Nota técnica do Centro de Vigilância Toxicológica vai orientar população sobre os efeitos de produto emagrecedor
A possível relação da morte da cantora gospel Claudinha Félix, 38 anos, ocorrida na segunda-feira (1º), com o uso de um produto para emagrecer conhecido como "Noz da Índia", fez o Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica de Mato Grosso do Sul) se preocupar e preparar uma nota técnica alertando sobre os efeitos do produto.
De acordo com o médico toxicologista do Civitox, Alexandre Moretti de Lima, apesar de não se ter certeza se o uso da noz foi o que causou a morte da cantora, o órgão vai se pronunciar. O entendimento é que a população precisa ser conscientizada sobre o alto grau de toxidade do produto.
"Ele é um produto laxante, diurético e cardiotóxico. Além de causar desidratação, pode causar lesão no coração e levar a insuficiência hepática aguda", explica Moretti. Além disso, o médico lembra que um produto natural não é sinônimo de produto saudável.
"Soluções fitoterápicas e ervas têm princípio ativo e apresentam riscos como qualquer outro medicamento. É preciso ficar atento aos sintomas e às contraindicações. Quando o produto não é muito conhecido, não se tem muita informação, como é o caso dessa noz, o risco aumenta ainda mais", comenta Moretii. A nota técnica do Civitox-MS deve ser divulgada na sexta-feira (05).
Sem surpresas – O médico nutrólogo Sandro Trindade Benites lida diariamente com pessoas que fazem tudo para perder peso e já teve pacientes internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) por conta do uso da "Noz da Índia".
"Poucos estão dispostos a mudar o comportamento. Um produto que promete milagres chama atenção. Tenho pacientes que ficaram três dias na UTI tentando reverter os estragos causados pelo uso desse produto", relembra.
No mercado brasileiro há cerca de cinco anos, a "Noz da Índia" promete diminuir a absorção de gordura dos alimentos, elimando-a nas fezes. Por isso, o produto tem efeito laxante e diurético. No entanto, de acordo com Benites, a pessoa perde peso a custas de água, eletrólitos e massa magra, que são essenciais para a saúde do organismo.
"Esse produto deveria ser proibido. Infelizmente é necessário acontecer uma tragédia dessas pra gerar uma repercussão, uma conscientização", desabafa o médico.
Sobre as pessoas que dizem usar e não sofrer problema algum de saúde, defendendo o uso do produto, Sandro afirma que é questão de tempo.
"O corpo tem um período de resistência, o que varia muito de uma pessoa para outra. Mas o uso contínuo vai fazer o organismo atingir a dose tóxica e a pessoa terá um problema sério", alerta.
Por pouco – Há cinco meses, a empresária Eliane Ferreira da Silva, 41 anos, comprou o produto pela internet. Em um pacote com 10 nozes, pagou R$ 25,00. Tomou por uma semana, mas, quando começou a se sentir mal, parou de tomar. Depois disso, pesquisando na internet, descobriu que a noz é muito perigosa.
"A gente fica idealizando um corpo perfeito e vai atrás dele da maneira mais errada possível. Joga dinheiro fora e ainda prejudica de verdade a saúde. Não vale a pena", comenta Eliane.
Caso – Ana Cláudia Alves da Silva, 38 anos, morreu por uma parada cardiorrespiratória na segunda-feira (1º) no posto desaúde do bairro Nova Bahia, em Campo Grande. A família suspeita que a morte dela tenha relação com o período de 30 dias em que tomou um chá feito com "Noz da Índia". A família registoru um boletim de ocorrência e pediu um laudo especial ao IML (Instituto Médico Legal) para confirmar a suspeita.
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