quarta-feira, 8 de abril de 2015

Inflação dos alimentos em 10 anos chega a 100%, segundo IBGE

Comer fora de casa ficou 136,14% mais caro em dez anos.

Inflação oficial no período somou 69,73%, diz instituto.

Lilian QuainoDo G1, no Rio
Em dez anos, a inflação do país acumulou uma taxa de 69,73%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas no mesmo período, a inflação dos alimentos beirou os 100%, com um IPCA de 99,73%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os alimentos pressionaram o índice ao longo de 2014, que fechou com 6,41% de inflação, segundo divulgou  o IBGE.
Dentro do grupo alimentos, no acumulado de dez anos, comer em casa ficou 86,59% mais caro, mas comer fora de casa subiu ainda mais: 136,14%.
"A alimentação fora de casa mostra o aumento de renda da população. Há o aumento do emprego, mais mulheres estão trabalhando fora de casa, e existe a dificuldade em ter empregada em casa porque esta mão de obra está escassa e cara. Com isso, cada vez mais pessoas comem na rua. Mas a refeição na rua é cara porque tem os custos dos estabelecimentos, como aluguel e energia, o salário mínimo que aumenta alem da inflação com ganhos reais", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Mas o impacto da habitação na formação do índice (1,27 ponto percentual) foi menor que o impacto da alimentação (1,97 ponto percentual). O grupo alimentos e bebidas fechou 2014 marcando uma inflação de 8,03%, puxada principalmente pela alta da carne.
Em 2014, o item que registrou maior alta foi o grupo habitação (8,8%), principalmente por conta dos custos da energia elétrica. Isso porque, segundo Eulina, em 2013, a energia marcou um recuo de 15%, devido a desonerações do governo. Mas em 2014, a energia recuperou a taxa e até aumentou, chegando a fechar o ano em 17,06%. A demanda  por energia graças ao clima, que também afetou a oferta. Com a falta de chuvas e o nível baixo dos reservatórios, as termelétricas tiveram que ser acionadas, aumentando os custos de produção, em parte repassados para o consumidor.
"O aumento sistemático dos alimentos tem sido atribuído a problemas climáticos, como secas e enchentes que prejudicam as lavouras, e também à questão do dólar, que permeia a agricultura. Os alimentos também são pressionados pelo aumento da demanda. Com mais emprego e mais renda, o brasileiro aumenta sua procura por alimentos", disse.
A carne, que em 2013 marcou uma variação de 4,57%, fechou 2014 com uma alta de 22,21%. Isso porque a oferta tem sido pouca, já que produtores, alegando prejuízo em anos anteriores, abateram matrizes, e a demanda, grande, com o Brasil exportando carne para a  China, e para a Rússia. Em agosto, o país decretou embargo aos produtos alimentícios dos Estados Unidos e da Europa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário