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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Por que o Brasil não pune corrupção privada

José Maria Marin caminha em calçada de Nova York. Um microfone da imprensa no canto da foto.

EX-PRESIDENTE DA CBF, FOI RETOMADO EM NOVA YORK Dois ex-dirigentes de peso do esporte brasileiro estão se defendendo na Justiça estrangeira de acusações de participação em esquemas criminosos: José Maria Marin, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Um caso envolve a Justiça dos Estados Unidos, e outro, a da França. Em ambos há suspeitas de que os dirigentes participaram de pagamentos de propina, mas as defesas de Marin e Nuzman se esquivam das acusações de corrupção privada, estranha à legislação brasileira. O que diz a lei brasileira A corrupção privada não está tipificada no Código Penal Brasileiro. Em outras palavras, não é crime. Ou seja, se, por exemplo, um empresário paga propina a outro empresário a fim de facilitar contratos ou negócios, ele não está cometendo crime. A CBF e o COB são entidades privadas. A lei brasileira estabelece que o crime de corrupção existe somente contra a administração pública, envolvendo algum agente público. Isso inclui chefes do Executivo, parlamentares, ministros, empresários que atentem contra o dinheiro público, diretores de empresas estatais, entre outros. Um projeto de lei que inclui o crime de corrupção privada no Código Penal está tramitando no Congresso. A proposta está parada no Senado desde dezembro de 2016, no aguardo de um relator na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Para valer, o projeto ainda teria que passar na votação da comissão e depois ser aprovado no plenário do Senado e no plenário da Câmara. Esse projeto de lei foi apresentado pela CPI do Futebol, que investigou justamente a CBF, dirigentes e contratos da instituição. A comissão de inquérito no Senado terminou em dezembro de 2016, sem nenhum pedido formal de indiciamento. O projeto do Novo Código Penal, apresentado em 2012, institui a corrupção privada, chamando-a de “corrupção entre particulares”. Ele também está tramitando na CCJ do Senado. O Código Penal atual data de 1940, embora tenha recebido diversas modificações ao longo das décadas. O caso da CBF O julgamento de Marin foi retomado nesta segunda-feira (13), em Nova York. Ele é acusado pela Justiça americana de fraude, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Uma das suspeitas é que Marin recebia dinheiro e, em troca, facilitava que determinadas empresas de marketing esportivo fechassem contratos com a CBF e fossem favorecidas na transmissão de campeonatos como a Copa Libertadores e a Copa do Brasil. Nos Estados Unidos, corrupção privada é crime. Um dos argumentos da defesa de Marin é que esse crime não existe no Brasil, portanto não pode ser julgado por ele. Nos últimos anos os Estados Unidos passaram a investigar esquemas internacionais de corrupção na Fifa (Federação Internacional de Futebol) e entre os dirigentes do esporte, pois os suspeitos estariam usando o sistema financeiro americano e envolvendo também o futebol do país, portanto seria um assunto para a Justiça dos EUA atuar. Marin e outros sete dirigentes do futebol mundial foram detidos em maio de 2015, quando estavam na Suíça, e desde novembro daquele ano o brasileiro está em prisão domiciliar em seu apartamento em Nova York. Também são acusados no mesmo processo Ricardo Teixeira, chefe da CBF por 23 anos e antecessor de Marin, e Marco Polo Del Nero, atual presidente da confederação. Os dois estão no Brasil, que não extradita cidadãos brasileiros para julgamentos em outros países. Teixeira também é acusado de receber propina milionária para fechar um contrato da Nike com a seleção brasileira em 1996. Marin, Teixeira e Del Nero negam as acusações. Os dois últimos deixaram de viajar para o exterior, onde podem ser detidos. O caso do COB FOTO: BRUNO KELLY/REUTERS - 20.10.2017 NUZMAN FOI SOLTO EM 20 DE OUTUBRO, APÓS FICAR 15 DIAS PRESO Nuzman também usa o argumento de que