segunda-feira, 31 de julho de 2017

Como a ciência pode ajudar você a vencer o estresse

A vida moderna não carece de motivos para nos sentirmos pressionados. São as relações pessoais, o celular vibrando, tamanho trânsito para se chegar aos lugares, instabilidade econômica, os rumos que o país tomará, e em última instância o nosso próprio futuro. Se não bastassem tantos estímulos, aquele que mais causa queixas quando o assunto é estresse, é a vida profissional. Nada mais do que compreensível, afinal, é o ambiente em que lidamos não só com a pressão da necessidade de produção e avaliações diretas ou indiretas constantes; também temos de conviver muitas horas com pessoas com quem não escolhemos estar, podemos não concordar com as diretrizes de nosso local de trabalho, e, por vezes, com lideranças autoritárias. No Brasil, segundo levantamento da International Stress Management Association (Associação Internacional de Controle do Estresse), três de cada dez trabalhadores sofrem de esgotamento mental intenso causado pelo ambiente de trabalho.

O termo estresse surgiu em 1936, para se referir à resposta do organismo a qualquer estímulo ambiental que fuja da rotina e, consequentemente, possa ser interpretado como uma ameaça. O psicólogo austro-canadense Hans Selyle (1907-1982) cunhou a nomenclatura enquanto estudava as reações de um grupo de roedores a diversos estímulos. Hoje se sabe que o ser humano é o único animal capaz de produzir o próprio estresse. Advento de nosso córtex cerebral desenvolvido, podemos ser atormentados por qualquer vivência traumática passada, desencadeando gatilhos e ampliando sentimentos de angústia e geradores de estresse. Já que podemos pensar sobre ele e revivê-lo, também podemos conscientemente reverter atitudes mentais que provocam o desconforto. Com base nessa constatação, cientistas argumentam que, por pior que seja o momento, é terapêutico – e muito eficiente – recuperar, ainda que parcialmente, a sensação de autonomia sobre a própria vida. Seis pontos, apresentados a seguir, podem ser fundamentais nesse processo:
1 ACEITAR DÓI MENOS
Uma situação comum em circunstâncias de muita pressão psicológica é “brincarmos de avestruz”. Assim, em vez de ficar nervoso e apenas reclamar, ou seja, “se estressar por causa do estresse”, o mais saudável é simplesmente aceitar as coisas como elas estão. Assumir essa atitude é essencial para manter o foco no que realmente importa naquele momento, sem gastar energia procrastinando o que incomoda. Essa estratégia baseia-se no que alguns psicólogos chamam de terapia do compromisso: ao se comprometer com a questão, a pessoa costuma perceber que aquilo que parece tão assustador ou irritante pode ser olhado de frente e, não raro, se apresentará de forma menos ameaçadora do que parecia visto de longe. Para isso, é preciso suportar permanecer no aqui e agora, em vez prender-se ao passado ou projetar-se no futuro – e, dessa maneira, olhar a situação sob um ângulo diferente.
2 TEMPO DE MUDANÇA
Uma pesquisa desenvolvida pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Organizacional (NCOD), nos Estados Unidos, revelou que uma das queixas mais frequentes de pessoas que se consideram bastante estressadas é a dificuldade de estabelecer prioridades – e impor limites, inclusive a si mesmas. Segundo pesquisadores do NCOD, é curioso que, embora muitas vezes as pessoas defendam arduamente a ideia de que precisam fazer tudo sozinhas, quando começam a alterar seu comportamento, delegando ou recusando tarefas, descobrem que muitas das demandas que antes assumiam não eram de seus chefes ou do próprio ambiente, mas de si mesmas.
3 INSPIRA , EXPIRA…

Observar a própria respiração é um exercício clássico – e bastante eficiente –, base da mindfulness (atenção plena). Praticantes devem familiarizar a mente com o momento presente, sem se apegar a nenhum pensamento, apenas se mantendo no aqui e agora, sem se entregar a pensamentos e julgamentos, ou lutar para afastá-los. Inúmeras pesquisas têm atestado os efeitos positivos da prática para a saúde. Exercícios de relaxamento favorecem a redução da tensão a longo prazo e são acompanhados da diminuição de sensações de medo e dor, funcionando como forma de prevenir sintomas de depressão, além de proteger os sistemas imunológico e cardiovascular.
4 PARAR ANTES DE ADOECER
É uma questão até intuitiva: nos momentos em que nos sentimos sobrecarregados, devemos fazer pausas para repor as energias. Pode ser uma curta pausa para tomar um café com um colega no meio do dia, ou um intervalo para almoçar tranquilamente, por exemplo. Acima de tudo, é preciso nos distanciarmos mental e emocionalmente do trabalho nos momentos de folga para garantir o bem-estar a médio e longo prazo.
5 UM ABRAÇO, POR FAVOR
Um antídoto fácil e comprovado contra o estresse é deixar-se abraçar. Um estudo conduzido por psicólogos e médicos da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, constatou que o estresse e a falta de suporte social influenciam no risco de contrair gripes e resfriados. Voluntários que tinham pouco contato social estavam mais expostos aos vírus – e ficavam mais facilmente com o nariz entupido – sobretudo em ocasiões em que eram submetidos a forte pressão. Já aqueles que se sentiam acolhidos por outras pessoas não eram infectados com tanta frequência, mesmo quando enfrentavam tensões e conflitos pessoais. Uma importante variante do estudo foi o número de abraços que a pessoa recebia durante o dia.
6 AUTONOMIA

O cerceamento da autonomia prejudica muito a saúde física e mental das pessoas, subtrai o entusiasmo e, em última instância, as torna menos produtivas aos olhos da empresa. Permitir que os funcionários e colaboradores tomem decisões sobre como conduzir o próprio trabalho é vital para manter o ambiente saudável. Infelizmente, não é difícil tolher a sensação de liberdade de uma pessoa no ambiente de trabalho. Gestores que estabelecem expectativas irreais para um funcionário ou interferem na comunicação entre colegas contribuem para o enfraquecimento da equipe. Além disso, a falta de diálogo pode deixar os dias de trabalho mais difíceis e imprevisíveis do que o necessário. Quando sentimos que não controlamos o que fazemos, tendemos a nos enxergar como impotentes e ineficazes – o que, em geral, é um equívoco.
ESTRATÉGIAS FLEXÍVEIS
Não existe uma fórmula patenteada contra o estresse. Esse estado não pode ser “curado”, até porque não se trata de um adoecimento, e sim de uma reação que pode causar o adoecimento – e até a morte. O mais indicado é lançar mão de maneiras para aliviar a pressão de acordo com cada situação. Não importa de que forma; nessa hora, é importante tomar a responsabilidade sobre si mesmo e procurar o que faz bem – reavaliar prioridades, enfrentar os medos, recorrer a ajuda psicológica, respirar, buscar pessoas queridas e, quem sabe, pedir colo.
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