Se aprovada, lei vai proibir governadores e prefeitos de fazer promessas que devem ser cumpridas por seus sucessores
Em tramitação na Assembleia Legislativa, PEC (Projeto de Emenda Constitucional) pretende acabar com uma prática bastante comum entre os agentes públicos: prometer reajustes salariais para os servidores públicos que só devem ser aplicados pelos gestores seguintes, que ainda não foram eleitos.
Autor do projeto, o deputado Beto Pereira (PDT) batizou a proposta de “Lei Puccinelli”, em referência ao ex-governador peemedebista que concedeu reajustes salariais para diversas categorias que só entraram em vigor em janeiro de 2015, durante a gestão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
A medida altera a redação do artigo 158 da Constituição Estadual, proibindo os reajustes “quando o impacto financeiro de sua aplicação ocorrer em mandato posterior ao qual fora instituído, e devendo sua implantação ser imediatamente concluída na execução orçamentária do exercício financeiro em curso”.
Neste caso, o governador e os prefeitos de Mato Grosso do Sul não podem realizar atos que resultem no aumento da despesa com pessoal nos últimos 180 dias de governo. “Se a PEC for aprovada, não pode mais dar reajuste que extrapole o seu mandato, ou seja, não vai poder fazer cortesia com chapéu alheio”, justifica Beto.
Acordos já firmados devem ser mantidos, pois a lei não retroagirá. Neste caso, mesmo que a proposta seja aprovada pelos deputados, o compromisso firmado com os professores, por exemplo, que prevê implantação total no piso salarial nacional até 2021, deve ser mantido até que a categoria inicie novas negociações.
“Conceder favores e criar expectativas aos servidores com promessas de benefícios e vantagens relativas a carreira ou aos seus rendimentos sem que haja absoluta correlação com a capacidade econômica do Estado, é conduta irresponsável e sem espaço na gestão do Estado Brasileiro”, diz o texto do projeto.
Problemas
No início do ano, Reinaldo acusou o ex-governador André Puccinelli de entregar um “pacote de bondades” que deveriam ser aplicadas durante sua administração. Segundo ele, o peemedebista aumentou os gastos com a folha de pagamento reduzindo a margem de tranquilidade em relação à LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e antecipou as reposições inflacionárias dos provimentos de diversas categorias de maio para dezembro.
Os benefícios antecipados seriam a causa da greve dos professores que paralisaram as atividades no mês passado e dos confrontos com outras categorias, como os policiais civis, militares, bombeiros, agentes fiscais, entre outros que entraram em estado de greve para pressionar o governo por novos reajustes.
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