quarta-feira, 22 de abril de 2015

Juro do cheque é o maior desde 1996; taxa do cartão passa de 340% ao ano

No mês passado, juro do cheque especial somou 214% ao ano, diz BC.

Juro do cartão de crédito é maior da série, que começa em março de 2011.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
JUROS DO CHEQUE ESPECIAL
Taxa anual, em %
148,1154,1156,7159,4162168,7171,7172,5173183,5188191,8201209214,2em % ao anoDez/13Jan/14Fev/14Mar/14Abr/14Mai/14Jun/14Jul/14Ago/14Set/14Out/14Nov/14Dez/14Jan/15Fev/15140160180200220
Fonte: BC
Os juros do cheque especial subiram novamente em fevereiro deste ano e atingiram a marca de 214,2% ao ano, segundo números divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central. Com isso, a taxa atingiu o maior patamar desde março de 1996 – quando ficou em 217,7% ao ano – ou seja, em quase 19 anos.
Os juros cobrados pelos bancos nesta linha de crédito tiveram forte aumento nos últimos meses. No fim de 2013, estavam em 148,1% ao ano. O crescimento, portanto, foi de 66,1 pontos percentuais nos últimos 14 meses.
Cartão de crédito
Segundo o BC, os juros do cartão de crédito rotativo, que incidem quando os clientes não pagam a totalidade de sua fatura, atingiram expressivos 342,2% ao ano em fevereiro – a mais alta de todas as modalidades de crédito. É o maior patamar desde o início da série histórica, em março de 2011. O BC tem recomendado que os clientes bancários evitem essa linha de crédito.
JUROS DO CARTÃO DE CRÉDITO
Taxa anual, em %
312,8309,5315,1313,7305305,7308,3308311,3312319,7327,8331,6334,6342,2em % ao anoDez/13Jan/14Fev/14Mar/14Abr/14Mai/14Jun/14Jul/14Ago/14Set/14Out/14Nov/14Dez/14Jan/15Fev/15300310320330340350
Fonte: BC
'New York Times' e rentabilidade dos bancos brasileiros
Reportagem publicada no recentemente pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito em mais de 240% ao ano e de 100% cobrados pelos empréstimos bancários.
Economistas avaliam que o consumidor deve tentar evitar ao máximo o uso do cheque especial e do cartão de crédito rotativo por conta das altas taxas cobradas pelas instituições financeiras. Para eles, estas são linhas de crédito para momentos de extrema necessidade e devem ser utilizada por um período reduzido de tempo.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).

Ainda segundo a autoridade monetária, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 26,8% ao ano em fevereiro, em comparação com 26,4% ao ano em janeiro. É a taxa mais alta desde abril de 2012 (27,5% ao ano). Mesmo com o aumento, essa permanece sendo uma das linhas de crédito com menor taxa de juros do mercado.
Consignado, crédito pessoal e veículos

No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos somou 108,1% ao ano em fevereiro, contra 107,5% ao ano em janeiro. É o maior patamar da série histórica, que começa em março de 2011.
Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 24,8% ao ano em fevereiro, contra 23,8% ao ano em janeiro deste ano. Neste caso, trata-se do maior patamar desde março de 2012, quando estava em 25,4% ao ano, de acordo com informações do Banco Central

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