O fim do ano se aproxima e,
provavelmente, muitos de seus amigos (ou muitos de vocês) vão se inscrever numa
academia, iniciar um “Projeto Verão” e se exercitar com disciplina durante
alguns meses… só para depois abandonar tudo que começaram. Existem pelo menos
19 razões por trás desse tipo de comportamento. Há como lidar com elas, no
entanto. Confira as dicas de David DiSalvo, colaborador da Forbes:
1. Muita vontade, pouco equilíbrio
A onda de inscrições em
academias no começo do ano é um fenômeno praticamente mundial, e em geral é
fruto de uma vontade exagerada de entrar em forma para poder ir à praia sem se
sentir constrangido por causa de gordura localizada ou de algumas estrias.
Embora o simples fato de
iniciar uma rotina de exercícios seja bom, não é suficiente: é importante ter
equilíbrio na hora de aplicar sua força de vontade, ou então ela vai acabar em
questão de semanas – e isso vale para outros casos de “explosões de vontade”.
2. Excesso de autoconfiança
“Me livrei do vício do cigarro,
não se preocupe”, disse aquele seu amigo que voltou a fumar alguns meses depois
de ter parado.
Muitas vezes, ficamos tão
satisfeitos por termos superado um hábito (fumar, comer demais etc.) que
acabamos superestimando nossa capacidade de evitar uma recaída.
Se quiser testá-la, faça com
cautela.
3. Há limite para o autocontrole
Até mesmo aqueles monges
tibetanos que passam horas (ou dias) meditando precisam recarregar sua força de
vontade depois de algum tempo. Se isso vale para pessoas disciplinadas como
eles, vale ainda mais para pessoas, digamos, comuns.
Não é por acaso que muitos
casos de traição acontecem à noite: nesse período, boa parte da nossa
capacidade de resistir a tentações foi gasta ao longo do dia (o que não
justifica, mas explica o fenômeno).
4. Pouca energia para o cérebro
O cérebro consome cerca de 25%
da glicose que circula no organismo de uma pessoa e, em situações de estresse,
essa demanda aumenta. Se o corpo não fornecer combustível suficiente, as
funções cerebrais (inclusive o autocontrole) ficam comprometidas.
5. Mudar exige constância
Nossos padrões de comportamento
não são como uma montanha, inertes: eles ganham força, e superá-los fica mais
difícil com o tempo. São como uma escada rolante que vai ficando mais rápida
conforme você sobe, exigindo mais e mais energia.
Ter consciência disso é um
recurso fundamental na hora de lidar com eles.
6. Pensamentos automáticos negativos
Como forma de lidar com o
excesso de complexidade de nossas vidas, é comum recorrer a pensamentos
automáticos, que não são fruto de uma reflexão feita no momento, mas que
surgiram anteriormente e acabaram “ficando”.
Se houver pensamentos negativos
(“isso é ruim”, “não consigo fazer isso”, “não levo jeito para isso”) entre
eles, será mais difícil agir, porque eles enfraquecem sua determinação.
Identifique-os e, na medida do
possível, lute contra eles.
7. Excesso de independência
Nem mesmo protagonistas de filmes
de ação conhecidos por “fazer tudo sozinhos” (o que no fim das contas não
corresponde à realidade do filme, já que eles quase sempre contam com o apoio
indireto de outros personagens) conseguem agir com total independência por
muito tempo – a falta de suporte e a sensação de pequenez diante dos problemas
pouco a pouco corroem a força de vontade.
8. Reflexão ajuda, mas não basta
Muitas vezes caímos na ilusão
de que, se passarmos tempo suficiente refletindo, vamos conseguir resolver um
determinado problema. Infelizmente, nem sempre a solução surge com esse tipo de
abordagem, já que há informações que só conseguimos na hora de agir.
Além disso, esperar muito tempo
por uma “inspiração” pode, no fundo, ser apenas uma forma de procrastinar (ou
seja, adiar a ação).
9. “Na prática, a teoria é outra”
Levando em conta o item número
8, podemos concluir que um plano que pareça bom “no papel” não necessariamente
vai ser bom o suficiente na hora da execução – normalmente por conta de
imprevistos.
Tenha fé em seus planos, mas
não exagere, pois o risco de se frustrar é grande.
