Para tentar tirar seu pai da prisão, Bernardo Cerveró recorreu à influência do senador
Em depoimento, o filho de Nestor Cerveró, Bernardo, relatou ter entrado em contato com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) para conseguir a liberdade de seu pai, ex-diretor da Petrobrás preso em janeiro de 2015 por suspeita de corrupção, constatada durante as investigações da Operação Lava Jato. O pedido teria sido através de um e-mail, na época da prisão de Cerveró.
A declaração foi dada em depoimento de Bernardo à Procuradoria Geral da República, no ano passado. Conforme a Folha de São Paulo, na ocasião, ele indicou que a procura por Delcídio tinha relação com os habeas corpus impetrados pelo advogado Edson Ribeiro para obter a soltura de Cerveró, que teria sido ‘dada como certa’ por Ribeiro. Ainda assim, e-mail tinha a intenção de, aproveitando da influência do senador, tentar acelerar as ações do advogado. O petista e o ex-diretor da estatal são próximos e trabalharam juntos entre 2000 e 2002.
Contudo, a prisão de Delcídio foi justamente por intervenção do próprio Bernardo Cerveró, que gravou em segredo o diálogo no qual o senador discutia as maneiras de ajudar Nestor, onde sugeriu que atuaria junto a ministros do Supremo para conseguir o habeas corpus, citou possíveis rotas de fuga e mencionou inclusive um auxílio financeiro para que ele não mencionasse seu nome em delação premiada.
Acusado de atrapalhar as investigações da Operação, o petista foi preso em novembro, mas solto no dia 19 de fevereiro por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas logo entrou com pedido de licença do mandato pelo prazo de 15 dias. Teori determinou que Delcídio não poderá deixar o país e será obrigado a entregar o passaporte à Justiça. Ele também terá de comparecer quinzenalmente diante de um juiz e cumprir todos os atos processuais para os quais for convocado. Segundo Teori, o parlamentar poderá ficar em liberdade, porque a delação de Nestor Cerveró já foi concluída.
Além de Delcídio, foram presos em novembro, também suspeitos de envolvimento, o advogado Edson Ribeiro, o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira, e o ex-presidente do BTG Pactual André Esteves.
Defesa
Os advogados de Delcídio do Amaral e de Edson Ribeiro argumentam que o e-mail mostra que Bernardo foi quem buscou influência para conseguir decisões favoráveis ao pai e agiu como "agente provocador". A defesa de Bernardo não comentou.
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