corrupção privada não é crime no Brasil a fim de se esquivar das acusações de que esteve envolvido em um esquema de compra de votos para o Rio de Janeiro ser eleito sede olímpica pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), em 2009. No caso, a Justiça brasileira trabalha em conjunto com a Justiça francesa. Na França, como em boa parte dos países europeus, corrupção privada é crime. Nuzman deixou o cargo depois de ser preso, em outubro de 2017, após 22 anos chefiando a instituição. Segundo a investigação, foi feito um pagamento de US$ 2 milhões pelo empresário brasileiro Arthur Soares ao senegalês Lamine Diack, então principal dirigente do atletismo mundial. Em referência à acusação de corrupção privada pela Justiça francesa, a defesa de Nuzman declarou que “não se pode prestar vassalagem a pretensões alienígenas” e que o Brasil “não é colônia nem possessão francesa”. Portanto, estando em solo nacional, Nuzman não poderia ser alvo dessa acusação. Ao contrário do caso da CBF, no qual o processo corre apenas no exterior, o esquema envolvendo Nuzman tem a participação da Justiça brasileira. O Ministério Público denunciou o ex-presidente do COB por organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção passiva. Essa última acusação se baseia no envolvimento de Sérgio Cabral (PMDB), então governador do Rio de Janeiro e, portanto, um agente público, na suspeita de compra de voto. Nuzman nega as acusações e cumpre medidas cautelares, depois de ter ficado 15 dias preso. ‘É uma lacuna normativa’ O Nexo perguntou a Alamiro Velludo Salvador Netto, professor de direito penal da USP (Universidade de São Paulo), quais as razões para a corrupção privada não ser um crime previsto na legislação brasileira. Por que a corrupção privada não é crime no Brasil? ALAMIRO VELLUDO SALVADOR NETTO É uma razão histórica. Sempre que se falou de corrupção, foi um fenômeno atrelado à administração pública. Em que pese essa palavra, “corrupção” (é uma palavra polissêmica, se fala que um árbitro de futebol é corrupto, por exemplo), juridicamente falando, se trata da relação entre [entes] privados e administração pública. Daí a dicotomia: corrupção ativa, que é a prática do privado, e corrupção passiva, que é a prática do agente público. A partir dos anos 1990, começa a se perceber que muitas empresas passam a assumir — no âmbito da privatização, do estado neoliberal — funções que antes competiam à administração [pública]. Concessionárias de serviço público, empresas que administram áreas que seriam da administração pública. Nesse momento começa a nascer o discurso da corrupção privada. Ou seja, existem determinados ambientes que, em que pese serem privados, se precisa de um controle porque, de certa forma, se atos ilícitos são cometidos, eles atacam uma grande quantidade de pessoas. A partir daí, começamos a ver um crescimento gradual nos países europeus desse discurso [contra a corrupção privada], e a legislação vai assumindo a possibilidade da corrupção privada. No Brasil, ainda não temos algo dessa índole, não há a corrupção privada. Hoje em dia, a grande maioria dos países europeus estabelece a corrupção privada. Casos entendidos como de corrupção privada podem ser enquadrados como crimes previstos no Código Penal? ALAMIRO VELLUDO SALVADOR NETTO A corrupção privada em si é um fato atípico. O que eu poderia imaginar é: um empregado de uma empresa faz uma contratação prejudicial à empresa, com a finalidade de obter alguma vantagem, talvez isso se configuraria como um estelionato, quase uma administração desleal. Mas objetivamente é muito difícil, porque não temos essa modalidade [de corrupção privada]. O ato corrupto que estamos identificando genericamente como corrupção privada é indiferente para o direito penal, é uma lacuna normativa. ESTAVA ERRADO: A versão inicial deste texto informava que Carlos Arthur Nuzman, após ser solto da cadeia, estava cumprindo prisão domiciliar, mas na verdade ele cumpre outras medidas cautelares. O texto foi corrigido às 17h53 do dia 14 de novembro de 2017.

