segunda-feira, 27 de abril de 2015

Servidores denunciam compra de R$ 700 mil em móveis ‘fantasmas’ para HR

De acordo com os funcionários, a última troca de móveis ocorreu antes das obras do PAM que demorou quatro anos para ficar pronto

Autor: Diana Gaúna
Apesar de Governo informar que móveis estão sendo trocados, servidores afirmam não terem visto nada no HR, além da compra sem licitação.

Apesar de Governo informar que móveis estão sendo trocados, servidores afirmam não terem visto nada no HR, além da compra sem licitação.
Servidores do HR (Hospital Regional) em Campo Grande – que pediram para ter as identidades preservadas por medo de retaliação - denunciaram ao TopMidiaNews a compra de mais de R$ 700 mil em móveis ‘fantasmas’. O contrato do HR (Fundação de Saúde) para a compra de móveis foi publicado no Diário Oficial n. 8.904, do dia 22 de abril de 2015.

De acordo com o documento, o contrato é referente ao processo 27/200.898/2014 e tem como objeto ‘Contratação de empresa especializada em serviço de confecção e instalação de móveis em MDF’.

Ao custo de R$ 708.703,60, a compra foi feita sem licitação em favor da Associação Cristã Pais e Filhos. Assinam, o ordenador de despesas Celso Braz de Oliveira Santos e o Diretor-Presidente do HR, Justiniano Barbosa Vavas.


Inconformados com a publicação, servidores decidiram denunciar o que chamaram de compra de móveis ‘fantasmas’. “Não tem nada disso montando aqui. É um absurdo o que fazem com o dinheiro público. Troca o governo, mas continua o descaso com a coisa pública”, declarou um servidor.

Uma das funcionárias disse que chegou a ir ao setor de manutenção, mas que por lá ninguém soube dizer nada sobre os tais móveis. “Ninguém soube me falar nada sobre móveis em MDF. O que me disseram é que pode ser que seja para reativação do almoxarifado que hoje é locado, na antiga fundação próximo ao HR. Mas se fosse, pelo tempo de contrato, já era pra ter alguma coisa lá”, disse.

Outro servidor ressaltou que além do fato de não ter informação no setor de manutenção, ninguém viu instalar nada disso dentro do Hospital. “Estamos trabalhando aqui, todos os dias, há anos. Nem eu, nem ninguém, viu instalar nada disso não.  Até quando vamos ter que aguentar esse tipo de coisa?, questionou.

Para uma das servidoras, o Governo do Estado – gestor do Hospital Regional – pode estar envolvido em coisa errada. “Isso tem cheiro de coisa muito errada. Aqui teve troca de moveis sim, mas não no ano passado e nem nesse ano. Alguns setores foram reformados antes das obras do PAM (Pronto Atendimento), que levou quatro anos para ficar pronto. Pra mim eles estão cobrando duas vezes pelo mesmo serviço, tudo na nossa cara e sem licitação”, reclamou.

A reportagem fez uma consulta ao Portal da Transparência do Governo de MS, na tentativa de obter mais detalhes sobre o contrato. Entretanto, apesar de ratificar o contrato celebrado em 2014, ainda na gestão de André Puccinelli (PMDB), o único contrato publicado no sistema que existe em favor a associação Cristã Pais e Filhos é para Prestação de Serviços de Manutenção, Conservação e Reparos de Telhado com Fornecimento de Material, com valor inicial de R$ 7,1 mil, com validade de 4 de março de 2015 a 3 de junho de 2015.



Procurado, o Governo do Estado, informou via assessoria que:

 “O contrato realmente foi firmado com a Associação Cristã Pais e Filhos e já está em andamento. É um contrato herdado da administração anterior que atua na renovação e reforma TOTAL de mobiliários do Hospital Regional. Desde os setores de baixa a alta complexidade. Inicialmente já recebemos os novos móveis que serão instalados nos setores de urgência como Hemodiálise, Oncologia Infantil, Pediatria e paras as novas ilhas de UTI. O contrato dispensou a utilização de licitação pela própria Lei 8666 de contratos, que permite contratação específica a organizações sociais ou filantrópicas sem a exigência de licitação. A diretoria entendeu que o trabalho conjunto com a Associação Cristã Pais e Filhos seria de benefício para as ações sociais realizadas na instituição. A previsão é de que todos os móveis sejam renovados até o fim do ano”.

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