Há 15 dias com sintomas de dengue, a vendedora Kelly Juliane Brito Miranda ainda não tem a confirmação da doença devido ao extravio, por duas vezes, dos exames realizados no CRS (Centro Regional de Saúde) do bairro Nova Bahia, em Campo Grande.
Ela conta que começou a passar mal no dia 15 de janeiro e no mesmo foi ao CRS em busca de atendimento. Após ficar cinco horas aguardando o médico, ela fez a coleta de sangue com a orientação para voltar no dia seguinte para obter o diagnóstico.
Obedecendo a recomendação, ela voltou ao CRS no dia 16 e foi informada que o exame havia sido extraviado e que deveria fazer nova coleta. Contrariada, mas com medo dos sintomas, ela fez novo exame e retornou no dias 17 na expectativa de finalmente ter um parecer.
Porém, qual não foi a surpresa ao saber que pela segunda vez o documento havia sido perdido. Indignada, principalmente por ter ficado quase cinco horas esperando novamente, Kelly foi embora e continuou tomando paracetamol, remédio indicado para combater os sintomas quando a suspeita é dengue.
No entanto ela continuou preocupada com a dor no corpo que não cessava e voltou, após alguns dias, até a UBS. "Era impossível esperar de tanta gente. Acabei desistindo", ressalta.
Com os sintomas se agravando, ela tomou, por conta própria, um remédio mais forte para a dor, o que causou hemorragias. "Levei uma bronca do médico, mas expliquei o que tinha ocorrido e ele acabou ficando sem graça", conta.
Como as dores ficaram mais intensas, ela acabou realizando o terceiro exame e voltou neste domingo (31) ao CRS do Nova Bahia para saber o resultado. "Estou com o corpo todo empelotado, com feridas e coceira. Espero que hoje dê tudo certo", diz.
Kelly sabe que agiu errado ao tomar medicação sem orientação, mas revela que o descuido foi fruto da indignação pela perda dos exames. "Em plena epidemia da doença, isso não pode ocorrer, é uma falta de respeito. Sei de muita gente que prefere se medicar em casa para não ter que ficar esperando horas no posto e isso é perigoso mesmo", ressalta.
A vendedora, que mora na Mata do Jacinto, diz que a infestação de Aedes aegypti é grande no bairro e que por isso os agentes de endemias têm percorrido a região todas as semanas. "Lá tem muitos terrenos e árvores, com folhas que caem no chão e retém água. Precisa cuidar direto", explica.
Assim como Kelly, a aposentada Maria de Lurdes Grimaldi, que na tarde deste domingo aguardava atendimento para o neto na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Coronel Antonino, também reclamava da demora.
Ela conta que levou o neto, Caio Grimaldi, com fortes dores abdominais, na tarde deste sábado (30) até a UPA. Após três horas de espera, o adolescente começou a piorar e quando ela percebeu que ele iria desmaiar, invadiu um dos consultório e exigiu atendimento. "O médico quis me colocar para fora, mas bati o pé até meu neto ser atendido", conta.
Após receber soro, ele foi liberado por volta das 17 horas. Ele a avó haviam chegado na UPA às 13 horas.
Também revoltada com a demora na UPA do Coronel Antonino estava a cozinheira Marli Dantas. Com diagnóstico de zika vírus, ela diz que já era seu terceiro retorno para acompanhamento da evolução da doença. "Teve um dia que não consegui ficar esperando para fazer exame. Todos os dias tenho ficado entre três e quatro horas esperando", revela.
Assim como a paciente Kelly, que teve os exames extraviados, a nora de Marli, Patrícia Tomaz, acredita que falta mais cuidado por parte de alguns profissionais que atuam na rede de saúde. "A falta de médicos ainda é grande. Se a doença exige repouso, como você vai fazer isso se precisa ficar horas esperando para passar pelo médico", questiona.
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