quarta-feira, 22 de abril de 2015

Justiça decreta prisão de suspeito de aliciar menores em 'caso Bueno'

Advogado de suspeito esteve hoje na DPCA para recolher informações sobre o inquérito

Autor: Diana Christie e Rodson WillyamShare on email
Advogado Amilton Ferreira (Foto: Rodson Willyams)
Advogado Amilton Ferreira (Foto: Rodson Willyams)
A justiça decretou a prisão preventiva de Fabiano Viana Lutero, suspeito de intermediar o contato entre as adolescentes envolvidas no esquema de prostituição e os políticos e empresários que eram os alvos das chantagens do grupo. A informação é do advogado Amilton Ferreira de Almeida que compareceu nesta manhã (22) à DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente).

O advogado explica que conversou com o delegado Paulo Sérgio Lauretto para se inteirar do inquérito e agora estuda o melhor momento para apresentar seu cliente para a polícia. Conforme os autos, Fabiano é citado nos depoimentos do ex-vereador Robson Martins e das adolescentes como responsável por criar uma página na rede social Facebook com fotos de uma das meninas e conversar com os interessados como se fosse a jovem.

De acordo com advogado Amilton Ferreira, a defesa do ex-vereador Robson Leiria Martins e de Luciano Roberto Pageu solicitou que os envolvidos responsam ao processo em liberdade, mas o Ministério Público Estadual entrou com pedido para que a prisão preventiva seja mantida.

Também presente na DPCA, o advogado do vereador Alceu Bueno (PSL), que supostamente teria se relacionado com uma das meninas e pagado aos chantagistas R$ 100 mil para ter o nome preservado, Fábio Theodoro de Faria, garante que o parlamentar e pastor evangélico ainda não foi indiciado no processo. “O meu cliente não praticou esse fato. Ele está apresentando documentos que comprovam que ele foi vítima de uma armação e de uma extorsão”, enfatizou.

Fábio afirma que não pode dar mais detalhes sobre o processo, pois as investigações seguem em segredo de justiça. No entanto, ele admite que Alceu Bueno possa prestar novos depoimentos, mesmo que seja como testemunha. 

O Caso
A polícia começou a desvendar o esquema de prostituição depois que a mãe de uma adolescente do interior do Estado registrou boletim de ocorrência por sumiço da filha que, na verdade, estava em Campo Grande se prostituindo.

A adolescente entrou em contato com uma prima que mora na mesma cidade que sua mãe e fez convite para que também viesse para a Capital para fazer programas sexuais com homens da ‘alta sociedade’, que envolvia políticos e empresários. Com o objetivo de saber o paradeiro da desaparecida, o convite foi aceito.

Ao invés de vir para a Capital em busca do serviço de prostituta, a prima da adolescente passou o endereço para a mãe da adolescente, que veio a Campo Grande e encontrou na casa de sua filha vasto material fotográfico e filmagens dela mantendo relações sexuais ou sem roupa com políticos. Alceu Bueno e Sérgio Assis aparecem no material.

A partir da denúncia da mãe e com o material em mãos, a polícia civil iniciou as investigações e começou a desvendar uma teia de prostituição. Quando o vereador Alceu Bueno acionou a polícia denunciando que estava sendo extorquido por Luciano Pageu e Robson Martins, a polícia já tinha o material que o envolvia no esquema de prostituição e também o ex-vereador e ex-deputado estadual Sérgio Assis.

Como arquitetavam
O empresário Luciano Pageu tem uma revista denominada O Altar. Com isto, mantinha contato com vários políticos e empresários com envolvimento religioso, desde pastores aos fieis. Com a lista de contato telefônico em mãos, ele repassava para Fabiano, vulgo Sapão, que utilizava fotos das duas adolescentes para montar contatos na ferramenta WhatsApp. Ele também agia na rede social facebook se passando pelas jovens. Quando o encontro era confirmado, acionava as garotas.

Sapão se passava pelas adolescentes, seduzia e fazia propostas de programas sexuais, inclusive mandando fotos sensuais delas, ou seja, um homem agia como prostituta. Muitos ‘se deixaram levar’ e outros não. Os que ‘caíram’ foram gravados nos encontros conversando com as adolescentes e elas frisando que tinham 15 anos. Os encontros aconteciam em motéis da cidade, oportunidade em que as jovens também gravavam os atos sexuais e depois repassavam o material para a dupla presa que extorquiu Alceu Bueno.

O empresário do ramo alimentício, Wilson Joaquim, foi uma das vítimas contatadas por Sapão, mas logo no inicio da conversa constatou que era uma "cantada" e de imediato informou se tratava de homem casado e que não se dava a esse tipo de coisas, motivo pelo qual não deu continuidade na conversa.

De acordo com o empresário, no contato feito via WhatsApp, a garota – que na verdade era Sapão agindo- já foi logo chamando pelo nome dele e de sua empresa, mostrando desconhecimento sobre seu verdadeiro sobrenome. Não era uma pessoa conhecida.

Percebendo que se tratava de alguma mulher interessada em algo que levasse ao adultério, o empresário afirma que já cortou conversa por seguir à risca os seus princípios cristãos e ter família constituída. ‘Sem falar comigo, ou mesmo ouvirem, estão especulando o que não ocorreu. Eu e minha família não seremos abalados por algo que não ocorreu’, resume.

As adolescentes confirmam à polícia que o empresário foi contatado, mas não obtiveram êxito em convencê-lo a praticar o crime.

O ex-vereador e advogado Robson Martins e Luciano foram presos no estacionamento de um hipermercado quando tentavam extorquir o vereador Alceu Bueno, no dia 16 de abril deste ano. De acordo com depoimento do parlamentar mais de R$ 100 mil foram entregues aos dois.

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