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/11/14/Por-que-o-Brasil-n%C3%A3o-pune-corrup%C3%A7%C3%A3o-privada

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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Placa em frente à Câmara dos Deputados é alterada para 'formação de quadrilha'

BRASÍLIA - Na véspera da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma placa de sinalização de trânsito em frente à Câmara dos Deputados amanheceu nesta segunda-feira, 16, coberta com um adesivo com os dizeres "Formação de quadrilha. Corrupção Ativa. O grande acordo nacional". 

Placa de sinalização de trânsito em frente a Câmara dos Deputados é alterada para
Placa de sinalização em frente ao Congresso Nacional Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

O autor, desconhecido, teve o cuidado de usar a mesma tipologia e o padrão da cor de fundo das placas de sinalização normalmente utilizados em Brasília. 

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Estadão’ mostra o custo da corrupção no Brasil

O Estado de S.Paulo

A platafoResultado de imagem para Direito Tributário e seus conceitos geraisrma digital “De Real para Realidade”, criada pela agência de publicidade FCB Brasil para o Estadão, vai mostrar claramente para os leitores os custos da corrupção para a população brasileira. Ao navegar pelas notícias no site do jornal, por meio de PCs ou de smartphones, os leitores poderão entender o quanto os valores desviados poderiam representar em bens e serviços públicos.
A iniciativa converte, automaticamente, o valor informado nas notícias relacionadas a denúncias de corrupção e mostra o que o dinheiro que foi desviado poderia representar em merenda escolar, medicamentos, ambulâncias e quadras esportivas, entre outros benefícios à população.
A ferramenta do site vai monitorar notícias sobre corrupção que tragam desvios medidos em reais. Nesses textos, cada vez que o consumidor passar o cursor sobre o valor – ou o dedo, no caso da navegação em celular –, a reportagem vai destacar a cifra. Caso o usuário clique nela, ele será redirecionado à plataforma digital “De Real para Realidade”, que exibirá a conversão do desvio em diversos bens.
Em um dos exemplos disponíveis, relativo a um desvio de R$ 316 milhões, a ferramenta mostra que o valor poderia significar 2,25 milhões de vacinas H1N1, 15,8 mil ambulâncias ou 316 metros de linha de metrô. “O objetivo é ajudar a dimensionar como esse dinheiro teria impacto na vida da população. É uma forma de aprofundar o conteúdo que produzimos”, diz Marcelo Moraes, diretor de marketing publicitário do Estadão.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

MAQUIAGEM PETISTA: Sindicalistas defendem delatados na Odebrecht em manifestação

Manifestantes que estão protestando contra as reformas do governo Michel Temer defenderam parlamentares delatados pelos executivos da Odebrecht na Operação Lava Jato.
Representantes de Centrais Sindicais em cima do trio elétrico lembraram dos deputados federais Zeca do PT (PT) e Vander Loubet (PT), mesmo os dois aparecendo nas delações da Odebrecht por terem recebido recursos de Caixa 2. “Vamos abraçar aqueles deputados que estão conosco, Zeca e Vander", falaram no microfone.
Segundo eles, os outros são contra a população. Também vaiaram os deputados federais Carlos Marun (PMDB), Tereza Cristina (PSB), Elizeu Dionizio (PSDB), Geraldo Resende (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) por terem votado favoráveis a reforma trabalhista.
Os deputados federais Vander Loubet (PT) e Zeca do PT tiveram a abertura de processos autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal, após as delações dos executivos da Construtora Odebrecht revelarem doações de campanha e pagamento de propina para diversos políticos do País.

Na Capital, somente políticos ligados ao PT participaram das manifestações


Deputados esperam que greve sensibilize parlamentares
  • Vander disse que protestos são os maiores do país nos últimos tempos (Fotos: Cleber Gellio)
  • Com praticamente todos as legendas implicados em denúncias de corrupção, e o avanço das reformas que retiram direitos trabalhistas, poucos políticos ousam aparecer nos protestos desta sexta-feira (28). Segundo os organizadores, há 50 mil pessoas nas ruas da Capital e aproximadamente 6 quadras da Avenida Afonso Pena estão ocupadas por manifestantes.
    O deputado estadual Amarildo Cruz (PT) esperava uma adesão maior da população. “Não vejo quem não será penalizado (com as reformas). As pessoas não sentem agora, mas vão sentir futuramente”, frisou.

    Para o ex-governador e deputado federal Zeca do PT as manifestações desta sexta-feira (28) podem sensibilizar senadores na análise da reforma trabalhista, já aprovada na Câmara Federal.
    Zeca acredita que o resultado da reforma trabalhista é uma prova que o governo de Michel Temer teve que não vai conseguir aprovar a reforma da previdência na Câmara.
    “Acho que as reformas não vão passar por causa da pressão popular. Quem pediu o impeachment está tomando consciência do que está acontecendo”, destacou o também deputado federal pelo PT, Vander Loubet.
    Ex-candidato ao senado pelo PT e hoje filiado ao PSB, o presidente da Cassems, Ricardo Ayache, defendeu as manifestações e cobrou dos deputados um contato com as reivindicações da população. “O Brasil é sim dos sindicatos e dos trabalhadores brasileiros. Ou o diálogo é aberto (com parlamentares) ou vamos tirá-los, porque o mandato é do povo”, disparou.
    O deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT) disse que está morando há 35 anos morando na Capital e que nunca viu uma manifestação desse porte. “Nem quando os golpistas saíram as ruas para tirar a Dilma”, frisou. Para o pedetista, a a base do governo Temer está com medo da reação do eleitor na análise das reformas, em virtude do pleito de 2018.
    O presidente estadual do PT, Antônio Carlos Biffi, e o deputado estadual petista Pedro Kemp, também estão entre os manifestantes.
    (matéria editada às 11h para acréscimo de informação)

    sexta-feira, 29 de julho de 2016

    A lista da Odebrecht: executivos vão delatar mais de cem políticos

    BRASÍLIA — Nas negociações do acordo de delação premiada, executivos da construtora Odebrecht, entre eles o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, apontaram mais de cem deputados, senadores e ministros, entre outros políticos, como beneficiários diretos de desvios de dinheiro público, ou como recebedores de outras vantagens, como repasses de verba para suas campanhas, por exemplo. Entre os citados há pelo menos dez governadores e ex-governadores, segundo informou ao GLOBO uma fonte ligada às investigações.

