segunda-feira, 31 de julho de 2017

Como a ciência pode ajudar você a vencer o estresse

A vida moderna não carece de motivos para nos sentirmos pressionados. São as relações pessoais, o celular vibrando, tamanho trânsito para se chegar aos lugares, instabilidade econômica, os rumos que o país tomará, e em última instância o nosso próprio futuro. Se não bastassem tantos estímulos, aquele que mais causa queixas quando o assunto é estresse, é a vida profissional. Nada mais do que compreensível, afinal, é o ambiente em que lidamos não só com a pressão da necessidade de produção e avaliações diretas ou indiretas constantes; também temos de conviver muitas horas com pessoas com quem não escolhemos estar, podemos não concordar com as diretrizes de nosso local de trabalho, e, por vezes, com lideranças autoritárias. No Brasil, segundo levantamento da International Stress Management Association (Associação Internacional de Controle do Estresse), três de cada dez trabalhadores sofrem de esgotamento mental intenso causado pelo ambiente de trabalho.

O termo estresse surgiu em 1936, para se referir à resposta do organismo a qualquer estímulo ambiental que fuja da rotina e, consequentemente, possa ser interpretado como uma ameaça. O psicólogo austro-canadense Hans Selyle (1907-1982) cunhou a nomenclatura enquanto estudava as reações de um grupo de roedores a diversos estímulos. Hoje se sabe que o ser humano é o único animal capaz de produzir o próprio estresse. Advento de nosso córtex cerebral desenvolvido, podemos ser atormentados por qualquer vivência traumática passada, desencadeando gatilhos e ampliando sentimentos de angústia e geradores de estresse. Já que podemos pensar sobre ele e revivê-lo, também podemos conscientemente reverter atitudes mentais que provocam o desconforto. Com base nessa constatação, cientistas argumentam que, por pior que seja o momento, é terapêutico – e muito eficiente – recuperar, ainda que parcialmente, a sensação de autonomia sobre a própria vida. Seis pontos, apresentados a seguir, podem ser fundamentais nesse processo:
1 ACEITAR DÓI MENOS
Uma situação comum em circunstâncias de muita pressão psicológica é “brincarmos de avestruz”. Assim, em vez de ficar nervoso e apenas reclamar, ou seja, “se estressar por causa do estresse”, o mais saudável é simplesmente aceitar as coisas como elas estão. Assumir essa atitude é essencial para manter o foco no que realmente importa naquele momento, sem gastar energia procrastinando o que incomoda. Essa estratégia baseia-se no que alguns psicólogos chamam de terapia do compromisso: ao se comprometer com a questão, a pessoa costuma perceber que aquilo que parece tão assustador ou irritante pode ser olhado de frente e, não raro, se apresentará de forma menos ameaçadora do que parecia visto de longe. Para isso, é preciso suportar permanecer no aqui e agora, em vez prender-se ao passado ou projetar-se no futuro – e, dessa maneira, olhar a situação sob um ângulo diferente.
2 TEMPO DE MUDANÇA
Uma pesquisa desenvolvida pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Organizacional (NCOD), nos Estados Unidos, revelou que uma das queixas mais frequentes de pessoas que se consideram bastante estressadas é a dificuldade de estabelecer prioridades – e impor limites, inclusive a si mesmas. Segundo pesquisadores do NCOD, é curioso que, embora muitas vezes as pessoas defendam arduamente a ideia de que precisam fazer tudo sozinhas, quando começam a alterar seu comportamento, delegando ou recusando tarefas, descobrem que muitas das demandas que antes assumiam não eram de seus chefes ou do próprio ambiente, mas de si mesmas.
3 INSPIRA , EXPIRA…

Observar a própria respiração é um exercício clássico – e bastante eficiente –, base da mindfulness (atenção plena). Praticantes devem familiarizar a mente com o momento presente, sem se apegar a nenhum pensamento, apenas se mantendo no aqui e agora, sem se entregar a pensamentos e julgamentos, ou lutar para afastá-los. Inúmeras pesquisas têm atestado os efeitos positivos da prática para a saúde. Exercícios de relaxamento favorecem a redução da tensão a longo prazo e são acompanhados da diminuição de sensações de medo e dor, funcionando como forma de prevenir sintomas de depressão, além de proteger os sistemas imunológico e cardiovascular.
4 PARAR ANTES DE ADOECER
É uma questão até intuitiva: nos momentos em que nos sentimos sobrecarregados, devemos fazer pausas para repor as energias. Pode ser uma curta pausa para tomar um café com um colega no meio do dia, ou um intervalo para almoçar tranquilamente, por exemplo. Acima de tudo, é preciso nos distanciarmos mental e emocionalmente do trabalho nos momentos de folga para garantir o bem-estar a médio e longo prazo.
5 UM ABRAÇO, POR FAVOR
Um antídoto fácil e comprovado contra o estresse é deixar-se abraçar. Um estudo conduzido por psicólogos e médicos da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, constatou que o estresse e a falta de suporte social influenciam no risco de contrair gripes e resfriados. Voluntários que tinham pouco contato social estavam mais expostos aos vírus – e ficavam mais facilmente com o nariz entupido – sobretudo em ocasiões em que eram submetidos a forte pressão. Já aqueles que se sentiam acolhidos por outras pessoas não eram infectados com tanta frequência, mesmo quando enfrentavam tensões e conflitos pessoais. Uma importante variante do estudo foi o número de abraços que a pessoa recebia durante o dia.
6 AUTONOMIA

