Somente nos últimos 15 dias, três casos foram registrados em Campo Grande
Após a morte em um curto intervalo de tempo de três crianças na Capital, causadas pela falta de oxigenação enquanto dormiam, veio à tona uma série de questionamentos em relação aos cuidados durante o sono nos primeiros anos de infância. Para explicar sobre a questão, a reportagem do TopMídiaNews entrou em contato com o médico pediatra Alberto Cubel Junior, que é membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Segundo o especialista, pequenas atitudes podem garantir a segurança do bebê e a tranquilidade da família, mas relata que em 26 anos de profissão já viu muitos casos como estes. “Infelizmente com crianças isso é mais comum, especialmente as menores, abaixo de um ano. Isso se dá porque a criança ainda não tem muitos reflexos, não consegue sustentar bem o próprio pescoço. Pela falta de reação dessa criança, a mãe ou responsável não percebe que algo errado está acontecendo e, geralmente, não há tempo de realizar o socorro”, diz o pediatra.
Ele indica que a melhor posição da criança ao dormir é sempre com a barriga virada para cima, nunca de bruços ou de lado – o que é comumente indicado por pediatras – e ressalta que esta é inclusive uma campanha realizada em vários países, além da SBP e da Pastoral da Criança. “Às vezes, pela facilidade de amamentar ou para ter mais contato com o bebê, a mãe opta por dormir ao lado do filho. Contudo, o ideal é que essa criança esteja com a cabeça elevada em torno de 30º e não divida o mesmo espaço com adultos ou irmãos maiores, por exemplo. O perigo existe até mesmo nos berços, se há um ursinho de pelúcia ou muitos travesseiros. A atenção constante é sempre a melhor dica”, afirma.
Ao perceber que a criança está com dificuldades para respirar ou perdendo a consciência, Alberto Cubel explica que a primeira atitude do responsável deve ser a respiração boca a boca e, depois, o chamado de socorro médico. Ele alerta que o atendimento deve ser o mais rápido possível, pois, se a criança passa entre três a cinco minutos sem respirar, as chances de haver sequelas cognitivas é muito grande.
Indicações
Mãe de primeira viagem, Janaína Lorentz, de 23 anos, disse que recebeu algumas indicações de médicos sobre este tipo de cuidado enquanto ainda estava grávida de sua filha Coraline, de três anos. “Nunca tive nenhum ‘susto’ desse tipo, mas a pediatra que me acompanhava dizia pra eu ficar atenta e tentar amamentar de três em três horas, para ficar sempre conferindo como ela estava. Eu ficava preocupada e de tempo em tempo ia checar se ela estava respirando certinho”, conta.
Casos como asfixia causada por confinamento, que é quando a criança é esquecida dentro de um ambiente sem ventilação, como carros com vidros fechados, também são relativamente comuns. “Isso também é extremamente preocupante, porque as crianças muitas vezes não fazem barulho e ficam no banco de trás do veículo, e acabam ‘despercebidas’. Se ela fica fechada, ainda mais no calor, entra em estado de latência, a frequência cardíaca diminui, a respiração fica muito mais difícil devido ao pequeno tamanho da traqueia”, explica.
Apesar de ser uma situação muito difícil para familiares, o médico ressalta que é muito importante que os pais não se sintam responsáveis pela tragédia e procurem acompanhamento psicológico.
Casos
Na manhã de ontem (9), um menino de dois anos faleceu e tudo indica que ele foi sufocado enquanto dormia. Ele morava em um condomínio localizado na Rua São Nicolau, no Bairro Santa Luzia. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a criança foi encontrada morta pela mãe, após um colchão cair sobre o menino.
Ele estava dormindo na parte de baixo de uma cama beliche, com o irmão mais velho, de oito anos. Um primo dos irmãos dormiu na parte de cima e, para o jovem não cair, a mãe dos meninos colocou um colchão de casal encostado entre cama e a parede. Ainda conforme o Corpo de Bombeiros, o adolescente rolou durante a noite e o espaço entre a beliche e a parede era maior do que o colchão, que foi dobrando e caiu sobre a criança de dois anos.
No dia 28 do mês passado, um bebê de quatro meses morreu após dormir em uma cama com cinco pessoas dentro de uma residência na Rua Eufrazina Vilela Cabral, no loteamento Bosque da Esperança. A morte teria sido causada por sufocamento, porém, a mãe da criança, Alessandra Silva, 34 anos, disse aos familiares que suspeita que o menino tenha se afogado com o leite, já que foi amamentado durante a madrugada.
Já no último domingo (7), outro bebê, de apenas 48 dias, também morreu asfixiado, após a própria mãe dormir em cima da criança no Jardim Campo Verde, região norte da Capital. Familiares chegaram a levar o bebê até um posto de saúde, mas ele não resistiu e faleceu.
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