    Entre os citados nas negociações preliminares estão o governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB); de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); e de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Não estão claras ainda as circunstâncias em que cada um dos governadores aparece no roteiro das delações. Na lista também constam vários ex-governadores, entre eles Sérgio Cabral (PMDB-RJ). As informações sobre Cabral, que já foi citado por outros delatores, entre eles Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, são consideradas consistentes pelos investigadores.
    Os depoimentos dos executivos da Odebrechet estão previstos para começar hoje, segundo o blog do jornalista Lauro Jardim, do GLOBO. Serão 15 os depoentes.
    Os acordos de delação de Marcelo e de outros diretores da empresa são os mais temidos desde o início da Operação Lava-Jato, há dois anos. Maior empreiteira do país, a Odebrecht tem obras e contratos com a administração pública dos três Poderes, e em praticamente todos os estados do país. Só no ano passado, a empresa faturou mais de R$ 130 bilhões com negócios no Brasil e no exterior.
    Depois de uma primeira etapa complicada, com avanços e recuos, os acordos de delação da Odebrecht estão avançando de forma significativa. Após acertos prévios com advogados, os procuradores estavam até agora conversando com os investigados. Nessas conversas prévias, os réus apresentam as linhas gerais das denúncias a serem feitas, conforme as bases estabelecidas nos entendimentos iniciais entre advogados e o Ministério Público Federal.
    — Foi superada a fase da conversa entre procuradores e advogados. Agora, a conversa é entre procuradores e réus. Nessas conversas eles indicam o que realmente vão dizer — disse uma fonte que acompanha o caso.
    ARQUIVOS DA PROPINA
    As negociações avançaram tanto que ontem era dado como certa a assinatura do acordo de Marcelo e outros executivos. As tratativas evoluíram, sobretudo, depois que advogados da empresa informaram ao Ministério Público Federal que estavam conseguindo recuperar os arquivos eletrônicos do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, destinado a pagar propina a pedido de outras áreas da empresa.
    As provas constantes nesses arquivos são consideradas essenciais para o desfecho das negociações. Procuradores exigiram que os investigados apresentem um quadro claro sobre os repasses de dinheiro de origem ilegal a autoridades. Para eles, não bastava aos executivos simplesmente fazerem menções a pagamentos. Era necessário que as acusações estivessem amparadas em indícios. Procuradores não queriam correr o risco de ouvir relatos importantes, concordar com benefícios penais para os réus e, depois, não terem como denunciar e punir os parlamentares, ministros e governadores acusados.
    Com a disposição de contar mais e apressar a busca de provas, a Odebrecht saiu na frente da construtora OAS, uma de suas principais rivais. É possível que a Odebrecht feche acordo antes da OAS, mas isso não significa que esta empreiteira vá ficar sem um entendimento com o Ministério Público Federal. Está marcada para hoje uma nova rodada de negociação entre advogados da OAS e procuradores, e é possível que o caso ganhe novos desdobramentos.
    NOVA CHANCE PARA LÉO PINHEIRO
    Até ontem, as conversas não vinham sendo nada fáceis para Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. Os procuradores perguntaram a Pinheiro se ele tem conhecimento de alguma irregularidade em setores do Judiciário, especialmente em decisões judiciais que implodiram a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que investiga políticos financiados por caixa dois da Camargo Corrêa. Pinheiro respondeu que não teria fatos novos a revelar sobre o assunto. O problema seria de executivos da Camargo, alvo central da Castelo de Areia, e não da OAS.
    Procuradores também fizeram perguntas a Pinheiro sobre viagens internacionais e palestras do ex-presidente Lula. Queriam saber se haveria vínculos entre as viagens, as palestras e negócios fechados entre a OAS e governos dos países visitados pelo petista. Pinheiro atribuiu ao ex-presidente um papel de relações públicas, mas negou que houvesse correlação direta entre os negócios da empresa e a atuação.
    O executivo teria sido questionado sobre reformas no sítio em Atibaia e num apartamento no Guarujá destinado ao ex-presidente. As respostas do executivo não seriam diferentes do que já foi divulgado até o momento pela empresa em resposta ao noticiário sobre o assunto. Pinheiro reconheceu que fez benfeitorias no sítio e no apartamento, mas não associou os serviços a vantagem obtida pela empresa no governo federal antes ou depois do governo Lula.
    O ex-governador Sérgio Cabral, por intermédio de sua assessoria, “manifestou sua indignação e seu repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude”. Ele afirmou que manteve com a Odebrecht apenas relações institucionais. O governador licenciado Luiz Fernando Pezão não quis comentar, por não detalhes do que está sendo citado nos acordos de delação.
    O governador Geraldo Alckmin informou que todas as suas prestações de contas das campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. “À frente do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin sempre pautou suas ações de forma estritamente profissional na defesa do interesse público com empresários. Geraldo Alckmin não mantém e jamais manteve relações pessoais com executivos da empresa Odebrecht”.
    O governador Pimentel disse, por meio de sua assessoria: “Não vamos comentar uma suposta delação que, se de fato ocorreu, está resguardada pelo sigilo judicial”


    Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/a-lista-da-odebrecht-executivos-vao-delatar-mais-de-cem-politicos-1-19807443#ixzz4FnObWS6V 
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    terça-feira, 19 de julho de 2016

    Após citação de mensalão, vereador usa afastamento de Dilma em defesa

    Chocolate também justificou compra de carros
    O vereador Waldecy Batista Nunes (PTB), popularmente conhecido como Chocolate, apresentou defesa à ação da Coffee Break. Como base de sustentação o advogado comparou a cassação do prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP) ao afastamento da presidente da República Dilma Rousseff (PT). Não é a primeira vez que o cenário nacional é citado. Jamal Salém (PR) usou exemplo do processo do mensalãopara pedir dilação do prazo de manifestação por escrito.
    Nos autos a defesa afirma que a petista fez e faz acordos políticos na tentativa de não ser afastada definitivamente, assim as supostas tratativas feitas pelo vice-prefeito Gilmar Olarte (Pros) não são ilegais. “Ora, indicações políticas para cargos específicos na administração é possível e não fere a legalidade, sendo certo ainda que, por si só, não se prestam sequer para justificar a abertura da presente ação penal”.
    “Nota-se, que na situação paradigmática, muito diferente do ocorrido em Campo Grande, a presidente Dilma efetivamente compra apoios na tentativa evitar seu afastamento e sua cassação”.

    Além disso, a defesa alega que o MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) não usou o mesmo critério de avaliação quando desconsiderou a busca de Bernal por apoio para evitar a cassação quando ainda era alvo da Comissão Processante.
    Para os representantes do vereador “o mesmo peso e medida não fora utilizado para o caso do prefeito cassado Alcides Bernal, que, buscando apoio durante o processo de cassação, em diversos momentos realizou convites à vereadores para terem espaço administrativo junto ao poder público municipal”.
    Ainda nos autos, Chocolate diz que tinha mais vantagens quando era aliado do prefeito do que no tempo em que compôs base aliada de Olarte. Tendo em vista que a esposa, Claudia Nubia Ferreira, era comissionada na administração do radialista e não na gestão posterior.
    Quando o vereador saiu da base de Bernal, Claudia foi exonerada “como forma de represália” em outubro de 2013. “Ocorre que, com o claro intuito de posteriormente angariar o voto do Vereador contra a cassação, Alcides Bernal revogou a citada exoneração”.
    Ato contínuo, novamente em meados do mês de maio de 2014, a convivente do vereador foi novamente exonerada do cargo. “E, por mais que a Sra. Claudia Nubia Ferreira tenha sido exonerada, fica claro que existia mais benefícios ao casal quando estavam apoiando Alcides Bernal”. Isso porque não fez indicações ou recebeu cargos quando o vice-prefeito tomou posse.
    Finanças – O vereador nega que tenha recebido R$ 500 mil do empresário e também denunciado João Amorim, dono da Proteco Construções. Justifica que o carro Hyundai HB20 é de sua esposa que comprou com dinheiro de seu trabalho. Já o Hyundai Elantra, avaliado em R$ 89,7 mil, foi comprado com entrada de R$ 20 mil oriundos da venda do veículo antigo que possuía e o restante foi parcelado em 36 vezes.

    quinta-feira, 17 de março de 2016

    Moro divulga grampo de Lula e Dilma; Planalto fala em Constituição violada

    Em conversa gravada, Dilma diz para Lula usar termo de posse se precisar.

    Após a divulgação, houve protestos em mais de dez estados e panelaços.

