quarta-feira, 8 de abril de 2015

Ex-diretor da Enersul é chefe de gabinete de relator da CPI


A comissão tem como objetivo investigar desvio milionário de recursos, bem como o pagamento de um mensalão para 35 pessoas, entre pessoas físicas e jurídicas, ex-funcionários e políticos


(foto: ALMS)
O ex-diretor da Enersul Valter José Bortoletto é chefe de gabinete do relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Enersul, deputado estadual Beto Pereira (PDT). A comissão tem como objetivo investigar desvio milionário de recursos, bem como o pagamento de um Mensalão para 35 pessoas, das quais estão, segundo o deputado Marquinhos Trad (PMDB), pessoas físicas e jurídicas, ex-funcionários e políticos.

Valter José Bortoletto foi funcionário da Enersul por 30 anos e era responsável pelo relacionamento da empresa com o Poder Público. Já Beto Pereira é filho do último presidente da Enersul antes da privatização, o ex-senador Valter Pereira (PDT).

A reportagem entrou em contato com o deputado, que confirmou ter abrigado o ex-diretor da Enersul no maior cargo de seu gabinete, logo após ele ter sido demitido da concessionária de energia.

“O Valter foi nomeado no dia 1 de fevereiro de 2015, uma semana depois de ser mandado embora sem justa causa da Energisa. Em 29 de janeiro ele demandou contra a empresa na Justiça, antes mesmo de ser nomeado no meu gabinete”, disse justificando a nomeação do ex-diretor da empresa energética.

O parlamentar fez questão de ressaltar, sobre uma possível hipótese de que Valter Bortoletto estaria em seu gabinete para atacar a Enersul, de que ele não está a serviço de A ou B, mas para legislar e fiscalizar o dinheiro do contribuinte. Beto Pereira confirmou conhecer ‘muita gente’ que trabalha e trabalhou na Energisa, devido a seu pai ter presidido a concessionária antes da privatização.

O presidente da CPI, deputado Paulo Correia (PR) foi questionado sobre um eventual conflito de interesses, em manter Beto Pereira como relator de um caso tão importante, devido as suas estreitas ligações com ex-funcionários e funcionários da empresa, aos quais terá que investigar.

“Entendo que não, porque é um ex-funcionário que foi mandado embora. Se ele foi um cara que teve destaque dentro da Enersul, quero ajuda dele. E escolhi o Beto pela competência”, disse Paulo Correia resumidamente.

Consultado pela reportagem, deputado Marquinhos Trad (PMDB), que apresentou a requisição para abrir a CPI e a caixa preta da Enersul, foi incisivo em dizer que dado o nível de relacionamento, Beto Pereira não poderia nem participar da comissão.

“No Direito isso se chama ‘suspeição’. Então o Beto não poderia participar da CPI, quanto mais relatar”, afirmou. Marquinhos citou ainda, sem revelar nomes, que o caso está cada vez mais complexo e que recebeu novas denúncias de que na lista da Enersul ainda teriam empréstimos e doação de ônibus para Ongs de políticos.


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