O cerceamento da autonomia prejudica muito a saúde física e mental das pessoas, subtrai o entusiasmo e, em última instância, as torna menos produtivas aos olhos da empresa. Permitir que os funcionários e colaboradores tomem decisões sobre como conduzir o próprio trabalho é vital para manter o ambiente saudável. Infelizmente, não é difícil tolher a sensação de liberdade de uma pessoa no ambiente de trabalho. Gestores que estabelecem expectativas irreais para um funcionário ou interferem na comunicação entre colegas contribuem para o enfraquecimento da equipe. Além disso, a falta de diálogo pode deixar os dias de trabalho mais difíceis e imprevisíveis do que o necessário. Quando sentimos que não controlamos o que fazemos, tendemos a nos enxergar como impotentes e ineficazes – o que, em geral, é um equívoco.
ESTRATÉGIAS FLEXÍVEIS
Não existe uma fórmula patenteada contra o estresse. Esse estado não pode ser “curado”, até porque não se trata de um adoecimento, e sim de uma reação que pode causar o adoecimento – e até a morte. O mais indicado é lançar mão de maneiras para aliviar a pressão de acordo com cada situação. Não importa de que forma; nessa hora, é importante tomar a responsabilidade sobre si mesmo e procurar o que faz bem – reavaliar prioridades, enfrentar os medos, recorrer a ajuda psicológica, respirar, buscar pessoas queridas e, quem sabe, pedir colo.
Para conferir a matéria completa, adquira a edição de julho de Mente e Cérebro. Disponível em:
Física:  http://bit.ly/2uOGb3s 
Digital: http://bit.ly/mcappandroid - Android 
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Traçar planos ajuda a mudar hábitos indesejáveis

Tem coisas que fazemos e adoraríamos não repetir, mas qualquer um que já tenha tentado alterar os próprios hábitos sabe que esse não é exatamente um desafio fácil. Atualmente, pesquisadores reconhecem que, do ponto de vista neurológico e comportamental, para ter sucesso em nossos propósitos é necessário muito mais do que boas intenções. O primeiro passo, considerado essencial por psicólogos, é a consciência de que conseguir agir de forma diferente daquela a que estamos acostumados realmente não é fácil. No entanto, entender os motivos de determinados comportamentos ajuda a amenizar as dificuldades inerentes ao processo. “O que torna complicado mudar hábitos é justamente o que os faz tão úteis no dia a dia”, diz a psicóloga e especialista em comportamento Wendy Wood, da Universidade do Sul da Califórnia.  Eles tornam a vida mais fácil e ajudam a ganhar tempo por não termos de pensar, por exemplo, em como colocar os sapatos antes de sair de casa. Só o fato de estarmos em determinado lugar é suficiente para agirmos de determinada maneira – fato que, infelizmente, é igualmente verdade para o que queremos eliminar.
Um experimento realizado por Wood e seus colegas e publicado no Personality and Social Psychology Bulletin demonstra claramente essa realidade. Os pesquisadores distribuíram porções de pipoca fresca e da semana anterior para pessoas que, habitualmente comiam esse alimento no cinema. Os pesquisadores fizeram o teste em vários ambientes e descobriram que embora os voluntários que receberam porções murchas e ressecadas não tivessem gostado, comeram até o final a quantidade que lhes foi oferecida. A boa notícia é que esse padrão se manteve apenas quando estavam assistindo a cenas de filmes na sala de cinema, mas não enquanto assistiam a vídeos de música em uma sala de conferências, onde a mudança de disposição anulou o impulso irracional de comer.
Ou seja: pensar com antecedência em situações potencialmente “perigosas”, que se tornam verdadeiras armadilhas, deixa o cérebro de “sobreaviso”. Por isso, o planejamento diminui os “riscos” e ajuda efetivamente a quebrar hábitos. A pessoa que pretende parar de consumir cafeína, por exemplo, pode encontrar outro caminho para o trabalho que não passe por uma cafeteria.
Esta matéria foi publicada originalmente na edição de julho de Mente e Cérebro, disponível em:

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Um Guia Para Transformar Dificuldades Em Oportunidades (Usado Nos Últimos 2000 anos)

Saber lidar com as dificuldades da vida é, de longe, a habilidade mais importante que você pode desenvolver como ser humano.
Se nós podemos ter certeza de algo, é que lidaremos com desafios e atribulações. Seja uma complicação no trabalho, uma dificuldade no relacionamento ou um problema de saúde, já é certo que iremos passar por isso.
Como, então, encarar os problemas do dia a dia? Que meios dispomos para transformá-los em oportunidades?
Nesse artigo, eu separei um “guia” que discute várias pequenas atitudes utilizadas há milhares de anos para vencer desafios, tanto os pequenos como os grandes. Esse conhecimento já foi utilizado por imperadores, milionários, generais, escravos e pessoas com todos os tipos de dificuldades.
Agora, esse guia está disponível para você. Continue lendo para descobrir e dominar essas habilidades necessárias para lidar com as atribulações da melhor maneira possível e saber como redirecionar a situação a seu favor. Você descobrirá:
  • Como a prática nos momentos tranquilos lhe ajudará nas situações tempestuosas.
  • A importância de seguir um processo e confiar nos juros compostos.
  • A influência do foco na hora de lidar com problemas
  • Como pensar negativamente vai, na realidade, te ajudar
Parece interessante? Vejamos, então.