    Do G1, em São Paulo

    00:57
    09:34
    A divulgação de grampos telefônicos de conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvacom aliados, entre eles um diálogo com a presidente Dilma Rousseff, provocou reação imediata nos meios políticos e nas ruas na noite desta quarta-feira (16). (Veja acima reportagem do Jornal Nacional.)
    A oposição acusa Dilma de ter nomeado Lula para o ministério para evitar que ele fosse preso. Dilma diz que o juiz Sergio Moro violou a Constituição ao divulgar as conversas. E protestos que começaram tímidos contra a nomeação de Lula ganharam força e se espalharam por 18 estados e Distrito Federal, com registro de panelaço em diversas cidades.
    Um resumo do dia:
    MANHÃ:
    Lula aceitou o convite de Dilma para ser o novo ministro-chefe da Casa Civil, no lugar de Jaques Wagner, que será deslocado para chefia de gabinete da presidente, com status de ministro.
    TARDE:
    - Por volta das 13h45, Lula é anunciado oficialmente, por meio de uma nota.
    - Logo depois, a oposição anuncia que entrará na Justiça contra a nomeação.
    - Dilma dá entrevista e diz que Lula terá os "poderes necessários" para ajudar o Brasil.
    NOITE:
    Moro derruba sigilo e divulga grampo de ligação entre Lula e Dilma.
    Planalto diz que Moro violou a lei ao divulgar telefonema.
    - Há manifestações e panelaços em diversas cidades.
    Planalto divulga termo de posse só com a assinatura de Lula. Com a divulgação, busca demonstrar que ex-presidente não poderia se beneficiar do documento porque o papel ainda não continha a assinatura de Dilma - e, portanto, não teria validade jurídica para comprovar que ele já dispõe do foro privilegiado.
    Escuta e protestos
    O juiz Sérgio Moro retirou nesta quarta-feira (16) o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As conversas gravadas pela Polícia Federal incluem diálogo desta quarta com a presidente Dilma Rousseff, que o nomeou como ministro chefe da Casa Civil.
    Conversa de Lula com Dilma
    - Dilma: Alô
    - Lula: Alô
    - Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa.
    - Lula: Fala, querida. Ahn
    - Dilma: Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!
    - Lula: Uhum. Tá bom, tá bom.
    - Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
    - Lula: Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.
    - Dilma: Tá?!
    - Lula: Tá bom.
    - Dilma: Tchau.
    - Lula: Tchau, querida.
    A divulgação por volta das 18h30 causou reação imediata no Congresso, com deputados e senadores cobrando a renúncia da presidente, e nas ruas, com protestos se espalhando pelo país. Ao menos 18 estados e o DF registraram atos contra a nomeação do ex-presidente (AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RS, SC e SP). Veja todas os municípios que registraram manifestações.
    "Em que pese o teor republicano da conversa, [a nota] repudia com veemência sua divulgação que afronta direitos e garantias da Presidência da República", afirma o texto. A nota da Presidência diz ainda que "todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis serão adotadas".
    No despacho em que libera as gravações, Moro cita "ampla defesa" e "saudável escrutínio público" e afirma que, “pelo teor dos diálogos degravados, constata-se que o ex-presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos dos diálogos”. Leia a íntegra do despacho.
    Segundo o ministro da AGU, a presidente estava enviando o termo de posse para ele assinar porque Lula estava com problemas para comparecer à cerimônia de posse marcada para quinta-feira (17).
    No fim do dia, o Palácio do Planalto divulgou um termo de posse só com a assinatura de Lula. Com a divulgação, busca demonstrar que o ex-presidente não poderia se beneficiar do documento porque o papel ainda não contém a assinatura de Dilma e, portanto, não tem validade jurídica para comprovar que ele já dispõe do foro privilegiado.
    Veja abaixo reportagens do Jornal Nacional:
    Lula é nomeado
    Oposição reage
    Manifestantes protestam
    População faz panelaço
    Dilma fala sobre a nomeação
    Moro justifica fim do sigilo
    Revelação repercute no Congresso
    Nota do Palácio do Planalto
    Tendo em vista a divulgação pública de diálogo mantido entre a Presidenta Dilma Rousseff e o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumpre esclarecer que:
