quarta-feira, 22 de abril de 2015

Petrobras – as três perguntas que não querem calar


Agora não tem mais volta. Não há engarrafamento, dor de barriga ou barranco caído que possa impedir a publicação do balanço da Petrobras nesta quarta-feira, dia 22 de abril. Com mais de 150 dias de atraso, as contas do terceiro trimestre de 2014 da maior estatal brasileira serão finalmente conhecidas.

Essa já é a divulgação mais esperada do ano (pelo menos até agora), mas é bom ter paciência porque ela só vai acontecer no final do dia, início da noite. O ritual começa às 11 da manhã, com a reunião do Conselho Fiscal da empresa. A diretoria da Petrobras vai apresentar os números, os cálculos e conclusões aos executivos que representam a União, os acionistas preferenciais, os acionistas minoritários e os funcionários da companhia.
Boa parte dos conselheiros já deve chegar bem informado sobre o tamanho do buraco causado pela corrupção na Petrobras desde 2004 porque eles tiveram acesso ao balanço com um dia de antecedência. Mesmo assim, isso não deve alterar a agenda do Dia do B – Dia do Balanço. Até porque, como a crise também chegou ao conselho, com a troca do presidente do comitê (Guido Mantega por Luciano Coutinho) e a renúncia do representante dos acionistas minoritários, o clima dos encontros já começa azedo.
Quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberar o documento, jornalistas, analistas de empresas, investidores...vai todo mundo correr para encontrar a resposta a três perguntas que não querem calar: de quanto foi o buraco provocado pela corrupção? De onde foi tirado o dinheiro das propinas pagas pelos antigos diretores da Petrobras? Quais as ressalvas que foram feitas pelos auditores externos para aprovarem o balanço?
Se a diretoria conseguir convencer sobre esses três pontos – a metodologia do cálculo, a conta do roubo, os ativos envolvidos, as dúvidas que ainda precisam de resposta - já dá para começar a mudar o ânimo com o futuro da estatal. O rombo aconteceu, o estrago foi feito e a Petrobras precisa urgentemente voltar a operar como uma petrolífera gigante que é. A gestão de fornecedores e parceiros da empresa está comprometida. O endividamento é altíssimo, mais de R$ 300 bilhões. A necessidade de caixa é grande para cumprir com um plano mínimo de investimentos.

E o Brasil? O Brasil segue na árdua tarefa de arrumar a casa. Lá dos Estados Unidos, onde passou a semana, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, contou que o humor do mercado com o país já melhorou, apesar de não saber se o pior já passou. Talvez a fase da chegada, do anúncio das medidas amargas já tenha deixado o pior para trás. Certamente o pior ainda não passou para a inflação, para a alta nos juros, para o PIB negativo e muito menos para a Petrobras. Mas a gente precisa começar algum dia, dando o primeiro passo. 

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