segunda-feira, 30 de março de 2015

Investigada por suposto ‘mensalão’, Energisa lucrou R$ 34,4 milhões em 2014


Empresa publicou demonstrativo sobre operações financeiras do ano passado; relatório aponta aumento da dívida da Enersul e redução da inadimplência dos consumidores

Foto: Geovanni Gomes
Foto: Geovanni Gomes
A Energisa Mato Grosso do Sul - Distribuidora de Energia S/A publicou no Diário Oficial do Estado de hoje (30) o relatório da administração e demonstrações financeiras referentes ao ano de 2014. Conforme a prestação de contas, a Companhia registrou lucro líquido de R$ 33,4 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 21,1 milhões registrados em 2013.

De acordo com o extrato, a receita operacional bruta da empresa subiu 15,5% em relação ao ano anterior, arrecadando R$ 2,2 bilhões em 2014 contra R$ 1,9 bilhões em 2013, quando a Enersul ainda estava sob intervenção da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

As despesas operacionais totalizaram R$ 1.554,2 milhões, aumento de 7,4% em relação a 2013, sendo que as despesas controláveis como folha de pagamento e material cresceram 12,0%, passando para R$ 284,6 milhões. Gastos com a compra de energia elétrica e transporte apresentaram aumento de 22,7% (R$ 167,4 milhões), decorrente das secas que atingiram o país.

Neste período, também houve um aumento de 3,7% no total de consumidores e uma queda de 14,4% nas perdas de energia. O patrimônio líquido da concessionária cresceu 13,2%, chegando a R$ 754,1 milhões, concomitante com o aumento da dívida líquida de 4,3%, que ficou em R$ 525,8 milhões. De acordo com a Energisa, o incremento do débito foi causado, em parte, pelos atrasos no reembolso das subvenções no montante atual de R$ 20,2 milhões.

Apesar dos reajustes consecutivos, a inadimplência dos consumidores sul-mato-grossenses reduziu, tendo se situado em 2,39%, contra 2,52% em 2013. Neste período, a Anel autorizou um aumento médio da tarifa de 11,2% em abril do ano passado e outro de 27,9% no início deste mês.

De repasses federais, a Energisa recebeu R$ 91,7 milhões referentes aos custos com aquisição de Energia Comprada e ESS (Encargos de Serviços do Sistema), que é realizado por motivo de segurança energética, com o risco hidrológico e exposição involuntária no mercado de curto prazo, além de R$ 6,7 milhões referente aos descontos incidentes sobre as tarifas aplicáveis aos usuários do serviço público de distribuição de energia elétrica.

Em contrapartida, o relatório aponta que o grupo investiu R$ 219,7 milhões, em 2014, para a construção de uma nova subestação na região de Águas de Miranda, aquisição de um transformador móvel e outro de reserva estratégica, ampliação de 12 subestações e adequação do sistema de drenagem de óleo em 18 subestações, além de programas para a melhoria da qualidade do serviço.

A distribuidora de energia elétrica atende a mais de 938 mil clientes e uma população de aproximadamente 2,4 milhões de habitantes em 74 municípios de Mato Grosso do Sul, em uma área de 328.335 Km². Ainda conforme o demonstrativo, a empresa encerrou o ano de 2014 com 1.116 colaboradores próprios ativos e 1.555 terceirizados.

Investigações
A empresa está sendo investigada pela Assembleia Legislativa por um suposto esquema de corrupção que teria desviado R$ 700 milhões da Enersul. Na semana passada foi publicado o requerimento para a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que deve começar as apurações das denúncias nos próximos dias.

Segundo relatório da PWC (Price Water House Coopers), o grupo Rede – adquirido pela Energisa - mantinha uma folha de pagamento paralela, cuja denominação interna era “folha confidencial”, e oferecia “gratificações extraordinárias”, que repassava entre R$ 800 mil e R$ 2,5 milhões para ex-funcionários. Além disso, o grupo é suspeito de desviar cerca de R$ 200 milhões do Governo Federal. (Leia mais aqui).


Na Paraíba, o grupo Energisa ainda corre o risco de ser indiciado por aplicar multas indevidas em consumidores e coação de funcionários. Denúncias realizadas pela vereadora Raíssa Gomes Lacerda Rodrigues de Aquino (PSD/PB) apontam que diretores da filial da empresa na Paraíba obrigavam servidores a implantar o fio preto, popularmente conhecido como “gato”, nas residências.

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