Base governista defende que João Vaccari esclareça suspeitas contra ele.
Oposição diz que prisão demonstra irregularidades no alto escalão do PT.
A prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na manhã desta quarta-feira (15), na mais recente etapa da Operação Lava Jato, repercutiu no mundo político. Ao comentar a detenção do dirigente petista, parlamentares da base aliada disseram esperar que Vaccari esclareça rapidamente as acusações contra ele. A oposição, por outro lado, ressaltou que a prisão do tesoureiro demonstra que irregularidades atingiram o alto escalão do PT.
Vaccari foi preso em sua casa, em São Paulo. Ele é suspeito de ter recebido propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Integrante da CPI da Petrobras na Câmara, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse ao G1 que os esclarecimentos de Vaccari à comissão na semana passada foram convincentes. Segundo ela, apesar da detenção, o partido mantém a "confiança" no dirigente. “Do ponto de vista político, mantemos confiança de que ele não cometeu nada de errado”, ressaltou Rosário.
“Avaliamos que, do ponto de vista político, os esclarecimentos dele foram feitos à CPI e ao partido. [...] A dimensão judicial precisa ser abordada pelos advogados”, complementou a petista.
O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), disse que em razão de Vaccari ser “o homem do dinheiro do PT” ele havia sido protegido pelo partido até o momento em que foi preso.
“Essa prisão [de Vaccari] é a comprovação de que a corrupção na Petrobras tinha como finalidade o uso dos recursos desviados para financiamento ilegal de financiamento de campanha do PT e aliados”, destacou o líder do DEM.
Mendonça Filho disse que, na opinião dele, o PT errou ao não afastar Vaccari do cargo de tesoureiro “porque os indícios da participação dele no esquema eram grandes e graves”.
Embora destaque que “decisão da Justiça se cumpre”, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que cabe exclusivamente ao PT avaliar o momento em que um de seus dirigentes deve ser afastado da direção. “O PT toma as decisões que bem entender. Cada partido resolva como entender melhor”, enfatizou.
O parlamentar petista, entretanto, defendeu que o tesoureiro da sigla responda às indações da Polícia Federal em torno do suposto envolvimento de Vaccari com as irregularidades cometidas na Petrobras. “Foi decretada a prisão para que ele responda questionamentos da polícia sobre atuação dele. [...] Esperamos que ele esclareça o que aconteceu.”
O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), lembrou, por meio de nota, que é a segunda prisão de um tesoureiro do PT, referindo-se ao fato de que o ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenado no processo do mensalão do PT, cumpriu pena em presídio.
"O PT não tem credencias de partido político, e sim de lavanderia. O partido é reincidente ao ter o tesoureiro Vaccari, sucessor de Delúbio Soares, flagrado e preso por arrecadar dinheiro desviado de empresas públicas para alimentar suas campanhas e encher os bolsos de seus dirigentes", escreveu Caiado.
O parlamentar do DEM ponderou ainda que a prisão de Vaccari abre caminho para o PT perder o registro de partido político.
“Tudo caminha para que o PT perca o registro de partido político. E, comprovado que a presidente Dilma foi beneficiada por esse esquema em suas campanhas, será mais que suficiente para ela perder o mandato por corrupção", disse. Ele afirmou que Vaccari pode “se livrar de uma punição máxima” se fizer um acordo de delação premiada.
Aliado do PT, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que sua sigla apoia e aguarda as investigações da Operação Lava Jato, que também apura o suposto envolvimento de políticos peemedebistas no esquema de corrupção.
"Nós queremos que as investigações sejam rápidas para que, efetivamente, quem tiver responsabilidade responda pela responsabilidade. Então é muito importante para o Brasil que isso seja passado a limpo e todos devem ser investigados”, declarou.
Já o líder do Bloco Parlamentar da Oposição no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que a prisão de Vaccari é consequência das investigações e ajudará o processo. “Os fatos são da maior gravidade e exigiram a prisão como forma de possibilitar o avanço das investigações. [...] A prisão é recomendada em nome da eficiência da investigação”, disse.
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