segunda-feira, 27 de abril de 2015

Políticos são maioria entre 'novos clientes' em escândalo sexual

Suspeito tenta delação premiada para trazer novas provas ao caso

  • Fabiano Otero, que prestou depoimento hoje pela manhã na Depca (Arlindo Florentino)
  • A maioria dos ‘novos clientes’ de duas adolescentes exploradas sexualmente em suposto esquema de extorsão é formada por políticos. Seriam “aproximadamente 10” nomes, mantidos até agora sob sigilo por um dos suspeitos no caso.

    Revelar os nomes dos supostos figurões, bem como trazer à tona prova do envolvimento deles com as jovens, depende de acordo de delação premiada negociado entre a defesa de Fabiano Viana Otero, a Polícia Civil e o MPE (Ministério Público Estadual), conforme explica o advogado dele, Hamilton Ferreira de Almeida. Uma definição é prevista para a próxima terça-feira (28).
    No entanto, o advogado confirma que Fabiano teria prova do envolvimento de mais políticos com as meninas. Por enquanto, o vereador Alceu Bueno e o ex-deputado estadual Sérgio Assis são investigados no caso.
    Fabiano prestou depoimento ao titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) na manhã desta segunda-feira (27). Ele foi preso no dia anterior, ao passo que outros dois envolvidos, o ex-vereador Robson Martins e o empresário Luciano Pageu, estão presos desde o dia 16 de abril, quando foram flagrados extorquindo R$ 15 mil de Alceu Bueno.
    No depoimento desta segunda, Fabiano não trouxe novidades ao caso, segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto, quando perguntado sobre o envolvimento de outros políticos no caso e, também, sobre uma terceira garota supostamente aliciada para programas sexuais. Segundo a mesma fonte, os conteúdos de vídeo aos quais a polícia teve acesso, até o momento, envolvem apenas os já citados.
    As imagens, conforme reforçou o delegado nesta segunda, revelam nitidamente que Alceu Bueno e Sérgio Assis mantiveram, em momentos separados, relações sexuais com as duas adolescentes. Ambos foram indiciados por favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.
    Fabiano seria o mentor, juntamente com Luciano, de esquema que consistia em promover programas sexuais entre as adolescentes e figuras públicas, registrar tudo por câmeras escondidas e, depois, usar o material para extorquir os envolvidos. Somente Alceu admitiu à polícia ter pago R$ 100 mil antes do flagrante dos outros R$ 15 mil.
    No depoimento desta segunda, Fabiano disse desconhecer o pagamento dos R$ 100 mil. O combinado com Luciano, segundo ele, era extorquir R$ 50 mil do vereador, valor que seria rateado entre a dupla e Robson – cada um ficaria com R$ 23,5 mil e o terceiro receberia R$ 3 mil por ter entrado “por último no negócio”.
    Depois que foi preso, Fabiano foi mantido em uma cela da Denar (Delegacia Especialidade de Repressão ao Narcotráfico). Lauretto disse, após colher o depoimento do indiciado, que ele deve se juntar aos outros dois presos na Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos).

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