Segundo reportagem, cláusula incomodou ministro, que devolveu processo à PGR
O senador Delcídio do Amaral (PT) teria realizado acordo de delação premiada para garantir a liberdade da prisão, concedida em 19 de fevereiro, mas com uma cláusula de confidencialidade para defender seu mandato no Congresso Nacional. As informações foram publicadas pela revista IstoÉ, em sua edição online, nesta quarta-feira (3).
Segundo reportagem da jornalista Débora Bergamasco, o acordo depende apenas de aprovação do ministro Teori Zavascki. O depoimento só não teria sido homologado ainda porque o senador acrescentou uma cláusula solicitando sigilo de seis meses. O pedido não agradou o ministro, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República para excluir a exigência até a próxima semana.
O tempo solicitado pelos advogados de Delcídio seria utilizado para defender o mandato do petista perante a Comissão de Ética do Senado, cargo importante para manter o foro privilegiado. Se for cassado, o político precisará aguardar o julgamento em casa, mesmo durante o dia, o que não ocorre no regime de recolhimento domiciliar.
Conforme a IstoÉ, a preocupação com a cláusula é justificável, pois o petista comprometeu os colegas no Senado, deputados, inclusive aqueles de oposição ao Governo, o ex-presidente Lula (PT) e até mesmo Dilma Rousseff (PT), com declarações que podem garantir o impeachment da presidente.
Entre os diversos segredos que teriam sido revelados na delação premiada, estaria a tentativa da presidente e do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em liberar condenados da Lava Jato da prisão. Delcídio também teria acusado Lula de financiar a família do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, com mesadas de R$ 50 mil, para que ele não comprometesse seus amigos e parentes.
A assessoria do senador, no entanto, nega a existência da delação premiada e garante que a revista está ‘mentindo’ ou ‘delirando’. Como Delcídio está internado em São Paulo para exames médicos, uma nota de esclarecimento deve ser divulgada em breve.
Prisão
Delcídio foi preso em 25 de novembro de 2015, durante nova fase da Operação Lava Jato. Segundo o MPE (Ministério Público Federal), ele estaria tentando obstruir as investigações através de tratativas com a família de Cerveró para o ex-diretor da Petrobras não aceitar a delação premiada ou omitir irregularidades cometidas por ele e por André Esteves, controlador do Banco BTG Pactual.
Conforme o relatório do MPF, o petista chegou a planejar uma rota de fuga para Cerveró, que tem nacionalidade espanhola, saindo do país pela fronteira seca com o Paraguai e seguindo viagem em um avião modelo Falcon 50. Em troca, a família do foragido receberia uma ‘mesada’ de R$ 50 mil ao mês.
Durante uma das gravações, realizadas pelo filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró, o senador declarou abertamente que tentaria usar sua influência política para corromper ministros do STF, complicando a situação da defesa. Ainda assim, ele foi liberado em 19 de fevereiro, mas o conteúdo da decisão foi mantido em sigilo.
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