sábado, 25 de abril de 2015

Questionado, aluguel de Centro Pediátrico já custou R$ 1,5 milhão

Aluguel é de R$ 194 mil ao mês, bem superior às avaliações da Semadur e da CVI

Em diversas ocasiões, espera no Centro ficou do jeito mostrado na imagem (foto: Anna Gomes)

Em diversas ocasiões, espera no Centro ficou do jeito mostrado na imagem (foto: Anna Gomes)
Contestado pelo Conselho Municipal de Saúde e pelos próprios médicos e enfermeiros, o Cempe (Centro Municipal Pediátrico) – obra “menina dos olhos” do prefeito Gilmar Olarte, do PP – já custou R$ 1,55 milhão somente no pagamento de aluguéis ao empresário Mafuci Kadri, dono do Grupo El Kadri. Como não tem aval para manter o Centro, a dívida é paga com dinheiro de todos os setores municipais, menos da saúde.

O pagamento do aluguel à Mafuci Kadri é cercado de polêmicas. Em 2014, no início do projeto de implantação do então Hospital Municipal da Criança, o empresário pediu R$ 250 mil mensais pela cedência do prédio, ex Hospital Sírio Libanês.

O município então pediu duas avaliações da estrutura: a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento) deu parecer dizendo que o ideal seria um aluguel de R$ 130 mil; enquanto a CVI (Câmara de Valores Imobiliários) deu avaliação de R$ 140 mil. Mesmo assim, o contrato – assinado em agosto do ano passado – teve valor estipulado em R$ 194,1 mil a cada 30 dias. Além disso, a prefeitura paga toda a manutenção e, inclusive, seguro para o empresário Mafuci Kadri.

Os dados são oficiais e constam no processo de aluguel do prédio, assinado pelo Procurador-Geral do Município, Fábio Castro Leandro.

Na época, o prefeito Gilmar Olarte adiou o projeto de construção de um Hospital Municipal, em prol do Centro Pediátrico – já não mais Hospital Pediátrico, como anunciado antes. O projeto do Centro foi reprovado por duas vezes pelo Conselho Municipal de Saúde. Os conselheiros são contra a ideia de centralizar o atendimento pediátrico no centro da cidadã. Para eles, o dinheiro investido poderia reforçar o atendimento nas unidades de saúde já existentes na periferia.

Sem o aval do Conselho, Olarte não pode usar qualquer verba da saúde para custear o Cempe – seja municipal, estadual e federal. Mesmo assim, já arcou, em oito meses, com R$ 1,55 milhão somente no pagamento de aluguéis. Isso fora o custeio do Centro, que hoje gira em torno de R$ 2 milhões mensais, segundo dados do próprio prefeito. Os gastos ocorrem em plena época de crise financeira, alardeada pelo município.

Compensa?
Mesmo com todo o investimento, quem precisa do atendimento do Centro Municipal Pediátrico tem que esperar horas pelo médico. Na prática, além do atendimento demorado, a população tem que sair do bairro e ir até o centro da cidade para receber o atendimento.


Para os conselheiros municipais de saúde, o dinheiro seria melhor investido na contratação de mais profissionais, que seriam encaminhados para as unidades básicas e de pronto atendimento da periferia da cidade.

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