quarta-feira, 22 de abril de 2015

ARTETERAPIA NO COMBATE À DEPRESSÃO


A arteterapia nos processos depressivos


A arte é a fada que transmuta e transfigura o mau destino.


(Manuel Bandeira)

 
Por: Vannda Santana
Revisão: Marcia Vital


Depressão e falta de ânimo

 
Depressão e falta de ânimo são palavras sintomáticas e são respostas de ações vividas sobre as pressões expostas pelo cotidiano. Diante de tais estados, somos obrigados a definir o que realmente é importante em nossa vida. Que significado estamos buscando para nossa existência – devemos lutar contra o desânimo? – se não quisermos continuar sofrendo. A resposta para tais atitudes deverá partir de uma decisão importante: a sua própria. Se queremos viver deprimidos e estressados ou eleger uma outra forma de olhar a vida. Inicialmente, o estado depressivo funciona como um sinal de alerta, de que algo está acontecendo de errado e que precisamos mudar a forma de agir e de pensar. Portanto, acredita-se que alimentar o ânimo de viver com atividades variadas, buscar motivos que assegurem maior importância ao bem-estar físico e emocional, seria um indicativo para que possamos atingir aquilo que pensamos ser qualidade de vida. A arteterapia, entre tantas outras práticas clínicas, oferece um eficaz instrumento de ajuda que auxilia os mecanismos humanos a evitar consequências psíquicas e físicas, assim como os sérios riscos que poderiam afetar nossa saúde psíquica.

 
Classificação hipotética dos vários estados da depressão

No quadro de Van Gogh, a depressão se apresenta reproduzida com tintas, cores e gestos e, nos gestos, um traço de total solidãoDepressão que tem sido íntima de artistas e poetas, desde tempos imemoriais, somente começou a receber a devida importância pela medicina a partir das últimas décadas. Nos anos de 1950 a 1960, a doença foi dividida em dois tipos: endógeno e neurótico. Endógena significa que a depressão vem de dentro do corpo, talvez de origem genética ou pode surgir do nada. A neurótica ou reativa tem um fator ambiental de precipitação como a morte de um dos cônjuges ou a perda de alguma coisa significativa: um bichinho de estimação, emprego, amizades e daí por diante. Nos anos de 1970 a 1980, o foco de atenção passou da causa da depressão aos seus efeitos sobre as pessoas atingidas. Isso quer dizer que qualquer que fosse a causa de um caso particular, os sintomas e as funções prejudicadas passariam a ser tratados por especialistas que se propusessem a concordar e diagnosticar como sendo um transtorno depressivo. O DSM-IV exemplifica as várias causas da depressão e afirma ser necessário o acompanhamento médico, assegurando não se tratar de uma sintomatologia banal, embora ainda hoje existam alguns argumentos distintos como em todos os ramos da medicina. Tendo sido vítima de uma antiga visão dicotômica e parcial sobre o ser humano, em que as doenças físicas eram separadas das alterações emocionais, os transtornos depressivos permaneceram, por muitos anos, à margem dos avanços neurocientíficos. Bem mais tarde e, gradativamente, esta visão foi sendo modificada e ampliada. Esse reconhecimento ganhou um novo olhar sobre a depressão. A partir daí, aderiu-se a um novo conceito no qual passou-se a reconhecer a mente e o corpo não mais como entidades separadas, mas, sim, como componentes de um ser humano que deve ser contemplado em toda a sua complexidade. Desse modo, os sintomas somáticos (corporais) são considerados como frequentes em até 94% dos pacientes deprimidos, podendo afetar todos os sistemas do corpo, gerando alterações e disfunções gastrintestinais, cardiológicas, dermatológicas, sexuais e até as mais complexas como as neuroendocrinológicas, vistas, hoje, como comuns. O estado depressivo passou a ser definido por uma alteração persistente do humor, diminuição do prazer nas atividades cotidianas, alterações de sono e apetite e outras alterações, tais como fatigabilidade aumentada, delineando-se em um perfil multifacetado:  sensação de vazio, de tristeza, de desânimo e de falta de sentidos na vida, um conjunto de elementos negativos irão contribuir para a baixa da autoestima do indivíduo e irão afetar, diretamente, o sistema imunológico.

 Por isso mesmo, é muito importante buscar auxílio, tratamento terapêutico ou psiquiátrico, o quanto antes para evitar o prolongamento da doença. O acolhimento familiar também é muito significativo, pois favorece a melhora psíquica. Além do stress emocional, há o stress físico que pode comprometer o indivíduo em quadros de pressão alta; favorecendo ao corpo manter-se num verdadeiro estado de contraturas musculares, o que, sem dúvida, poderia contribuir para um enfarte do miocárdio ou, até mesmo, levar o indivíduo ao suicídio.
 
