Vereadores sendo chamados de golpistas, prefeito "acusado" em redes sociais de levar seu próprio público a evento para garantir apoio, secretário, que teve mandato de vereador cassado por compra de votos, discutindo entre colegas decisões da Justiça que sequer foram deferidas. Cenas como estas que foram presenciadas por quem esteve na inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Moreninhas, nesta quinta-feira (11), são reflexos evidentes da realidade política de Campo Grande. As vaias, vale ressaltar, foram criticadas por alguns campo-grandenses que as interpretaram como "manobra" do prefeito. Basta breve passeio em redes sociais para ler comentários sobre "orquestração de vaias".
Porém, alguns sinais desta peça teatral apresentados na noite de ontem devem ser levados em consideração. Evidente que boa parte da população campo-grandense ainda não engoliu a cassação do prefeito Alcides Bernal (PP), que, em agosto de 2015, conseguiu retomar o cargo ao qual se "pendura" por uma liminar, que deve ser julgada pelo Tribunal de Justiça nos próximos dias e pode mudar, mais uma vez o destino administrativo e político da Capital, pois, enquanto alguns bernalzistas dizem abertamente que a decisão é certa e favorável ao prefeito, outros, mais cautelosos, apostam que Justiça pode reverter atual decisão de agosto que trouxe Bernal de volta ao comando do Paço. A questão é que, para boa parte da população, como pôde ser visto através de comentários em grupos de WhatsApp e também em redes sociais, já não se questiona mais quanto à legitimidade da cassação ou quanto ao retorno de Bernal, mas cobra que serviços básicos que devem ser oferecidos pelo poder público sejam garantidos.
Muitas postagens em redes sociais atribuíram os créditos da UPA Moreninhas ao ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, eventual pré-candidato a prefeito nas eleições deste ano. Por outro lado, muitas pessoas defendem que "filho" é de Bernal, quem entregou e concluiu obra. Concluiu, com maior de parte de recursos federais, que desde 2012 haviam sido liberados. Interessante é que muitos campo-grandenses, com sabedoria, souberam extrair das discussões políticas, a informação principal. Três anos, curiosamente, os três primeiros anos do mandato de Bernal, que foi eleito, cassado e reconduzido ao cargo. Nesse meio tempo, enquanto Bernal aguardava decisão da Justiça, a cidade ficou "sob os cuidados" de Gilmar Olarte, que acabou sendo afastado pela Justiça e responde a ação penal por lavagem de dinheiro.
O resumo da história, que se personifica e se expressa na obra da UPA das Moreninhas, é que, a instabilidade política gerada na Capital com cassações, novos prefeitos e a volta de Bernal, travou a cidade, e, infelizmente, para população, as recentes vais mostram que passado não foi esquecido por nenhuma das partes e que futuro não deve ser diferente de 2013, 2014 e 2015, anos de brigas políticas, disputas de grupos em busca de poder e população abandonada, à deriva, sem saúde de qualidade, com dengue se tornando epidemia, crianças iniciando ano letivo sem material escolar e sem uniforme, muitas sem vagas e unidades de saúde ainda inacabadas.
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