Todo mundo passa por situações difíceis na vida

Uma colina com gramado
Uma das maiores lições que eu aprendi nos últimos anos é que nunca vou ser 100% feliz na vida. Não é que eu seja uma pessoa pessimista hoje nem que eu tenha sido sonhador antes, mas eu acreditava que, em algum momento, os problemas pelos quais estou passando seriam resolvidos. E eu poderia respirar tranquilo.
Só que a realidade não é essa. Nós temos problemas e sempre os teremos. Podemos lidar com algo hoje, efetivamente resolver aquilo, mas o acaso trará outras dificuldades. E mesmo que não traga, na rara ocasião que não traga, nós estamos sempre mudando como pessoa, então nosso foco muda, possibilitando surgir problemas em lugares que não tínhamos antes.
Veja por exemplo um empresário bilionário, que hoje tem tudo o que o dinheiro pode comprar. Agora ele teme ficar com medo de perder o que possui. Tem medo de ser sequestrado, da família dele estar em perigo.
Ou (e também), agora ele sofre todo dia pelas pessoas que ele não pode ajudar através de suas iniciativas filantrópicas. Todas as crianças morrendo de fome, as mulheres sofrendo violência familiar, tudo que há de errado com o mundo passa a ser seu foco de atenção (e fonte de sofrimento).
Aí você diz: “ah, mas se fosse eu, seria diferente! Se eu tivesse muito dinheiro hoje, poderia resolver isso e aquilo, nem me preocuparia mais”. Não, meu amigo, não seria diferente. A história está aí cheia de exemplos.
A ciência da felicidade também está aí, mostrando como mesmo os ganhadores da loteria voltam ao estado anterior de felicidade geraldepois de alguns meses,  estando à mercê de problemas como todos nós, mortais.
Empresas ruins são destruídas pelas crises. Boas empresas sobrevivem a elas. Empresas excelentes são melhoradas por elas.
— Andy Grove, ex-CEO da Intel
O ponto para uma vida melhor, então, não seria se livrar das dificuldades, mas encontrar uma maneira de lidar com elas. E não apenas isso, encontrar uma maneira de utilizá-las para nosso crescimento.
“Mas isso é mesmo possível? Se esse é o ponto em que você me diz para pensar positivo paro de ler agora”.
Não, nem se preocupe. A maioria dos conselhos que recebemos é sim muito ruim e não prática. A questão não é diminuir o que você está passando ou ignorar a gravidade da situação: é abrir os olhos, enxergar a proporção real do problema, manter-se centrado e agir da melhor maneira possível.
Você pode usar seus desafios como treinamentos para praticar as virtudes que quer desenvolver, como compaixão, autocontrole, honestidade, preparação e muitas outras.
Existe um grupo de pessoas fazendo isso há mais de 2000 anos e você nem vai acreditar quando eu disser quem eles são.

Uma filosofia que nos ajuda a resolver problemas

Rodin's_The_Thinker
Isso mesmo, filósofos. Ao menos, alguns filósofos.
Não importa qual é sua carreira ou seu nível de estudo, aposto como você já teve uma experiência ruim com a filosofia. Talvez na escola, quando teve que memorizar um monte de conceitos inúteis para o vestibular. Talvez na vida, quando no meio de uma discussão um amigo começou a “filosofar” discutindo coisas como o significado de uma palavra ou outros conceitos inúteis.
Eu sei, filosofia tem uma péssima imagem com o cidadão comum e não é para menos.
Porém, por mais incrível que pareça, há uma escola filosófica bastante útil, voltada para as dificuldades humanas na vida diária. Uma filosofia que surgiu para ajudar os homens a viverem melhor e não perder o contato da realidade com discussões sem sentido. Desse grupo, um dos maiores ícones certa vez disse:
Devo te dizer o que a filosofia oferece à humanidade? Conselho. Uma pessoa está encarando a morte, outra é aborrecida pela pobreza, enquanto outra é atormentada pela riqueza… Todos os homens estão esticando as mãos deles para você de todas as direções. Vidas que foram arruinadas, vidas que estão a caminho da ruína estão apelando por alguma ajuda. É para você que eles se viram em busca de esperança e assistência.
Essa corrente de pensadores, inclusive, não é muito benquista em sala de aula, já que seus tratados normalmente são escritos em linguagem clara e direta, sem abrir muita margem para interpretação e devaneios professorais.
Quem são eles e o que propuseram para nos ajudar a viver a vida?

