segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Olarte responsabiliza professores por merenda estragada em sua gestão

Prefeito afastado nega irregularidades apontadas pela CGU e reclama de suposta manobra de Bernal para prejudicar sua imagem

O prefeito afastado Gilmar Antunes Olarte (PP por liminar) nega as irregularidades apontadas em relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre a qualidade da merenda escolar e responsabiliza os educadores pelos alimentos perdidos. “Os professores em greve deixaram estragar merenda nas escolas e mandaram para a central”, dispara.

Além disso, segundo ele, o prefeito Alcides Bernal (PP) aproveitou o período de vacância do cargo de Superintendente de Abastecimento Alimentar para prejudica-lo. “Bernal tentou inverter a situação tanto que, de cinco a dez dias que ele assumiu, não tinha responsável pelas merendas. [...] Fiz boletim de ocorrência na Polícia Civil e vou procurar os meus direitos”, declarou.

As visitas da CGU foram realizadas em 20 unidades escolares do município, entre 17 e 28 de agosto, período de transição entre as duas gestões. De acordo com o relatório, foram identificados diversos indícios de sobrepreços nos valores dos alimentos e de direcionamento de licitação.

Como o dinheiro das refeições tem grande participação de recursos federais, a CGU recomendou a devolução de R$ 16,4 milhões aos cofres da União e sugeriu uma série de mudanças no sistema de distribuição de alimentos da prefeitura, que é ineficiente, provocando a falta de diversos ingredientes nas unidades de educação, e falha no controle da validade dos produtos.

Durante as visitas, os fiscais encontraram alimentos vencidos ou estragados em cinco locais analisados. Ao todo, as escolas perderam 48 pacotes de fubá (1 kg e 500g), 34 pacotes de feijão, sete de colorau e 35 litros de óleo. Já na Suali (Superintendência de Abastecimento Alimentar), foi preciso descartar 954 kg de carne, mais 143 kg de Feijão carioca, 8 kg de sal refinado, 39 kg de farinha de mandioca, oito potes de margarina, 37 litros de óleo, 11 vidros de 750 mil de vinagre e 1 kg de colorau.

Foto: Geovanni Gomes

Trocas de produtos
Segundo a CGU, além de valores acima do mercado, o fornecimento nas escolas e creches não seria fiscalizado, sendo impossível garantir que todos os produtos cobrados foram entregues. Durante a vistoria realizada na Suali, os fiscais identificaram que os fornecedores que venceram o certame estão entregando alimentos de marcas diferentes daqueles constantes na ata de registro de preços.

Por exemplo, a polpa de tomate comprada a R$ 2,07 a unidade, deveria ser da marca Quero, mas foram entregues produtos Olé. O mesmo acontece com o feijão carioca Trindade, comprado a R$ 3,83, mas entregues as marcas Elite e Canarinho; e o achocolatado em pó instantâneo Choco Celli, que deveria ser Muky, adquirido pelo preço de R$ 4,78.


Em relação a essas denúncias, Olarte admite possível ‘confusão’ na troca de produtos, mas ainda assim afirma tratar-se de um problema esporádico, causado por falha humana. “São mais de cem escolas. Sempre que há ser humano envolvido é possível de ter erros”, justifica.

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