    1 – O ex-Presidente Lula foi nomeado no dia de hoje Ministro-Chefe da Casa Civil, em ato já publicado no Diário Oficial e publicamente anunciado em entrevista coletiva;
    2 – A cerimônia de posse do novo Ministro está marcada para amanhã às 10 horas, no Palácio do Planalto, em ato conjunto quando tomarão posse os novos Ministros Eugênio Aragão, Ministro da Justiça; Mauro Lopes, Secretaria de Aviação Civil; e Jaques Wagner, Ministro-Chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República;
    3 – Uma vez que o novo ministro, Luiz Inácio Lula da Silva, não sabia ainda se compareceria à cerimônia de posse coletiva, a Presidenta da República encaminhou para sua assinatura o devido termo de posse. Este só seria utilizado caso confirmada a ausência do ministro.
    4 – Assim, em que pese o teor republicano da conversa, repudia com veemência sua divulgação que afronta direitos e garantias da Presidência da República.
    5  – Todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis serão adotadas para a reparação da flagrante violação da lei e da Constituição da República,  cometida pelo juiz autor do vazamento.  
    Secretaria de Imprensa
    Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
    Nota de Jacques Wagner
    O ministro Jaques Wagner deixou hoje (16) o cargo de Chefe da Casa Civil  para ocupar o cargo de Ministro Chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República. A mudança foi definida nesta quarta-feira com a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil da Presidência da República. A nomeação do ex-presidente saiu publicada hoje, no Diário Oficial da União, assim como a do ministro Jaques Wagner.
    Como ministro-chefe da do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner também será responsável pela Secretaria Executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
    "A agenda do desenvolvimento, da retomada do crescimento econômico com mais emprego, justiça social, articulação política e o diálogo com os movimentos populares ganharam um gigantesco reforço: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", escreveu o ministro nas redes sociais.
    Wagner agradeceu a presidente Dilma pela confiança ao convidá-lo para o ser o novo ministro Chefe do Gabinete Pessoal da Presidência e diz que cumprirá a nova missão de acordo com a sua trajetória política. "Buscarei desempenhar com a mesma dedicação, empenho e compromisso que marcaram minha trajetória", escreve Wagner que usou em seu texto a hashtag #LulaMinistro.
    Jaques Wagner tomou posse como titular da Casa Civil da Presidência da República em 5 de outubro de 2015, após exercer o cargo de ministro da Defesa desde o início do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff. Antes, foi governador da Bahia por dois mandatos consecutivos (2007-2014), deputado federal, além de ministro do Trabalho (2003/04) e da Articulação Política ( 2005/06).
    Neste período à frente da Casa Civil, Jaques Wagner reativou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), coordenou o grupo interministerial de Mobilização Nacional de Combate ao Aedes Aegypti e foi o principal articulador do grupo de trabalho interministerial que discutiu a tragédia ocorrida em Mariana (MG), que culminou com a assinatura de acordo com a empresa responsável, para a recuperação do Rio Doce.  Conhecido pela sua habilidade política,  Jaques Wagner ajudou a presidente Dilma na retomada dos seus contatos políticos.
    À noite, Wagner condenou o vazamento da conversa grampeada dos telefones do ex-presidente Lula, da presidente Dilma e do seu aparelho. “Sempre apoiei as investigações, mas vazamento de conversa com a presidenta da República extrapolou os limites e a segurança dela “, disse.
    Na segunda conversa vazada do telefone do ex-presidente Lula foi um diálogo com o ministro Jaques Wagner. Lula solicita a Wagner que peça à presidenta Dilma fale com a ministra Rosa Weber, do STF. O ministro explicou que Lula apenas lhe solicitou que transmitisse essa mensagem, o que ele não teve oportunidade de fazer, pois já tinha terminado seu encontro com ela.
    “Achei uma arbitrariedade. Não se pode violar e interceptar o telefone da presidenta da República”, comentou o ministro. Ele vai apurar como o telefone da presidenta Dilma conseguiu ser grampeado.