O Estoicismo e a superação de obstáculos

A filosofia não visa a assegurar qualquer coisa externa ao homem. Isso seria admitir algo que está além de seu próprio objeto. Pois assim como o material do carpinteiro é a madeira, e o do estatuário é o bronze, a matéria-prima da arte de viver é a própria vida de cada pessoa.
— Epíteto
O Estoicismo é uma escola filosófica fundada por Zeno durante o período Helenístico, mas cujas bases foram desenvolvidas e escritas por seus sucessores, especialmente Chrysippus.
Eu poderia começar dando uma visão geral da escola filosófica, suas crenças e o que compartilhava de conhecimento, mas não farei isso. Esse é o modo com o qual você está acostumado a ler sobre filosofia e não quero despertar antigos traumas. Vou me abster de fornecer detalhes a respeito da escola (algo que posso fazer em outro momento).
Avancemos alguns séculos depois de seu surgimento, chegando à Roma Imperial. Foi lá que o estoicismo assumiu o espírito de conhecimento prático, voltado para auxiliar o homem a viver sua vida.
Talvez o maior expoente da escola viveu nesse época: Sêneca.
Um dos livros mais fascinantes talvez já escrito é o Cartas a Lucílio(Letters from a Stoic), do Sêneca . Composto por um conjunto de cartas escritas pelo Sêneca a seus amigos, enquanto vivia em um retiro autoimposto, ele fazia o que acreditava ser dever dos filósofos: dar conselhos sobre como atravessar adversidades, seja a morte de um parente, problemas no trabalho ou dificuldades financeiras, e sobre como viver melhor a vida.
Por exemplo, em um de meus trechos favoritos, ele fala ao amigo a respeito de viagens:
Como pode uma mudança de ambiente para o exterior e se tornar familiarizado com cenas e cidades estrangeiras ser de qualquer ajuda? Toda aquela movimentação acontece de ser bem inútil. E se você quer saber por que todo esse escape não pode te ajudar, a resposta é simplesmente essa: você está fugindo em sua própria companhia. Você tem que descarregar o peso em seu espírito. Até que você faça isso, nenhum lugar irá satisfazer você.
— Sêneca
Ler esta obra é uma experiência quase tão boa quanto ter um conselheiro de nível mundial compartilhando as experiências dele com você sobre como encarar o dia a dia. Um pouco do que Alexandre o Grande sentiu ao ser educado por Aristóteles. Um pouco do que o próprio Nero sentiu ao ter Sêneca à disposição dele.
Outros expoentes brilhantes incluem Epíteto, Cícero (famoso orador) e Marco Aurélio (o último dos grandes imperadores romanos).
O estoicismo sugere o desenvolvimento do autocontrole e da firmeza como um meio de superar emoções destrutivas. Também enfatiza a necessidade da melhoria ética do indivíduo e como seu bem-estar está relacionado com a prática de virtudes. Eu gosto especialmente desse ponto, já que se conecta bem com nossa busca por crescimento pessoal e automaestria.
Como esse post não é sobre o estoicismo per se, passemos para o enfrentamento das dificuldades.
O que o Estoicismo, que costuma pregar que usemos os obstáculos como oportunidades de prática para o cultivo de nossas virtudes, tem a dizer sobre um chefe ruim? Ou um problema de saúde na família? Ou sobre o sofrimento de uma falência financeira?

Entendendo a origem do guia

estátua de marco aurélio
Esta citação, extraída do livro Meditações, do Marco Aurelio, sumariza o passo a passo que vamos discutir a seguir:
Julgamento objetivo, agora nesse momento. Ação não egoísta, agora nesse momento. Aceitação voluntária, agora nesse momento, de todos os eventos externos. Isto é tudo o que você precisa.
Para lhe ajudar a colocar as coisas em perspectiva, deixe-me contar um pouco sobre Marco e seu livro.
Imagine ser a pessoa mais poderosa do mundo. Você assumiu o trono de um Império que abarca praticamente todo o mundo conhecido e é reverenciado como um Deus ainda vivo. Pode fazer qualquer coisa que você queira sem ninguém para dizer o contrário. Riquezas virtualmente ilimitadas.
Nesse cenário, o que você faz?
Marco Aurélio sentava todas as noites para escrever lembretes para si mesmo a respeito da importância de ser alguém virtuoso e da própria mortalidade.
Dá para acreditar? Nós estamos falando aqui do homem mais poderoso do mundo, alguém com poder e riquezas ilimitados, dando importância para virtude e dignidade.
Sabemos de tudo isso através do acesso ao conjunto de algumas das notas pessoais que ele escreveu, que foram achadas mais tarde e organizadas no livro Meditações. Não há indícios históricos certos sobre quando tais notas tenham sido escritas nem quem as tenha compilado, mas a história agradece.
É uma mistura de diário e coletânea de lembretes para si mesmo que Marco nunca sonhou que seria publicada, o que nos dá acesso à mente dele, mais especificamente, à pessoa que ele estava tentando se tornar. Há lembretes recorrentes sobre a transitoriedade da vida e mesmo algumas passagens mundanas como “não se irritar pelo mal cheiro de algumas pessoas”.
Uma das passagens mais significativas, a que abre essa seção, sumariza bem a disciplina estoica de enfrentamento de problemas e desafios: “julgamento objetivo”, “ação não egoísta” e “aceitação voluntária”.

1. Percepção

Monge em jornada espiritual

Coloque os nervos no lugar

Gostaria de ter um grande império? Governe a si mesmo.
— Publius Syrus
No filme Capitão América, há uma cena interessante, embora não o tenha assistido. Um oficial joga uma granada em um campo de treinamento, quando o pelotão do jovem que se tornará o Capitão América está praticando.
Ao ouvir “granada!”, os soldados correm em todas as direções e se dispersam, mas o futuro Capitão América corre em direção à granada e a cobre com seu corpo. A ideia que eles tentam transmitir é de heroísmo e sacrifício, mas há outra coisa que chama atenção: reação imediata diante do perigo.
Na vida real, uma cena como essa aconteceu. Mais ou menos. Ulysses S. Grant foi comandante americano das tropas nortistas durante a Guerra Civil. Em certa ocasião, quando um navio a vapor explodiu ao ser descarregado, todos os soldados foram vistos correndo para longe da cena, enquanto Ulysses corria em direção à explosão, a fim de fornecer os primeiros socorros necessários o mais rápido possível.
Isso que é ter os nervos no lugar, cabeça fria sob qualquer situação.
Ser calmo em momentos tensos é uma questão de prática, não algo com que você nasce. Todo dia, nas menores situações, quando não há nada absurdamente ruim acontecendo com você e o controle da situação está sob suas mãos, como você reage: controla seus nervos e mantém a cabeça fria ou explode e pragueja aos quatro ventos?
Quando alguém corta você no trânsito. Quando você leva uma topada dolorosa. Quando esquece a carteira em casa. Como você reage a uma situação é como você reagirá a todas as situações. Pratique o autocontrole e manter a cabeça fria em situações corriqueiras e eles estarão a sua disposição quando você precisar.

