deram início a segunda fase da operação fizeram busca e apreensão na casa do ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB) e cumpriram mandados de prisão contra João Amorim, sua sócia Elza Amaral, Edson Giroto e sua esposa, Rachel Giroto.

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