sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Mesmo com alertas e sem fiscalização, venda de noz da Índia triplica

Procura pelo produto, que não tem registro da Agência de Vigilância Sanitária, aumentou na última semana

Bianca Bianchi
Vendido como emagrecedor, a "noz da Índia", que estaria ligada à morte de uma mulher no início desta semana em Campo Grande, não possui registro nem fiscalização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O caso chamou atenção da classe médica e de instituições como o Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), que não recomendam o uso do produto, enquanto as vendas aumentaram nos últimos dias.

Todos recriminam o uso do produto. Mas, isso parece não ser problema para algumas pessoas que querem emagrecer a qualquer custo. Nesta semana, as vendas de noz da Índia triplicaram.
A afirmação vem de uma pessoa que comercializa o produto pela internet. Passando-se por potencial cliente, a equipe de reportagem entrou em contato com uma vendedora.
"Graças a Deus, noz vende igual água", comemorou ela. O pacote com 12 sementes custa R$ 20,00, mais a taxa de entrega. Mas, se ao invés de pagar a taxa de entrega, não é possível ir buscar o produto? "Eu não recebo nenhum cliente no meu escritório", foi a resposta. "Espero que essa conversa não vire matéria", afirmou, na sequência, já desconfiada diante das perguntas.
Fiscalização – Nem proibido, nem liberado. Essa é a atual situação da noz da Índia no Brasil. A chefe do Serviço de Fiscalização de Medicamentos e Produtos da Secretaria Municipal de Saúde, Renata Helena Rodrigues, explica que a fiscalização não é tão simples quanto parece. Segundo ela, a indicação terapêutica é o que define se o produto está ilegal.
"Se na embalagem vem descrito que ele é indicado para emagrecimento, esse produto deve ser apreendido, porque não existem estudos que comprovem esses resultados. Se houvesse esse estudo, ele teria registro e seria vendido em farmácias, como medicamento", explica.
No entanto, Renata assume que, apesar dos órgãos de vigilância sanitária terem essa proibição, não acompanham o mercado, que segundo ela, "é muito rápido".
O farmacêutico Ronaldo Abrão tem o famoso ditado que diz que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose, como uma verdade. Mas, que não se aplica à noz da Índia.
"O produto é novo, não existem pesquisas e literaturas oficiais do Ministério da Saúde a respeito. Quando não se sabe o que está tomando, qualquer dose pode ser fatal", enfatiza.

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