segunda-feira, 20 de abril de 2015

Vereador se cala sobre R$ 100 mil e supostas fotos com adolescentes

Alceu disse que imprensa fala o que quer, mas se cala

O vereador Alceu Bueno (PSL) não respondeu à equipe de reportagem sobre os R$ 100 mil e supostas fotos com adolescentes relatadas em inquérito que investiga alegada extorsão que ele teria sofrido do ex-vereador Robson Martins e de Luciano Pageu.
Indagado se recuperou os R$ 100 mil e se as fotos relatadas em inquérito existem, o vereador preferiu questionar matéria do Jornal Midiamax, relatando a trama que acabou levando o ex-vereador e suposto cúmplice a prisão.
“Prendi dois bandidos e ajudei a desmantelar uma rede de prostituição e vocês colocam como se eu fosse o bandido”, reclamou. A equipe de reportagem disse ao vereador que a matéria teve como base o inquérito policial e o vereador preferiu falar sobre os danos causados com o caso. “Estou com minha filha internada, sofrendo, e a imprensa colocando o que quer”, protestou.
A equipe de reportagem ressaltou ao vereador que algumas coisas ficaram mal esclarecidas, como o fato de ele ter pago R$ 100 mil à dupla, mesmo sendo inocente, e se estas fotos que estariam sendo usadas para a extorsão existem, mas o vereador não respondeu. “Se Deus vive, a justiça será feita”, finalizou.
O caso
A matéria feita pelo Jornal Midimax teve como base o termo de declaração em auto de prisão em flagrante e foram dadas por Bueno, na condição de vítima, na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), no mesmo dia das prisões.
Um inquérito aberto na mesma unidade policial, no começo de abril, apontou a existência de um esquema armado para extorquir autoridades públicas mediante o envolvimento sexual delas com adolescentes.
O vereador Alceu Bueno (PSL) disse à polícia ter pago R$ 100 mil para proteger a própria honra e evitar que supostos conteúdos comprometedores, o ligando a envolvimento sexual com adolescentes, fossem levados a público. O pagamento teria sido feito ao ex-vereador Robson Martins e a Luciano Pageu, ambos presos em flagrante por extorsão ao receberem mais R$ 15 mil do parlamentar, na tarde de quinta-feira (16), em Campo Grande.
Segundo o delegado-titular da Depca, Paulo Lauretto, no auto de prisão em flagrante de Robson e Luciano, no inquérito 365/14 até o momento, “restou demonstrado que um homem identificado como Fabiano Viana Otero, também chamado de Fábio, teria induzido as adolescentes (...), ambas de 15 anos de idade, a saírem, dentre outras pessoas, com José Alceu Padilha Bueno, com ele mantendo relações sexuais, e levarem consigo uma microcâmera com a finalidade de futuramente extorquir referida pessoa”.
Em seguida, o delegado explica mais: “de acordo com o depoimento das adolescentes, na articulação de Fabiano, este contava com o auxílio de uma pessoa até então mencionada por Luciano”. O chefe da Depca pediu a prisão de Fabiano, que estaria sob análise da Justiça.
Os primeiros R$ 100 mil da extorsão, segundo Alceu, foram entregues a Robson e Luciano dentro do quarto do próprio vereador, a título de ‘calar a boca de Fabiano’. Em depoimento, o parlamentar diz ter sido submetido a uma “lavagem cerebral” sobre os riscos que corria por conta de conteúdos, possivelmente comprometedores, existente em conversas de celular em poder de uma suposta cafetina chamada “Lindiane ou Liliane”.
Porém, segundo Alceu, o grupo não ficou satisfeito e pediu mais R$ 50 mil, o que lhe motivou a ir até a delegacia para registrar queixa por extorsão. A negociação chegou à casa dos R$ 27 mil e, no momento do flagrante, no estacionamento de um supermercado, havia R$ 15 mil em dinheiro.
Já Luciano Pageu disse que entrou em contato com a cafetina, por meio de Fabiano e convenceu a mulher a mostrar a ele as imagens, nas quais afirma ter reconhecido o vereador. “Sendo que em tais fotos as meninas estavam nuas, se beijando, e Alceu Bueno estava no meio delas, além de outras fotos dele envolvido com elas”, disse o homem no depoimento, afirmando ter reconhecido o parlamentar “de imediato, tendo em vista que conhece o vereador há muito tempo, pois ambos são evangélicos”.
Pela versão do vereador, Luciano teria lhe pressionado, dizendo que era homem público e caso poderia ser levado até a mulher dele ou à igreja onde é pastor. Pelos depoimentos, Robson teria entrado na história para ajudar, enquanto advogado, “que já foi vereador e tinha passado por uma situação semelhante anteriormente”.

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