quarta-feira, 8 de abril de 2015

Há 'clamor' da sociedade por votação da maioridade penal, diz Cunha

Presidente da Câmara foi à instalação da comissão que analisará texto.

Proposta reduz de 18 para 16 anos maioridade penal no Brasil.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
Eduardo Cunha (centro) acompanha instalação de comissão especial sobre maioridade penal (Foto: Nathalia Passarinho / G1)Eduardo Cunha (centro) acompanha instalação de comissão especial sobre maioridade penal (Foto: Nathalia Passarinho / G1)
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira (8) que existe um “clamor” da sociedade pela votação da proposta de emenda à Constituição que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Em uma demonstração de que a Casa vai priorizar a tramitação da matéria, o peemedebista compareceu à primeira reunião da comissão especial que votará o texto antes de ele seguir para o plenário.

“A instalação dessa comissão não necessariamente quer dizer que a matéria será aprovada. Tudo isso será fruto do debate. O mais importante é a gente não se furtar de debater um tema que tem um clamor da sociedade. A sociedade está clamando por isso. E aparentemente é um tema que tem grande aceitação do Congresso. O debate é muito importante”, disse Cunha.

Neste ano, a CCJ da Câmara retomou as discussões e a proposta foi aprovada no dia 31 de março após várias tentativas de adiamento por parlamentares contrários, em minoria na comissão. “O pior é a gente esconder o debate. Se a gente, por opção legislativa não legislarmos, tudo bem. Mas por obstrução não legislarmos, não é o correto”, disse o presidente da Câmara.
Ele afirmou ainda ser “pessoalmente” a favor de penalizar menores que cometem crimes. “Tem que debater e depois tem que votar. Apesar de eu pessoalmente ser favorável à [proposta], isso não significa que será ou não aprovada. O resultado será fruto daquilo que 3/5 da Casa decidir”, declarou.

Cunha também criticou a demora da aprovação do texto na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, ocasionada, sobretudo, pela obstrução do PT, partido que é contra a redução da maioridade. A PEC foi apresentada em agosto de 1993 e ficou mais de 21 anos parada.
A instalação dessa comissão não necessariamente quer dizer que a matéria será aprovada. Tudo isso será fruto do debate. O mais importante é a gente não se furtar de debater um tema que tem um clamor da sociedade. A sociedade está clamando por isso. E aparentemente é um tema que tem grande aceitação do Congresso. O debate é muito importante"
Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
Presidente da Câmara
Comissão
A comissão especial que analisará a PEC foi instalada nesta quarta. O presidente do colegiado será o deputado André Moura (PSC-CE) e o vice, o deputado Efraim Filho (DEM-PB). Após tomar posse, André Moura disse que agirá como “magistrado” na condução da comissão e prometeu fazer um “amplo debate” sobre o tema.
“Sabemos que o tema que iremos aqui deliberar é um tema polêmico, mas como presidente da comissão irei agir como verdadeiro magistrado. Independente da posição pessoal, o debate aqui deve ouvir todos os lados, tanto os que são favoráveis quanto os contrários”, disse.
Durante a reunião, a maioria dos deputados que integram a comissão discursou a favor da redução da maioridade penal. O deputado Laerte Bessa (PR-DF), que foi delegado de polícia, elogiou a “coragem” de Eduardo Cunha em privilegiar a tramitação da PEC. “Eu já levei tiro de menor, cusparada de menor”, contou.
Já o vice-presidente da comissão defendeu incorporar à proposta uma previsão de referendo, para que a população valide ou rejeite posteriormente o texto que for aprovado pelo Congresso. O deputado Felipe Maia (DEM-RN) disse não considerar que a mera redução da maioridade penal possa reduzir a criminalidade, mas defendeu a votação e discussão da matéria.
"A taxa de reincidência nas unidades socioeducativas é menor que a dos presídios. Eu acho que essa PEC não é solução da criminalidade. Mas meu posicionamento se dará daqui a 40 sessões, após o debate", afirmou. 
Se for aprovada na comissão especial, a proposta vai ao plenário, onde são exigidos 308 votos, do total de 513 deputados, para aprovação, em duas votações. Depois, o texto precisa passar pela CCJ do Senado e mais duas votações no plenário, onde são exigidos 49 votos entre os 81 senadores.
O texto original é de autoria do ex-deputado Benedito Domingos (PP-DF), e altera a redação do artigo 228 da Constituição Federal, com o objetivo de reduzir de 18 para 16 anos a idade mínima para a responsabilização penal.
Pelo artigo 228 da Constituição Federal, "são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial". A redação proposta pela PEC sugere que o artigo seja substituído por: “São penalmente inimputáveis os menores de dezesseis anos, sujeitos às normas da legislação especial”.

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