Pratique objetividade

Não deixe a força de uma impressão quando acerta você derrubá-lo no chão; apenas diga para ela: espere o momento; deixe-me ver quem você é e o que você representa. Deixe-me colocar você em teste.
— Epíteto
O cérebro humano é prone à ação, talvez até demais. Nosso “hardware” está adaptado a uma vida perigosa e cheia de mistérios na savana, onde um segundo a mais de reação significava a morte. Hoje, raramente passamos por situações tão perigosas quanto; há muito mais stress do que perigo real.
Só que alguns milhares de anos é pouco tempo na escala evolutiva para que tenhamos nos adaptado ao novo cenário. Resultado: hardware antigo, mundo novo. Uma das maneiras pelas quais somos inclinados à ação é que há muito pouco espaço entre percepção e julgamento.
O cérebro recebe informações do mundo exterior e já vai processando para minimizar nosso tempo de resposta (o que ele aprendeu que poderia salvar nossas vidas). O processo é tão sutil que nem percebemos quando estamos fazendo julgamento de situações ao invés de entendermos objetivamente o que está passando.
Caso sua vida não esteja em perigo (como estaria numa floresta), você vai melhorar suas ações se coletar informações primeiro, no momento da impressão, e processá-las, realizando julgamentos, mais tarde, com a cabeça mais fria.
É aí que está a vantagem de quem tenta ser objetivo: não se trata de desconsiderar o quão ruim é sua situação (ser despedido, por exemplo), mas de refutar esse julgamento que foi feito em um momento atribulado (medo de morrer de fome nas ruas).
Quando você pratica ser objetivo, ver as coisas pelo que elas realmente são, lutando contra nossa tendência natural de julgar o que aconteceu, verá que raramente há motivo para pânico. Aquilo ali, na sua frente, não é uma situação de vida ou morte, mas um obstáculo que você precisa de criatividade para resolver.

Foque no que está sob seu controle

Na vida, nossa primeira obrigação é esta, dividir e distinguir coisas em duas categorias: externas eu não posso controlar, mas as escolhas que eu faço em relação a elas eu controlo. Onde eu vou encontrar o bom e o ruim? Em minhas escolhas.
— Epíteto
Em planejamento pessoal, há uma diferença entre objetivos baseados em resultados e objetivos baseados em processo. O primeiro tipo, como o nome sugere, faz o julgamento sobre o sucesso ou fracasso da iniciativa depender exclusivamente do resultado. Por exemplo, pensar para si mesmo “eu vou passar no concurso do MPF do primeiro semestre do ano que vem” é um objetivo focado no resultado.
Por outro lado, com objetivos focados no processo, a única coisa que importa é se você está fazendo sua parte todo dia. Ao invés de pensar na aprovação do concurso, pensar em “estudar 2h por dia de específicas e 2h/dia do básico até chegar lá”.
O primeiro tipo, focado em resultado, é perigoso pois depende de coisas que não estão sob seu controle. Afinal de contas, estar preparado é algo que você pode fazer. Garantir que você vai fazer uma boa prova? Bem, você pode adoecer no dia, o carro pode quebrar, você pode perder o documento, pode ser assaltado, enfim, há infinitas coisas fora de seu controle. Você não pode influenciá-las, então por que fingir que pode?
O foco de sua ação deve repousar sobre aquilo que está sob seu alcance. Isso é válido na hora de definir metas e na hora de enfrentar os desafios da vida. O que você pode fazer agora para lidar com a situação?
O que depende dos outros ou do acaso não é computado. Tudo aquilo que está sob seu alcance são possibilidades a serem consideradas: manter o autocontrole, garantir que o problema não piore, convocar ajuda para lidar com o problema… Os caminhos são vários uma vez que você foca em ações processuais que dependem apenas de você.

2. Ação

Homens correndo no campo coberto de neve

Pratique persistência

Ele diz que o melhor caminho é sempre atravessando a situação e eu concordo com isso, ou na medida que eu não consigo ver outro caminho além de atravessando
— Robert Frost
Recentemente eu li uma entrevista realizada com um almirante norte-americano aposentado, que chegou ao mais alto cargo de comando depois de passar a vida como um SEAL (tropa de elite equivalente ao topo dos fuzileiros navais).
Ao ser perguntado sobre o que separava as pessoas que passavam pelo rigoroso treinamento para entrar no grupo daquelas que desistiam, a resposta foi simples: “se você quer passar pelo treinamento dos SEAL, você não pode desistir.”
Um pouco óbvio, claro, mas ele explica. Ao analisarem o histórico das pessoas que desistiam, algo notável foi descoberto: eles não largavam em meio a uma tarefa excruciante ou uma rotina de exercícios pesada demais; eles desistiam durante o café da manhã ou durante o almoço.
Em outras palavras, a causa de desistência mais comum era a antecipação do sofrimento, não o sofrimento em si. O medo do que viria a acontecer retirava do treinamento mesmo os candidatos mais bem preparados para uma das profissões mais difíceis existentes.
Será que não fazemos isso na vida?
Dois pensamentos que mantenho bem perto de mim: as coisas são difíceis e “se eu continuar pedalando, nunca vou cair“. Eles me empoderam de maneira incrível a não jogar a toalha. Afinal de contas, se a situação que estou passando está difícil, bem, é dentro do esperado, porque desafios são supostamente difíceis. E está a meu alcance decidir largar ou não, por isso escolho sempre me mover a fim de atravessar a tempestade.
Pense a respeito. Decida um curso de ação e persista nele independente do desencorajamento ou das provações que você passe. Lembre-se: é ok se sentir desencorajado, não é ok desistir.

