Adriano Fernandes
É um contraponto curioso para não dizer preocupante o paradeiro em alguns comércios do centro de Campo Grande. Para quem passa por trechos de ruas como a Dom Aquino, a baixo dos trilhos da esplanada ferroviária, por exemplo, fica claro que o movimento por lá miou e a justificativa passa longe de ser a crise econômica.
Quem confirma são os próprios lojistas que mesmo mantendo os preços muito baixos, tentam se virar como podem para não fechar as portas. Há 16 anos a empresária Ana Luiza dos Prazeres, de 37 anos, abria no número 1031 da rua a loja de móveis usados, "Bom Jesus".
No estabelecimento de compra, venda e até troca de móveis, um dia o movimento de clientes foi intenso, quando a antiga rodoviária funcionava na região. “Aqui era corredor de passageiros que viam do interior ou de fazendas e era mais fácil vender. Eles viam atrás de bom preço e se o móvel era bom, nem sequer pechinchavam”, lembra.
Mas os tempos passaram, veio a mudança de endereço do terminal e o movimento cai a cada ano. Onde antes se achava só móveis usados, Ana passou a também alugar artigos infantis para festas e tem até pimenta. Tudo para complementar a renda já que o carro-chefe da loja, por si só, não se sustenta mais.
O estoque de móveis foi reduzido aos poucos. Ainda há televisores, geladeira e até máquinas de costura. Até algumas das peças da decoração que Ana aluga é ela mesma quem produz. “Os poucos clientes que eu tenho são clientes fixos e mesmo assim, atendo no máximo uma festa por semana. Um ou dois por dia”, comenta.
Quase em frente ao negócio de Ana, o comerciante Aguinaldo Vieira de Souza, de 39 anos, diz que houve dias em que o faturamento não passou de R$ 15,00. “Tem dias que entra um cliente na loja. Tenho roupas estocadas há meses. Só não saio daqui ainda porque minha esposa tem outra loja em outro endereço, o que ajuda a complementar a renda”, se queixa.
“Esse trecho da Dom Aquino necessita de uma revitalização. É como se o centro de Campo Grande só existisse até a Rua Calógeras”, desabafa.
De sapatos Vizzano a vestidos de festa, o senhor Ocimar Guilherme garante que tudo que vende na “Samá Modas”, sua lojinha na Dom Aquino, custa no máximo R$ 30,00. Mesmo com o preço camarada ele se queixa da falta de clientes.
“Quando vendo muito, são dez peças em um dia. Me ´viro` de alguns bicos que eu faço, porque só com o lucro da loja não é o suficiente”, diz. Mas enquanto o comerciante ainda faz questão de se manter por ali, o sapateiro Gonçalo Martins da Silva pretende se mudar do endereço já no próximo mês.
O motivo ele resume: “Está mais parado que água de poço”. Na Dom Aquino, ele está há pouco mais de um ano, mas até na Europa ele já viveu, por 10. “Esta região ainda é muito mal vista pela população. Foi ponto durante muito tempo de drogados e depois que fecharam a rodoviária o movimento diminuiu muito”, reclama.
Com direito a estrutura grandiosa, o salão de beleza "NetyElite" tenta chamar a atenção pelos preço baixos, mas o fluxo ainda não anima. No local, o corte feminino, seguido da hidratação e a escova no cabelo, custa R$ 50,00.
A manicure cobra R$ 25,00 pé e mão e a proprietária Maria Ivonete Ferreira, de 57 anos, passou a oferecer até mega-hair para as clientes, na tentativa de emplacar o movimento.
“Achamos que com a construção da Esplanada Ferroviária ia aumentar o movimento, mas nada. Minha estrutura comporta o atendimento de até 30 clientes, mas já tiveram dias em que não atendi nenhum”, se queixa.
Dona Maria brinca que até o cabeleiro Orlando do Muquifo da Dom Aquino, que já foi pauta aqui doLado B, ela já quis contratar para aumentar o movimento do salão
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