De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, qualquer capacitação que não seja a residência em pediatria é insuficiente
Foto: Top Mídia News/Arquivo
A prefeitura de Campo Grande anunciou hoje que irá ampliar o atendimento no Cempe (Centro Municipal Pediátrico) e que para isso, pretende “treinar” médicos clínicos gerais no atendimento à pediatria. A informação foi recebida com estranhamento pela Sociedade de Pediatria do Mato Grosso do Sul, que denunciou que considera insuficiente qualquer “treinamento” que não seja a residência pediátrica.
De acordo com a presidente da Sociedade de Pediatria do Mato Grosso do Sul, Tania Hildebrand, para ser um pediatra é necessário possuir diploma de curso superior em Medicina, com duração média de seis anos e especialização ou residência na área de Pediatria, já que a anatomia e funcionamento do corpo infantil são bastante diferentes da de um adulto. No entanto, o Prefeito Gilmar Olarte, PP, parece desconhecer a informação.
Ainda de acordo com a presidente, não há ilegalidade na questão, mas não é desejável para a sociedade que o atendimento de crianças seja feito por um clínico geral.
O anúncio foi feito em agenda pública na manhã desta quarta-feira (1). De acordo como prefeito o terceiro andar do prédio será usado na ampliação. Olarte não especificou como seria o tal treinamento e nem quanto tempo seria usado para a suposta capacitação.
Considerado a “menina dos olhos” de Olarte, o Cempe tem sido alvo de várias críticas. Médicos que atendem no Cempe recebem em média três vezes mais que os pediatras que atendem em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). (Leia aqui)
“É estranho que o prefeito não ofereça as mesmas condições de trabalho para pediatras que não atuam no Cempe. Que tipo de jogada política é essa?”, questiona Tania.
A presidente contesta ainda a necessidade de médicos clínicos gerais atenderem crianças. “A concentração de pediatras é enorme porque treinar clínicos gerais. Qualquer formação que não a residência será insuficiente”.
Na semana passada, os profissionais denunciaram ao Top Mídia News os frequentes deslocamentos dos postos de saúde para a instituição sem aviso prévio. Eles estariam sendo coagidos e forçados a irem para o Centro Pediátrico.
O Cempe, que apresenta superlotação, foi planejado para 250 atendimentos diários, mas recebe em média 600 crianças por dia.
Sobre a reclamação da demora no atendimento, Olarte informou que a ampliação do hospital será útil pra sanar o problema, considerado por ele, normal. “Eu que tenho Unimed precisou marcar uma consulta e demorou mais de um mês. Tive que pedir ao Jamal [Secretário Municipal de Saúde] para fazer meu atendimento”, disse.
Algumas licitações já foram iniciadas e o financiamento para a ampliação deve sair nos próximos dias.
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