Siga o processo

Under the comb, the tangle and the straight path are the same.
— Heraclitus
Há um poder incrível em fazer algo todos os dias. Não é muito visível ao olhos, já que a rotina naturalmente nos puxa uma sequência de dias mais ou menos repetitivos, o que dá a impressão de que nada está acontecendo. Mas está.
Pedro Sorren, um dos únicos blogs que acompanhava de perto (antes dele largar), tem um lema interessantíssimo: seja 1% melhor a cada dia. Só isso. Não tente mudanças radicais nem foque em alterações bruscas; concentre-se em ficar só um pouco melhor do que ontem, mesmo que pouquíssimo (1%!).
O que acontece ao longo do tempo?
Bem, se você já teve problemas com cartão de crédito, conhece bem o poder dos juros compostos.
1% melhor a cada dia representa 3700% melhor ao final de um anoConsegue imaginar isso? Com um esforço pequeno, mas diário, você crescerá 37x em relação a onde começou. Uma explosão de desenvolvimento.
É justamente no processo que você deve focar sua persistência. Refletiu e definiu o caminho a seguir? Transformou a jornada em um processo? Agora, fique com ele e não largue por nada. Mais cedo ou mais tarde, os resultados vão aparecer, invariavelmente.
Como meu antigo mestre de Tae Kwon Do dizia, mais ou menos assim: “Só perdem aqueles que desistem. Não importa o quão ruim você se ache, no final das contas, você só vai perder se desistir. Persistindo, você vai ficar bom, isso eu garanto”.

Canalize sua energia

Quando abalado, inevitavelmente, pelas circunstâncias, reverta de uma vez para si mesmo e não perca o ritmo mais do que você pode evitar. Você terá uma melhor compreensão da harmonia, se você continuar voltando àquilo.
— Marco Aurélio
Quando algo desafiador acontece, você não pode se dar ao luxo de se distrair. Distração é igual à dissipação de energia, o que vai diminuir as chances de você seguir o processo de modo satisfatório e começar a mudar a situação.
Toda essa sensação borbulhando dentro de você, toda essa energia potencial, precisa ser canalizada a fim de gerar mais resultados.
Pegue o exemplo dos negros no período da reintegração à sociedade. Quando finalmente foram aceitos para praticarem alguns esportes, eram restritos de modo amplo e injusto, apenas por causa da cor da pele. Eles não podiam comemorar, reclamar das injustiças dos árbitros ou demonstrar emoções de modo geral.
Quem realmente queria praticar o esporte, o que fazia? Desistia por causa da injustiça e dificuldade? Não, eles praticavam, seguiam um processo para contornar essas dificuldades.
Arthur Ashe, tremendo jogador de tênis durante o período de segregação americana (década de 50 e 60), fez suas emoções torná-lo mais próximo da água: o controle que possuía sobre si mesmo permitia uma fluidez tremenda nos movimentos, o que impressionava até aos comentaristas.
O boxer Joe Luis, por sua vez, ia além da fluidez e conseguia assustar seus oponentes com o controle que possuía. É um fato conhecido que ele quebrava a vontade do adversário competir quando, mesmo depois de vários rounds de uma luta sangrenta, um sorriso aberto de satisfação não saía do rosto dele.
Aqui no Brasil também, temos um bom exemplo no futebol. Ao começaram a ser aceitos como jogadores, os negros eram submetidos a pesadas limitações, já que existiam “dois pesos, duas medidas” para os juízes, que marcavam faltas inexistentes sobre os brancos, mas nunca sobre negros.
Como estes lidaram com a opressão? Canalizando-a em criatividade.
Uma das hipóteses mais bem aceitas atualmente diz que os brasileiros negros inventaram os dribles do futebol, pois não podiam encostar em jogadores brancos nas partidas. É dito que eles importaram movimentos do samba para tanto. 
Domingos da Guia, jogador da seleção brasileira de 1938, disse em entrevista:
Ainda garoto eu tinha medo de jogar futebol, porque vi muitas vezes jogador negro, lá em Bangu, apanhar em campo, só porque fazia uma falta, nem isso às vezes (…) Meu irmão mais velho me dizia: “Malandro é o gato que sempre cai de pé… Tu não é bom de baile?” Eu era bom de baile mesmo, e isso me ajudou em campo… Eu gingava muito… O tal do drible curto eu inventei imitando o miudinho, aquele tipo de samba. (Domingos da Guia, vídeo Núcleo/UERJ, 1995).
Esses foram homens que pegaram as limitações que possuíam e transformaram em vantagens, ao canalizarem suas energias.

3. Will (~vontade)

fogueira

Construa sua fortaleza interior

Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.
— Provérbios 24:10
Imagine um castelo impenetrável. Resistente a todos os tipos de ataque, em qualquer direção. Construa esse castelo. Refugie-se nele em momentos turbulentos.
Não se trata de se esconder da situação tornando-se alguém introspectivo, mas de ter uma estrutura mental estabelecida e que não seja abalada pelas dificuldades.
Essa fortaleza é construída aos poucos, ao você praticar manter a cabeça fria, desenvolver uma perspectiva objetiva e agir de modo correto nos momentos de tranquilidade, com os pequenos incômodos do dia a dia.
Alguém te cortou no trânsito? Você recebeu uma bronca desmerecida do chefe? Como você reage a pequenas inconveniências: ventilando sua raiva e saindo de seu balanço ou com tranquilidade e com uma boa atitude?

