Crime chocou a comunidade de Três Passos (RS), em abril do ano passado
Neste sábado, 4 de abril, o caso da morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, assassinado em Três Passos , no interior do Rio Grande do Sul, completa um ano. Às vésperas do fechamento do primeiro aniversário do assassinato, a promotoria estimou que o julgamento dos quatro réus que respondem pelo crime - o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovickz , amigos da família - ocorra ainda em 2015.
Bernardo foi encontrado em uma cova no interior da cidade de Frederico Westphalen, dez dias depois de ter desaparecido de Três Passos, onde a família vivia.
A promotora Silvia Jappe assumiu o caso em meados de 2014, substituindo Dinamáricia Maciel. Sílvia afirmou que o processo está se encaminhando para a fase final de diligências, restando apenas o depoimento de uma testemunha e a divulgação de respostas referentes a uma das perícias solicitadas pela defesa dos réus, para o processo seguir adiante.
O MP avaliou que a sentença só deve ficar para 2016, caso a defesa dos réus conteste a forma de julgamento. De acordo com o MP, a decisão deve ser tomada pelo tribunal do júri, uma vez que todas as provas apontaram para esse caminho: “a decisão é do juiz, mas temos o entendimento de que o caso irá à júri”, ressaltou. A promotoria explica que confia na hipótese de júri uma vez que a instrução processual serviu para corroborar a hipótese da acusação, ressaltando que os indícios são suficientes para confirmar a materialidade do crime e a culpa dos acusados.
Sobre a demora no andamento do caso, a promotora diz que a fase de instrução foi lenta em virtude do elevado número de testemunhas e demandas adjacentes ao processo. O Tribunal de Justiça aponta 27 testemunhas arroladas pela defesa e outras 25 pela acusação. Uma série de perícias, que foram encaminhadas ainda durante a fase de investigação, também precisaram ser finalizadas para encaminhamento dentro do processo.
O trabalho da Polícia Civil, no entendimento do MP, foi positivo: “pouco precisou ser anexado para reforçar a teoria do envolvimento dos quatro réus no caso”. Durante o andamento do processo, foram encaminhados nove pedidos de soltura: quatro por parte de Leandro Boldrini, três de Evandro Wirganovickz, um de Edelvânia Wirganovicz e um de Graciele Ugulini. Todos foram negados, o que dá respaldo à tese de culpa defendida pela promotoria. Eles respondem presos desde a descoberta do crime, em 14 de abril do ano passado.
Questionada sobre a permanência de Bernardo junto ao pai e a madrasta, mesmo após o menino procurar o fórum dizendo que queria viver com outra família, a promotora disse que não pode se pronunciar: “Muito já se falou sobre esse caso, mas não posso dar qualquer opinião pois não estava aqui (na comarca de Três Passos)”. Como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, Bernardo foi mantido no núcleo familiar de origem até a reavaliação do caso, em três meses. O pai do garoto se comprometeu a mudar de comportamento em relação a ele diante do juiz, mas a fase de ajustes não chegou ao final, uma vez que Bernardo foi assassinado dentro do prazo de 90 dias estabelecido pela Justiça.
Em comparação com outros crimes semelhantes, mas de menor repercussão, a promotora entende que a rotina de sofrimento à qual o menino era submetido, além da premeditação do crime e da execução por familiares de primeiro grau deram notoriedade à investigação e comoveram moradores da região.
Sobre a solicitação da defesa da avó materna do menino em reabrir o caso do suicídio da mãe de Bernardo, Sílvia esclarece que a demanda ainda não está inclusa nos autos do processo e, assim, não pode se manifestar sobre o assunto. A promotora também ressalta que não pode ponderar sobre o que pode mudar no caso da morte de Bernardo se o mesmo for desarquivado, por ainda se tratar apenas de uma hipótese.
Marlon Taborda, advogado de Jussara Uglione, avó de Bernardo, entrou com mais um pedido de reabertura do caso da morte de Odilaine Uglione, mãe do menino, que cometeu suposto suicídio em 2011. Segundo a análise de um perito judicial, a carta que a jovem deixou antes de se matar dentro do consultório do marido, o médico Leandro Boldrini, foi supostamente forjada. Boldrini, junto com a atual companheira, Graciele Ugulini, é suspeito do assassinato do filho. Os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovickz, amigos de Graciele, também são acusados de participação no crime.
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