E se não tivesse o amor?
E se não tivesse essa dor?
E se não tivesse o sofrer?
E se não tivesse o chorar?
(Caetano Veloso, It’s a long way)

 

Buscando ajuda à recuperação  

 
A melhor forma de tratar a depressão seria, em primeiro lugar, buscar ajuda psiquiátrica. E a partir daí, buscar um suporte psicoterapêutico. A arteterapia é sem dúvida, um grande aliado de cura. Não há uma receita mágica que livre o indivíduo de tais desajustes de uma hora para outra. A depressão é um transtorno que passa pela mudança de humor no qual uma pessoa tem pensamentos de extrema tristeza, desesperança, chegando, às vezes, ao desespero, e esses sentimentos costumam interferir na vida diária, como trabalhar, comer ou dormir. Portanto, cuidar em buscar alegrias verdadeiras, juntamente com uma ocupação saudável são algumas indicações que amenizam e podem oferecer caminhos para futuras soluções. Ainda assim, não se garante que se possa estar livre de qualquer sintoma derivado de um stress, porém o que se sabe é que esse agente tão agressor vem afetando grande parte da população contemporânea, causando vários transtornos sociais, assumindo uma espécie de mal do século pela forma como as pessoas são atingidas em sua dinâmica de vida. Leandro A. T. Tavares, autor de A Depressão como “Mal-Estar” Contemporâneo, fez jus à temática que deu origem ao nome de seu livro, vale consultá-lo.

Aliados de prevenção

Acredito no bom senso, no otimismo, no controle das emoções e na capacidade para refletir sobre as adversidades. Em outras palavras, a prevenção envolve, em primeiro lugar, a autoestima e, logo em seguida, uma predisposição para querer fazer algo; algo que sirva como estímulo, algo que acelere os processos de resiliência. De acordo com esse critério, a autoestima induz ao saber viver com resiliência, sobretudo, buscando nutrir o sentido de esperança e acreditar em dias melhores. Vamos explicar uma a uma.


A AUTOESTIMA é uma experiência íntima na qual o próprio indivíduo se vê envolvido ou pela falta ou pelo excesso. É o que ele sente a respeito e no entorno de si mesmo. Exemplificando: é um sentimento que nem todos estarão aptos a vivenciar face às atribuladas exigências cotidianas. A autoestima tem uma ligação direta com o sistema imunológico e com a consciência. Desse modo, a autoestima precisa ser estimulada para produzir a autoconfiança e, por assim dizer, levar o sujeito a confiar nas próprias idéias (autoeficiência),  acreditar mais e saber-se merecedor da felicidade com (auto respeito).

  
RESILIÊNCIA
 significa ser flexível, se autoajudar para voltar ao estado natural o mais rápido possível, buscando algo que possa fazê-lo levantar, sair da inércia, sacudir a poeira e dar a volta por cima (
Paulo Vanzolini). Resiliente é aquele que consegue reconhecer a dor, encontrar um sentido e suportá-la até que seja possível resolver o problema de uma forma positiva. Ser resiliente é buscar o reequilíbrio, enfrentando as circunstâncias com sabedoria e consciência de seu estado. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para esse enfrentamento em busca da superação dos problemas e das adversidades. Há ainda uma outra palavra a ser analisada em seu contexto, trata-se do estímulo que demanda à Esperança e que sem esse  precioso aliado, torna-se mais difícil sair do quadro depressivo, onde a doença impera.


 A ESPERANÇA também nos sugere ajuda, ou seja, alguma ação que nos remeta para a ajuda. O professor e psicólogo C.R. Snyder (1994) nos apresenta uma nova abordagem para o conceito de esperança. O autor referido fala que a esperança seria uma forma para se encontrar novos caminhos, seria um novo rumo frente aos objetivos desejados. Desse modo, podemos dizer que a maior contribuição da Teoria da Esperança de Snyder é salientar o aspecto cognitivo,  ou seja, o foco no processo de crenças e pensamentos envolvidos na esperança. O aspecto emocional será contemplado paralelamente e a esperança contribuirá naturalmente para o fluxo das emoções positivas, de bem estar e de felicidade. Afirmo que, em qualquer situação, onde haja a desesperança, há que se rever as nossas vontades de buscar meios para que se possam atingir resultados positivos: onde há vontade há meios! O autor citado nos diz que temos de investir na esperança para que possamos encontrar caminhos alternativos na eventualidade de obstáculos.

