Um dos réus alega insanidade mental e pode ser dispensado de audiência
O TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) realiza nesta sexta-feira (5) a última audiência antes do julgamento do processo que apura responsabilidades no escândalo conhecido como ‘cheques em branco’. Foram convocados para depor o prefeito afastado Gilmar Antunes Olarte (PP), o ex-assessor especial da Segov (Secretaria Municipal de Governo), Ronan Edson Feitosa de Lima, e o militar aposentado Luiz Marcio Feliciano.
A testemunha Fabrice Amaral também havia sido convocada, mas após várias tentativas de localizá-la, Ronan Feitosa desistiu de coloca-la para depor em sua defesa. Os réus foram indiciados por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e associação criminosa, após investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A curadora de Luiz Feliciano também solicitou que ele não participe da audiência alegando insanidade mental.
"Na situação em que se encontra o requerente a simples exposição do mesmo para ser interrogado será no mínimo vexatória, atinge diretamente sua integridade moral e familiar, pois devemos lembrar que o processo é publico, e mídia acompanha tudo passo a passo", argumenta em documento anexado ao processo. Até o momento não foi divulgada nenhuma decisão à respeito do pedido.
De acordo com o MPE (Ministério Público Estadual), o grupo atuava “fazendo ofertas de ajuda política, empregos futuros e outras participações no executivo municipal” para obter “cheques bancários, que passaram a descontar com agiotas ou em factorings [compra de ativos financeiros], deixando sem fundos as respectivas contas bancárias, causando prejuízos aos seus titulares”.
Após análise da perícia forense, o TJ-MS reconheceu que cinco dos cerca de 40 cheques anexados ao processo de acusação são falsos. Os documentos serão retirados dos autos, o que, para o advogado Jail Azambuja, colabora com a teoria da defesa dos réus de suposta armação política. “Foi pedido um incidente de falsidade, foi julgado e constatou que os cheques eram falsos realmente. Isso demonstra que foi feita uma grande armação. É um grande reforço na nossa tese, de que as pessoas armaram essa situação a mando de um grupo”, enfatiza.
As lâminas foram entregues pelo agiota Salem Pereira Vieira, mas isso ainda não significa vitória para os réus. Segundo o MPE, os depoimentos das testemunhas de acusação são muito fortes e a decisão não invalida os demais cheques. Conforme o agiota Salem Pereira, Ronan Feitosa ofereceu áreas públicas, a regularização de terrenos com impostos atrasados e até mesmo empréstimos de um caminhão com caçamba da Secretaria Municipal de Obras como garantias para os empréstimos.
Os recursos seriam todos repassados a Gilmar Olarte, que teria se encontrado uma vez com o agiota, em frente a um banco localizado no Parque dos Poderes. Salem teria gravado imagens do esquema de corrupção com uma caneta espiã, tudo como uma forma de seguro em caso de calote e, quando os cheques começaram a voltar, somou um prejuízo de cerca de R$ 38 mil.
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