Na conta dos organizadores, o grupo já tem pelo menos 30 senadores – com mais duas adesões, barraria a aprovação de emendas constitucionais em discussão na Câmara, como a redução da maioridade penal. Nesta terça-feira, o grupo vai se reunir no gabinete do senador João Capiberibe e, a partir do resultado, senadores de oposição serão convidados a participar do movimento.
"Diante da ofensiva conservadora de Eduardo Cunha, nós decidimos reagir aqui no Senado", informa o senador Lindberg Faria.
A necessidade de uma união foi identificada no Senado quando da votação de projeto que tratava da biodiversidade, onde havia um artigo referente à repartição de benefícios para comunidades indígenas. Ali, segundo senadores, foi identificado um núcleo mais conservador no Senado, mas que acabou derrotado.
Depois, as atenções se voltaram para a pauta da Câmara que começou com o projeto que regulamenta contratos de terceirização, seguido pelo que trata da redução da maioridade penal e, por fim, a discussão do Estatuto da Família, no qual há uma proposta para que só seja considerado família aquela formada por casal de homem e mulher e seus filhos – o que confronta com o desejo dos casais de pessoas do mesmo sexo. Há, também, na Câmara, o desejo da chamada "bancada da bala" de reabrir a discussão sobre o Estatuto do Desarmamento.
"O governo está enfraquecido e, por isso, surge um outro protagonismo, com Eduardo Cunha à frente e uma pauta conservadora", disse um senador.
Esse movimento nada tem a ver com o duelo já estabelecido no Congresso entre Eduardo Cunha e Renan Calheiros que ganhou visibilidade nos últimos dias em função do projeto da terceirização. Mas pode receber o estímulo do presidente do Senado. Renan, que andou se estranhando com o Palácio do Planalto, se aproximou de Dilma para tratar do assunto – os dois têm feito restrições ao projeto que está sendo aprovado na Câmara.
Os senadores que até aqui estão se aproximando da frente não têm ligações políticas com Renan – são senadores de PT, PSB e PDT. A ideia do grupo é postergar ao máximo a votação do projeto de terceirização no Senado, levando até 2017, quando já terá vencido o mandato de Cunha à frente da Câmara.
No duelo com Renan, Eduardo Cunha provocou o Senado ao dizer que "a palavra final será da Câmara", numa referência a eventuais mudanças que possam ser feitas no Senado.
Para eles, Cunha Foi "mordido pela mosca azul" e já estaria pensando em falar para os setores mais conservadores da sociedade. "Este campo, conservador, não é o campo do PSDB, e Cunha quer se apropriar dele", avaliou um senador.
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