Pense negativamente

Nada acontece a um homem sábio contra suas expectativas, nem todas as coisas acontecem para ele como ele desejava, mas como ele achava – e acima de tudo ele achava que algo poderia bloquear seus planos
— Sêneca
Todo mundo fala das maravilhas de se pensar positivo. “Vai dar tudo certo, nem se preocupe” é o que um amigo seu bem intencionado fala quando está tentando motivar você. “Eu preciso confiar que vai correr tudo bem”, você pensa.
Sabemos, contudo, que a realidade não funciona dessa maneira. Quantas vezes na sua vida as coisas “deram tudo certo”?
Os estoicos têm um exercício fantástico em relação a isso, chamado premeditatio malorum (premeditação dos males).
Um escritor como Sêneca começava revisando ou repassando seus planos, digamos, para viajar. E ele iria, mentalmente, passando por todas as coisas que poderiam dar errado ou prevenir que o plano acontecesse: uma tempestade poderia chegar, o capitão poderia adoecer, o navio poderia ser atacado por piratas.
— Ryan Holiday
A ideia dessa prática é pensar tão negativamente para se preparar para o pior que você acaba sendo mais negativo do que a pior alternativa possível, de modo que as coisas acontecem de um modo melhor que sua imaginação conseguiu prever.
É um certo tipo de negativismo, não aquele em que nos fazemos de vítima do “universo” e cultivamos sentimentos negativos sem motivo claro. Não. Esse negativismo estoico, que podemos simplesmente chamar de antecipação, se trata de reconhecer o fator acaso em nossas vidas e nos preparar para que, mesmo se o acaso agir, estejamos prontos para contorná-lo e fazer nossa intenção original acontecer.

Medite sobre sua mortalidade

Nenhum homem é mais frágil que o outro, nenhum tem assegurado o dia seguinte.
— Sêneca
Você vai morrerA menos que eu consiga impedir, você e eu vamos todos morrer. Esse é um pensamento bem assustador, mas que não pode ser jogado para os cantos obscuros da mente, porque senão perdemos a noção das coisas.
Esse é um grande poder de pensar sobre a morte: ajuda a colocar as coisas em perspectivas. Quando você leva em consideração que nem pode estar vivo amanhã, será que o término de um relacionamento é tão ruim assim? Ou perder o emprego é o fim do mundo?
Indo em contrapartida com o conhecimento popular, ter uma experiência de quase morte não nos faz automaticamente apreciar a vida e não nos preocupar com coisas pequenas. Eu tive uma experiência dessas a alguns anos e continuo perdendo a morte de vista, ainda perco tempo em discussões bobas ou me preocupo com o que os outros pensam de mim.
O que realmente me ajuda, no entanto, é pensar frequentemente, talvez uma vez por dia, sobre a morte.
Se você só olha para baixo, não consegue ver o horizonte. Se você só olha para o horizonte, não consegue ver as estrelas. Se você olha para as estrelas e entende nosso posicionamento na galáxia, que por sua vez é apenas um grão de areia no universo inteiro, aí sim, você está com a perspectiva correta.
O mesmo se dá com nossos desafios diários; é o equivalente de estarmos enxergando o chão. Olhe para cima, veja as estrelas! Olhe para si mesmo, enxergue a morte.
Para começar a despojá-la de sua vantagem maior de que dispõe contra nós, tomemos o caminho inverso ao habitual. Tiremos dela o que tem de estranho; pratiquemo-la, habituemo-nos a ela, não pensemos em outra coisa; tenhamo-la a todo instante presente em nosso pensamento e sob todas as suas formas.
— Montaigne

“É, quero ver você agir assim quando [insira algo terrível] acontecer com você”

Eu vou admitir: escrevi esse texto com motivos egoístas. Aliás, boa parte desse projeto é com motivos egoístas.
Afinal de contas, ao escrever esse artigo, meu objetivo foi ter um lembrete constante de como lidar com meus próprios problemas. Assim como você, tenho problemas de relacionamento, problemas pessoais, de família, de saúde, etc.
Todo mundo passa por desafios. Por isso, é bom deixar sempre clara uma passagem que esclarece muito bem o objetivo da minha escrita.
Não, eu não sou tão sem vergonha para sair tratando as pessoas quando eu mesmo estou doente. Estou falando com você como se eu estivesse deitado na mesma cama de hospital, sobre uma doença da qual nós dois estamos sofrendo, passando adiante alguns remédios. Então me ouça como se eu estivesse falando para mim mesmo. Eu estou permitindo que você acesse meu lado interior, te chamando para a conversa enquanto eu aconselho a mim mesmo.
— Sêneca
Tendo isso em mente, eu posso dizer que sim, podemos transformar nossos problemas em oportunidades. Coisas ruins acontecem comigo e sempre me volto a esse guia, especialmente a uma frase que um amigo me disse durante um período meio obscuro: “tente passar por isso com a atitude certa“.
Qual é a atitude certa para lidar com problemas e dificuldades? Ter em mente que
  1. esse não é o primeiro nem vai ser o último.
  2. você vai morrer logo, logo.
  3. o desafio pode ser usado como uma oportunidade.
Se você não encontrar outra alternativa usando as ideias transmitidas aqui, ao menos o problema agora, que está na sua frente, será uma excelente oportunidade para praticar as virtudes que você quer desenvolver: cabeça fria, ter os recursos certos, visão objetiva e outros pontos que discutimos aqui.
Vou repetir porque é um pensamento poderoso e é essencial que você se lembre disso: se você der sorte e viver bastante tempo, precisará lidar com muitos problemas. A melhor coisa que você pode fazer ao lidar com um problema hoje é desenvolver habilidades que lhe ajudarão a lidar com os problemas futuros.
A vida é sempre assim. Um treinamento para o próximo treinamento para o próximo treinamento. O importante é continuar crescendo.

