Pastor confirma apoio a candidato, mas nega vínculo
A reportagem do Midiamax foi até a sede da Igreja Mundial do Poder de Deus na manhã desta terça-feira (21) para repercutir a polêmica envolvendo o vereador Alceu Bueno (PSL) com suposta rede de prostituição de adolescentes. Porém, um dos líderes da igreja em Mato Grosso do Sul, Pastor Edson, garantiu que ele não é nem membro da igreja.
“Ele é da área do futebol. Quando quer vem e quando não quer não vem. A pessoa para ser membro tem que ser batizado e estar congregando”, declarou o pastor já no começo da entrevista.
A reportagem foi até a igreja porque durante a campanha Alceu gravou até vídeo com o apóstolo Valdemiro Santiago, presidente nacional da igreja, onde é identificado como missionário. Mas, o pastor garante que embora a igreja tenha apoiado Alceu, não significa que tem compromisso ou responsabilidade por ele.
“Ele nem aparece com frequência na igreja. Às vezes vem no domingo. Não tem vínculo porque não tem responsabilidade com a igreja. Ele não tem compromisso com a igreja e nem a igreja responsabilidade com a vida dele”, disse o pastor, garantindo que Alceu não está entre os 1500 membros.
O pastor diz que tem conhecimento de que Alceu também frequenta a Assembleia de Deus e a Igreja Batista. “Posso afirmar que ele não é membro de nenhuma delas, porque não vejo compromisso. Cadê o compromisso como membro e pessoa que congrega?”, questionou.
Apoio a candidatura
O pastor admite que a igreja apoiou a candidatura de Alceu Bueno, mas deixa claro que não há compromisso. Indagado se o fato pode fazer a igreja pensar duas vezes antes de apoiar uma candidatura, o pastor afirma que sempre toma cuidado, mas que não é possível prever que alguém pode vir a ter alguma mudança futuramente.
“A pessoa pode se apresentar com um caráter e depois apresentar outra. Como vou saber se a pessoa vai fazer alguma coisa? Se não tem nada que desabone, não podemos julgar”, justificou.
O pastor afirma que mesmo com comprovações não poderia, por exemplo, impedir que um membro ou qualquer pessoa frequentasse a igreja, mas que se tratando de pastor, com certeza seria expulso.
O Caso
O vereador Alceu Bueno e o ex-deputado federal Sérgio Assis são citados em investigação sobre a aliciação de adolescentes.Tudo começou com um boletim de ocorrência registrado pela mãe de uma das menores no município de Coxim. Ela relatou que a filha havia fugido de casa no dia 13 de março, levando consigo apenas uma mochila. A garota foi encontrada no dia 23 de março, na casa de Fabiano Viana Otero, junto com outra menor, também de 15 anos.
Fabiano e a menor disseram ao delegado que a outra adolescente foi encontrada perambulando pelas imediações da rodoviária. A jovem que fugiu de Coxim foi entregue para a mãe e Fabiano liberado, mas a outra adolescente contou detalhes do esquema de prostituição a uma conselheira tutelar.
A jovem revelou que Fabiano, também chamado de Fábio, conseguia clientes que pagavam quantias altas em dinheiro em troca de serviços sexuais. Foi a menor que contou a conselheira que saiu com o vereador Alceu Bueno no final de semana dos dias 21 e 22 de março. Segundo a adolescente, ela foi levada até o encontro com o vereador por Fabiano e Luciano Pageu, preso em flagrante por extorsão na quinta-feira (17).
Segundo depoimento, durante encontro as jovens levaram uma câmera escondida em um controle remoto de abrir garagem para filmar a relação com o vereador e, posteriormente, extorqui-lo para conseguir dinheiro, que também seria divido com elas.
Após depoimento, a polícia se dirigiu a casa de Fabiano e encontrou três cartões de memória micro SD. Em um dos cartões foram identificadas imagens da adolescente se encontrando com um individuo conduzindo uma Hilux, que estava registrada no nome do ex-deputado Sérgio Assis. As imagens mostraram a menor ingressando em um motel “onde a mesma mantém relações sexuais com um indivíduo masculino com características idênticas a Sérgio Pereira de Assis se comparada a fotografia extraída do Sigo”, diz parte do inquérito.
No dia 1º de abril a adolescente foi até a delegacia, onde confirmou que Fabiano arquitetou os programas e a extorsão ao vereador. As menores revelaram aos policiais que saíram com Alceu em duas oportunidades, munidas com a câmera, para depois extorqui-lo.
O primo de uma das adolescentes tomou conhecimento da situação porque viu conversas dela com outra prima, de Costa Rica. Ela estava convidando a prima para vir a Campo Grande. Segundo o primo, a menor não considerava as saídas como prostituição, porque entrava em contato com pessoas importantes para que elas saíssem com eles e filmassem, para depois extorqui-los. Segundo a adolescente, Fabiano prometeu para elas que em duas semanas, já milionários, eles se mudariam para São Paulo.
O primo da jovem entregou um micro SD com imagens de Alceu Bueno para o delegado. A menor disse ao primo que não sabia onde estava outro cartão, que segundo a polícia, é o encontrado na casa de Fabiano, com imagens de Sérgio Assis.
O ex-vereador Robson Martins e o empresário Luciano Pageu foram presos em flagrante, no estacionamento de um supermercado da Capital, na tarde de quinta-feira (17), ao extorquirem o parlamentar.
Na ocasião da prisão, o vereador Alceu Bueno entregava R$ 15 mil, em dinheiro, à dupla, uma espécie de segunda parcela – a primeira foi de R$ 100 mil – para evitar que supostos conteúdos comprometedores, incluindo fotos e conversas por mensagens de celular, relativos ao envolvimento dele com adolescentes. Estas, pelo menos, são informações que constam no material policial enviado à Justiça após as prisões. O delegado Paulo Loretto ainda não se pronunciou e prometeu falar com a imprensa apenas na próxima quarta-feira.
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