Virou um hábito, um costume sentar-se para assistir aquela novela favorita, onde existe um mundo perfeito. Creio que este costume também seja uma forma de sair da realidade que não é tão perfeita como nas novelas, mas de toda forma acaba influenciando nossas vidas para o bem ou para o mal. Nos últimos tempos comecei a analisar sobre o assunto com mais intensidade, não que não goste de novelas, mas passei a assistir com um olhar mais critico.
As novelas, sobretudo as novelas da Rede Globo são assistidas por milhões de brasileiros, que inconscientemente apreendem muitos valores e ideologias cultuadas, que ditam moda, linguagem, hábitos e contribui para uma forma de pensar distante da realidade.
Segundo pesquisas do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – as novelas brasileiras ajudaram a moldar as ideias das mulheres sobre divórcio e filhos de maneira crítica, este é um dado muito positivo para a sociedade. Houve uma diminuição na taxa de fertilidade e um aumento no numero de divórcios nas décadas de 70 e 80. A televisão desempenha um papel crucial na circulação de ideias, em particular em nações em desenvolvimento com uma forte tradição oral, como o Brasil.
Os artigos sugerem que alguns programas de televisão podem ser uma ferramenta para transmitir mensagens sociais muito importantes que ajudem, por exemplo, a lutar contra a disseminação da epidemia de AIDS e promover a proteção dos direitos de minorias.
Pela primeira vez, a Globo abordou este tema numa novela, “Páginas da Vida” exibida em 2006, no horário das 21h com o personagem Gabriel (Miguel Lunardi), paciente portador do vírus HIV. Na trama o personagem foi rejeitado pela irmã Má (Marly Bueno), que não queria saber de pacientes com AIDS em seu hospital. Assunto polêmico sobre o preconceito, além de trazer a discussão sobre AIDS para os lares brasileiros. Outro exemplo atual é da novela “Guerra dos Sexos” que aborda a eterna briga entre homens e mulheres – não que eu seja a favor desta guerra se é que ainda existe da mesma maneira que 30 anos atrás. Esta novela trata não somente da evidente inserção das mulheres no mercado de trabalho, mas também do poder que ela ganhou como observamos na economia, na política, nos costumes.
Por outro lado, a novela pode também influenciar negativamente as pessoas. Neste caso não há estudo ou pesquisas, como disse inicialmente são observações feitas a partir de uma análise critica. A novela em questão é o sucesso de “Avenida Brasil”, onde ocorre a inversão de valores, tendo a maldade como verdadeira protagonista.
A vingança, o ódio e traição faziam parte do elenco principal. Com um texto e cena onde o um dos personagens chama a mãe de “vadia” e também espanca o pai explicitamente. Cenas assim devem ser realmente repensadas antes de serem colocadas ao ar, porque mesmo que haja uma faixa indicativa pela idade, bem sabemos que crianças e adolescentes estão vendo, e isso pode sim – pela pesquisa feita e colocada acima – mudar seus hábitos, seus costumes, para um lado negativo.
O papel da TV é trazer informações, entreter, interagir. E a novela faz isto muito bem. É necessário trazer mais temas atuais, dialogar com o público de maneira mais inteligente, é necessário também que os autores e a rede de televisão tenham cuidados com determinados temas relacionados com a violência, e, portanto pensar bem no como colocar essas cenas ao ar.
Realmente ficam perguntas no ar. Como por exemplo, caso não se tome o cuidado necessário na veiculação dessas cenas, nossos jovens podem mesmo agir desta forma? E também até que ponto a vida imita a arte. Enfim, minha intenção é fazer uma reflexão sobre influência das novelas a vida das pessoas. E você o que acha? Será que elas realmente influenciam nossa vida, nosso cotidiano, nossa maneira de pensar?
* Marilúcia Santos
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