domingo, 14 de fevereiro de 2016

Mesmo com novas unidades e projetos, caos na saúde permanece em Campo Grande

Com poucos médicos, pacientes chegam a aguardar por mais de cinco horas para conseguir um atendimento

A Prefeitura Municipal de Campo Grande lançou no último dia 20 de janeiro um programa de gerenciamento de plantões com a intenção de agilizar o atendimento nos postos de saúde da Capital, mas segundo a população, o atendimento ainda está lento. Com poucos médicos, pacientes chegam a aguardar por mais de cinco horas para conseguir um atendimento.

Segundo o município, a primeira etapa do projeto inovador prevê gerenciamento de plantões dos médicos, oferecendo mais transparência, rapidez e qualidade no atendimento à saúde da população. Nas unidades de saúde, no entanto, pacientes ainda denunciam os mesmos problemas, incluindo o campeão nas reclamações: demora demasiada no atendimento, mesmo hoje, mais de vinte dias após o lançamento do projeto.

André da Costa, 37, sentiu fortes dores nas coluna, não suportando tamanho incomodo, resolveu procurar a UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) do Coronel Antonino. Ele conta que, por estar sentindo fortes dores, acreditava realmente que talvez seu problema fosse resolvido rapidamente.

"Trabalho com um serviço pesado, meu serviço é em construção civil. Não aguentava mais sentir dores e achei melhor ir ao médico, mas já estou me arrependendo. Estou no aguardo há mais de cinco horas e nada de ser atendido", disse.

 (Mateus sofreu acidente de moto e aguardava para passar por um médico. Foto: André de Abreu)

Um outro paciente, Mateus Paxeco,21, caiu de sua motocicleta, passando a sentido dores, com vários machucados pelo corpo. O jovem também procurou um atendimento médico. Ele estava aguardando há mais de três horas e ainda não havia sido atendido.

"Estou todo ralado, com dores no ombro e na coluna, nem lugar para sentar aqui tem, está tudo lotado", disse o rapaz que aguardava atendimento em pé.

 
(Mulher sente constantes dores e reclama do atendimento. Foto: André de Abreu.)

A operadora de caixa Marluci Ferreira, 42, explica que estava trabalhando, quando começou a sentir dores pelo corpo. Então, foi até a unidade de saúde e depois de horas aguardando ainda não tinha sido atendida.

"Tudo enrola, estou até agora sem almoçar pois saí direto do trabalho e nem lugar para as pessoas sentarem aqui tem. Sinto muitas dores mas no atendimento público tudo demora. Fiquei quatro meses aguardando para me consultar com um ortopedista, o médico me disse que preciso fazer exames de raio-x que só teve vaga no dia oito de março, quase dois meses após minha consulta e mais de seis com dores. Enquanto não consigo uma solução definitiva, preciso ficar vindo até a UPA para me aplicarem algum medicamento para amenizar minhas dores", lamentou.

O programa foi criado pelo Instituto Municipal de Tecnologia da Informação (IMTI) usando apenas recursos próprios. Durante o lançamento, o prefeito Alcides Bernal (PP) chegou a alfinetar seu antecessor e garantiu que o projeto realmente funcionaria, ao contrário do Gisa (Gestão de Informação em Saúde) .

Gisa 
Esse antigo sistema foi contratado por mais de R$ 8,2 milhões e passou a ser desenvolvido em 2010, mas nunca funcionou efetivamente. Atualmente a prefeitura precisa pagar R$ 14,8 milhões (com juros e correção) ao Ministério da Saúde por ressarcimento.


O Ministério Público Federal ajuizou ação para cobrar do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PTB) e o ex-secretário de saúde e atual deputado federal Luiz Henrique Mandetta sobre os valores gastos com o programa computacional.

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