Melhor do que apostar todas as
suas fichas em uma única abordagem seria ter um plano B, um C, um D… Ou
exercitar sua capacidade de se adaptar a novas condições.
10. Falta de sono
Mesmo sabendo o quanto uma boa
noite de sono é necessária para manter o bom funcionamento do cérebro, muitos
de nós insistem em agir como se uma ou duas horas a menos não fizessem falta.
Ledo engano: se quebrarmos o ciclo do sono, temos o risco de acordar tão
cansados (ou até mais) quanto estávamos antes de dormir.
Não é preciso ressaltar que
isso tem um grande impacto na força de vontade.
11. Subestimar os efeitos químicos dos alimentos (e
das bebidas)
Refeições podem ser grandes
aliadas na hora de enfrentar problemas, dando energia necessária para agirmos
(ou, como você viu no item 4, pensarmos); por outro lado, também podem ser uma
das causas do nosso fracasso em determinada tarefa: uma comida muito “pesada”
pode aumentar a tentação de tirar um cochilo à tarde, e uma cerveja a mais pode
diminuir nossa disposição.
Reconhecer esses possíveis
efeitos deve ajudar você a não superestimar sua capacidade de lidar com eles
(item 2).
12. Falta de fé (em si mesmo)
Não acreditar que seremos
capazes de algo (como tirar a habilitação de motorista ou passar no vestibular)
é um passo rumo ao fracasso, pois essa falta de fé pode dar início a um
processo interno de autossabotagem: o medo de falhar aumenta por conta da
certeza de que vamos falhar; a ideia do fracasso se torna mais próxima e gera
ansiedade; ansiedade prejudica o desempenho…
Naturalmente, a crença de que
você vai conseguir não garante o sucesso, mas é um ingrediente fundamental para
ele (a menos que você prefira contar com a sorte).
13. Acostumamos-nos a desistir
“Ah, hoje eu não vou na
academia. Vou amanhã”. O amanhã chega, e, estranhamente, deixar de ir à
academia ficou mais fácil. Se você ceder à tentação mais uma vez, será ainda
mais fácil desistir no dia seguinte.
De alguma forma, nós acabamos
nos habituando a desistir de certos sacrifícios, e essa desistência se torna
cada vez mais natural – o que pode culminar em um abandono definitivo de um
projeto.
14. Falta de feedback
Fruto do excesso de
independência (item 7), a falta de feedback a respeito das nossas ações tende a
provocar desânimo, além de uma sensação de que “ninguém se importa”.
Outro problema é a ausência de
um olhar externo, que poderia nos ajudar a perceber certas falhas que
cometemos.
15. Pensamos no pior que pode acontecer
A ideia de se preparar para o
pior é sensata, mas pode acabar caindo no exagero e fazendo com que
desanimemos.
Essa é uma espécie de
autossabotagem (item 12), que pode gerar uma ansiedade desnecessária e uma
desistência por conta de algo que provavelmente nem aconteceria.
16. Foco excessivo na jornada
A expectativa de atingir um
objetivo pode acabar sendo maior do que a satisfação de atingi-lo. Contudo,
levar essa ideia muito a sério pode fazer com que uma pessoa perca seu objetivo
de vista e, pouco tempo depois, desanime.
É importante equilibrar o
apreço pela meta e com o apreço pela jornada.
17. A armadilha do hábito
Tudo começa com uma ideia, uma
ação e uma recompensa. O ciclo se repete e, em pouco tempo, você tem um hábito
(ou um vício), que exige uma boa força de vontade para ser quebrado.
Tenha consciência disso e não
se deixe enganar: o “só vou experimentar uma vez” pode não ser uma ideia tão
inocente quanto parece à primeira vista.
18. Vontade sem técnica
Ferramentas e métodos errados
não apenas aumentam as chances de falhar: eles tornam processos mais difíceis
do que deveriam ser e fazem com que demandem mais esforço.
Causam, no fim das contas, um
gasto desnecessário do seu “combustível”.
19. Licença moral
Existe uma tendência a
acreditar que fazer algo louvável pode compensar uma prática ruim (ideia
batizada de “licença moral” pelos psicólogos), o que nem sempre é verdade.
Com esse (falso) recurso em
mãos, podemos acabar escolhendo caminhos mais fáceis, que não exijam tanta
força de vontade – e essa falta de prática tende a enfraquecê-la. [Forbes]
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