Concluindo e Recapitulando

Agora você está armado de um conhecimento milenar, que os homens têm aperfeiçoado para lidar com os problemas que surgem na vida. O que lhe traz uma escolha: quando a dificuldade chegar (sim, ela vai), você pode ceder ao momento e se render à situação ou você pode manter a cabeça fria e encarar tudo com a atitude certa.
É válido ressaltar, no entanto, que pouco resultado virá se você recorrer a esse conhecimento apenas nos momentos de tempestade. Isso seria equivalente ao “mantenha a cabeça fria, veja o lado bom das coisas” que muitos livros de autoajuda recomendam, mas você e eu sabemos que não funciona.
Por que não? Porque tudo se trata de prática. Se você não praticou nos momentos mais amenos a manter os nervos no lugar, ser objetivo e focar no que pode fazer, como espera ser capaz de fazê-lo nos momentos de pressão?
A verdadeira arte está em enxergar cada obstáculo como uma oportunidade de crescimento, fazendo uso das adversidades para sua vantagem. Quanto mais praticamos, melhor ficamos nisso.
Por isso, gostaria de pedir para que você compartilhe esse artigo. Esse conhecimento, baseado no livro The Obstacle Is The Way, do Ryan Holiday, me ajudou bastante em momentos atribulados desse ano. Espero que ele possa fazer a diferença na vida de ao menos mais uma pessoa que esteja precisando.
Revisando rapidamente, os 9 pontos do guia:
  • Coloque os nervos no lugar
  • Pratique objetividade
  • Foque no que está sob seu controle
  • Pratique persistência
  • Siga o processo
  • Canalize sua energia
  • Construa sua fortaleza interior
  • Pense negativamente
  • Medite sobre sua mortalidade
E o trecho mais poderoso do livo Meditações para resumir toda nossa conversa de hoje.
Nossas ações podem estar impedidas, mas não pode haver impedimento para nossas intenções ou disposições. Porque nós podemos nos acomodar e nos adaptar. A mente adapta e converte para seus próprios propósitos o obstáculo em nossa ação. O impedimento à ação avança a ação. O que permanece no caminho, se torna o caminho.
— Marco Aurélio
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Até a próxima!

O poder de vencer os obstáculos está em você


Mulher com barco nos cabelos
Vivemos uma vida em que nos condicionam socialmente a olhar unicamente o lado negativo, as barreiras que nos impedem de ver mais além. Barreiras que, para serem superadas, pedem um aprendizado excepcional e de caráter. Possivelmente na sua vida, como na minha, você esteja apenas se concentrando em buscar soluções. E muitas vezes alheias a você, não é mesmo?
A questão é que quando tentamos superar estes obstáculos, não confiamos tanto no que somos como pessoas, como seres humanos. Não acreditamos ter as ferramentas e opções corretas das quais precisamos para arrumar essa situação, as quais estão no seu interior, no seu coração. A falha? Você não confia no seu poder, no seu enorme potencial nato interior.
Na hora de resolver problemas, costumamos deixar de lado a nossa pessoa. Procuramos continuamente melhorar seguindo outros que marcam o nosso entorno, sem ouvir a nós mesmos. E no fim, nos transformamos em copias de nós mesmos. Procuramos também parecer com os nossos ídolos e modelos de pessoas, acreditando que estes representam e têm o que não temos. O que irá nos fazer felizes
meditar

Você tem tudo que é necessário para se superar

Por que esta filosofia é um erro? Porque a pessoa que você deveria querer imitar é você mesma. E simplesmente procurar melhorar e ampliar a sua essência, o seu potencial como ser humano. A vida nos coloca os obstáculos para nos superarmos e termos a oportunidade de perceber de uma vez por todas que temos tudo que é necessário para confiar em nós mesmos.
Somos diferentes, e portanto cada um de nós solucionará o mesmo problema de forma diferente. É bom e saudável ter referências, inspirações e mestres de vida dos quais tirar o que for adequado para a sua pessoa, mas nunca se esquecer de si mesmo para ser igual a eles. O melhor é focar em si mesmo e evitar as comparações.
Na minha vida aprendi que a chave para conseguir me superar e quebrar qualquer barreira presente no meu dia a dia é me conhecer, saber quem sou, aprender a descobrir meus talentos natos e saber usá-los ao máximo. Aceitar os meus defeitos, honrá-los e entender que não sou perfeito. E se eu não souber solucionar um desses problemas, terei que ser suficientemente humilde para pedir ajuda.
vencer-os-obstáculos
Cada um de nós, inclusive você, é um ser extraordinário. Só que você ainda não se deteve para “desejar com o coração” e dar o primeiro passo. Recupere a confiança em você mesmo. Você é uma pessoa capaz e cheia de talento vital; é preciso realizar a aventura da vida.

Quais são os principais ingredientes para acreditar em você?

Humildade e atitude. Saber o que você quer e por que o quer. Encontrar aquilo que define você como um ser humano único e diferente. Isso que pode significar a sua meta final. Em vez de se preocupar em excesso com as dificuldades e os obstáculos na sua vida, detenha-se para compreender as suas qualidades e aumentar a sua própria visão.
Agarre o que define você e potencialize-o. Não permita que os pensamentos negativos se interponham no seu caminho de ser o melhor eu que você pode ser; aquele que tem a solução e o poder de superar qualquer obstáculo que desejar.