 
De que forma a Arteterapia pode ir ao encontro dessas necessidades

 
Como funciona a arteterapia e o que o arterapeuta pode oferecer? A arteterapia se destina a qualquer pessoa, independente do estado e do sintoma apresentado, quer seja físico ou psíquico. A arte é o instrumento de facilitação e libertação de expressões. Seus mecanismos simbólicos oferecem o ajuste das emoções psíquicas. Os instrumentos utilizados na prática do setting da oficina, apresentam variados tipos de materiais: papel, lápis de cor, colagem, cacoterapia, argila, batik, pintura em tecido, técnicas de cobertura em madeiras, confecção de peças de adorno para recriar representações visuais de pensamentos e sentimentos. A Arteterapia pode ser usada como atividade individual ou grupal. Os critérios arteterapêuticos usados através desses processos criativos simbólicos promovem ações facilitadoras para o equilíbrio emocional.

 
Importante: a arteterapia não busca fazer um artista; não requer nehuma habilidade artística; a arteterapia não impõe nem induz nenhuma atividade técnica; ela apenas utiliza-se dos materiais da arte para facilitar e transformar o sujeito em seus bloqueios. A Arteterapia com seus mecanismos expressivos explora as emoções e os pensamentos profundos, procurando resgatá-los e libertá-los do abismo dos padrões negativos recorrentes. Esses intensos sentimentos, às vezes,  se tornam imensamente dolorosos, impedindo que o indivíduo avance em seus projetos de vida. O arteterapeuta oferece efetiva orientação, apoio e oportunidade.
 

Bem, de qualquer modo, sempre que houver um problema em nossa vida, teremos de agir, de tomar decisões adequadas e conscientes, pois, ainda que estejamos frágeis,  é mais que um dever tornar nossa vida significativa e compensadora. Desse modo, para que possamos realizar esses eventos, principalmente, quando estivermos nos sentindo desmotivados, será muito necessário buscar ajuda de terapeutas e acreditar que sempre haverá uma luz no final do túnel. Pense nisso!

 


 

que é ArteTerapia?

Em algum momento de nossas vidas, podemos encontrar-nos oprimidos pelas circunstâncias e pela intensidade das nossas emoções, muitas vezes destabilizadoras e difíceis de “controlar”. A Arte terapia é uma oportunidade para explorar esses pensamentos e emoções profundas e intensas que podem tornar-se dolorosas e traduzir-se em sentimentos e ser exprimidos por uma forma de arte. Trata-se de utilizar uma grande variedade de materiais de arte, por exemplo tintas, argila e batik, para criar uma representações visuais de pensamentos e sentimentos. A Arte-terapia pode ser uma actividade individual, mas é frequentemente usada com muito sucesso em situações de grupo.

A quem se destina?

A arte e terapia destina-se a todos os que pretendem usar a arte como uma forma de expressão e com ela libertar o seu mundo mais oprimido através da expressão artistica.
  • Gestores e funcionários sob pressão
  • Pessoas que geralmente são stressadas e cansadas
  • Pessoas com problemas de saúde mental
  • Pessoas com dificuldades de aprendizagem severas
  • Crianças e jovens com problemas de conformidade
  • Na escola e com problemas pessoais em casa
  • Pessoas que se sentem sem problemas, mas mesmo assim gostaria de ter a oportunidade de explorar as questões dentro de si

Que habilidades são necessárias?

A resposta é simples: nenhuma. Arte terapia não requer nenhuma habilidade artística específica. O Terapeuta de arte terapia, oferece orientação e apoio ea oportunidade de explorar questões de interesse usando uma variedade de materiais de arte.

Porquê investir em ArteTerapia?

A arte terapia a um nível pessoal é um excelente  meio para explorar e desbloquear as questões internas . É um caminho seguro para expressar sentimentos fortes e por vezes grandes frustrações ou sentimentos auto-destrutivos. A arte terapia é uma excelente fonte que pode ser usada para a libertação de tensões, stress e da ansiedade. É excelente para melhorar a comunicação entre indivíduos, grupos ou equipes profissionais. A arte terapia é, também,  usada para explorar e ajudar a libertar a resistência à mudança. É de especial interesse para as pessoas com dificuldades de comunicação escrita e verbal.
arte e terapia pode ser tido como um excelente  gestor profissional de pessoas vulneráveis na comunidade, Arte Terapia pode ser usado para criar confiança e promover a mudança de vida e aumentar a confiança nas pessoas para as quais temos alguma responsabilidade.
Texto original de Love Dolhpin 

Fonte:

Pesquisa: 16/12/13 às 17h.




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