Por motivações que a seu ver têm lógica consolidada, o prefeito Alcides Bernal (PP) está tomando o mimo de cuidado para assumir duas decisões determinantes em sua trajetória na vida publica: a primeira, candidatar-se à reeleição; a segunda, se for candidato, é escolher quem ocupará a vaga de vice em sua chapa.
Por figurar sempre na segunda colocação nas pesquisas feitas até agora sobre a intenção de voto dos campograndenses, a tendência predominante é que Bernal entre na disputa, mesmo mal-avaliado administrativa e politicamente. O problema então passa a ser, pontualmente, encontrar um nome que, além de ajustar-se ao seu estilo centralizador e ao temperamento explosivo, possa oferecer a ele a lealdade que não recebeu do atual vice-prefeito, Gilmar Olarte, um dos artífices e mentores de sua destituição do cargo por 17 meses.
A partir do momento em que as investigações do Ministério Publico e da Polícia concluíram que Olarte tramou a derrubada, o prefeito redobrou a guarda e potencializou o desconfiômetro. Antes de vencer a eleição e tomar posse Bernal já era tido, por quem o conhecia, como alguém difícil de lidar: genioso, desconfiado, centralizador, introspectivo e com mania de perseguição. Não seria anormal que tais características se intensificassem com a revelação de que seu próprio vice articulou as manobras para a Câmara de Vereadores cassar seu mandato 15 meses depois de eleito.
O “fator Olarte” vem interferindo bastante no dia-a-dia de um prefeito que quer mais quatro anos de poder e não tem muitas alternativas de alianças, tendo em vista a debandada que sofreu no seu bloco de sustentação, esvaziado gradativamente pelos fracassos de seu desempenho gerencial e político.
Para construir uma aliança minimamente competitiva no âmbito partidário, hoje só restaria ao PP de Bernal um partido de representação político-eleitoral expressiva, o PDT. Para fazer essa parceria, o prefeito terá inevitavelmente que contar com a desistência dos trabalhistas de lançar chapa própria. Os trabalhistas têm dois nomes de ponta: o deputado federal Dagoberto Nogueira, que já está com sua pré-candidatura posta no tabuleiro, e a benemérita Tereza Name, que põe como “Plano A” uma coligação na chapa de Bernal.
Fontes que circulam no território reservado da Prefeitura vazaram a informação dando conta que até uma boa opção – um sobrenome respeitado em todos os segmentos e de efetivo peso social, jurídico e profissional – já foi sugerida para candidato a vice-prefeito. Porém, Bernal continua com o pé atrás e mantém-se excessivamente receoso, correndo o risco de perder um bom parceiro de chapa se submetê-lo ao desconforto de sentir-se suspeito em sua lealdade. A “síndrome do Olarte”, mesmo com o vice fora de cena, continua jogando contra o prefeito de Campo Grande.
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