Moradora afirma que empreiteira deixou buraco existente para quebrar e tapar novo
Após vídeos feitos pela população levantarem suspeitas sobre a operação tapa-buracos mantida com contratos milionários em Campo Grande, empreiteiras teriam passado a abrir crateras nos 'pontos de fissura' para depois fechar. Novos flagras foram feitos por leitores do Midiamax, e colocam em dúvida a explicação oficial para os supostos buracos fantasmas. Antes, empreiteira e poder público afirmaram que os serviços feitos em locais onde os moradores não viam buracos serviam para 'fechar fissuras'. No entanto, mudaram a forma de tratar o suposto problema após as denúncias.
Segundo leitora do Midiamax que mora na região das Moreninhas, ela filmou operários de uma empreiteira quebrando com picaretas o asfalto onde aparentemente não havia buraco. O flagrante aconteceu nesta quinta-feira (9) em uma rua do bairro Moreninha 2 e deixou a moradora desconfiada de que haveria desperdício de dinheiro público.
“Eles estiveram aqui na rua Barueri, quebrando o asfalto (com uma picareta). Um quebrava, o outro jogava o resto do asfalto no caminhão, outro molhava e jogava o piche, para passar a máquina. Eles fizeram isso em metade da rua Barueri, mas onde tinha buraco não taparam”, denunciou.
A moradora disse que filmou o serviço na frente dos funcionários da empreiteira, que chegaram a questioná-la. Porém, segundo ela, mesmo com a câmera ligada, os funcionários continuaram a quebrar o asfalto.
A reportagem do Midiamax também recebeu denúncia de moradores do bairro São Francisco. Segundo denúncia, parte do asfalto que apresentava fissura foi totalmente quebrado, para que funcionários fizessem o serviço de tapa-buraco.
Quando a leitora do Midiamax flagrou o chamado “tapa-buraco fantasma”, a empreiteira alegou que o asfalto tinha fissuras que precisavam ser arrumadas, mas a justificativa foi rechaçada pela oposição. Segundo a vereadora Thais Helena (PT), não há previsão de serviço de 'tapa-fissura' nos contratos feitos com empreiteiras. Ela ainda ressalta que o serviço de tapa-fissura é diferente do de tapa-buraco, que gasta mais material.
Inércia
Dois meses após denúncia de tapa-buraco fantasma, pouca coisa mudou no serviço feito por empreiteiras em Campo Grande. Quando a denúncia surgiu, o prefeito Gilmar Olarte (PP) prometeu cancelar contratos e fazer nova licitação, mas nada aconteceu. O serviço de tapa-buraco em Campo Grande continua sendo realizado pelas mesmas empresas, que estão ganhando até aditivos nos contratos.
Na Câmara os vereadores são cobrados, principalmente em sessões comunitárias, mas dos 29, apenas oito assinaram a favor de uma CPI. Os 21 que não assinaram alegam que não vêm motivo para tal atitude, visto que a prefeitura alega que não há irregularidades no serviço.
Os vereadores ignoraram, inclusive, o fato da própria prefeitura ter admitido que não fazia a fiscalização da maneira como deveria, até surgir a denúncia de buraco fantasma. A CPI do Buraco precisa de 10 assinaturas para sair do papel, mas só oito assinaram: Chiquinho Telles (PSD), Luiza Ribeiro (PPS), Paulo Pedra (PDT), Cazuza (PP), Ayrton do PT, Thais Helena (PT), Alex do PT e José Chadid (sem partido)”.
Segundo dados enviados pela própria prefeitura, nos últimos cinco anos foram gastos R$ 372,5 milhões só com tapa-buraco, sendo R$ 51,9 milhões em 2010, 64,5 milhões em 2011, R$ 109,9 milhões em 2012 (último ano da gestão de Nelsinho Trad-PMDB), R$ 68,2 milhões em 2013, R$ 71,2 milhões no ano passado e R$ 6,69 milhões nos dois primeiros meses deste ano.
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