Apesar das intrigas, rompimento só será oficializado após a reforma política
Livre para conduzir as negociações sobre as candidaturas do PMDB para a prefeitura de Campo Grande e para os principais municípios do Estado, o ex-governador André Puccinelli tentou manter a ‘família Trad’ dentro da legenda, mas sem muito sucesso.
O maior beneficiado com o possível acordo seria o deputado estadual Marquinhos Trad, que além de evitar um processo na Justiça por infidelidade partidária, receberia o apoio de uma legenda consolidada para concorrer à sucessão do prefeito Gilmar Olarte (PP).
Mesmo assim, o parlamentar demonstra insatisfação com o apoio oferecido. Anteriormente, ele chegou a exigir o comando do diretório municipal e todas as indicações de cargos existentes, mas não recebeu a adesão que desejava e agora afirma que não acreditará nas promessas do italiano.
“Dois meses atrás ele (Puccinelli) pediu para eu permanecer no partido, mas foi uma conversa muito rápida. Ele disse que ia ver as coisas partidárias e que até o final de junho era para eu decidir. Ainda tenho prazo, mas eu tenho uma decisão pessoal. Eu não confio nele nem ele confia em mim”, revelou Marquinhos.
A rixa entre ele e o ex-governador é antiga e prejudica qualquer negociação. Inclusive, entre os pontos que devem ser usados pelo deputado em uma ação declaratória na Justiça contra o PMDB, está seu depoimento contra Puccinelli no processo para desfiliação partidária do ex-prefeito de Dourados, Ari Artuzi. Na época, o deputado estadual testemunhou contra a legenda que o abriga.
Conforme a Legislação Eleitoral, hoje a mudança de legenda só é permitida no caso de criação de novo partido, motivo pelo qual Marquinhos acompanhou de perto as movimentações para a criação do PL – também articulado pelo ministro Gilberto Kassab – ou em casos de “grave discriminação pessoal”, argumento utilizado por Artuzi e que deve ser reaproveitado por Marquinhos.
Irmãos
O suplente de deputado, Fábio Trad, já assinou a desfiliação do PMDB e está com o caminho livre para assumir a nova legenda. Ele abandonou o ninho peemedebista criticando a forma de fazer política do grupo e acusando correligionários de traição, após perder as últimas eleições para o Congresso Nacional.
Por sua vez, Nelsinho é o único que não manifestou publicamente se possui interesse em deixar o grupo pemedebista. Mesmo assim, o ex-prefeito também segue o caminho do isolamento dentro da legenda e sua ausência durante a última reunião do PMDB decretou seu afastamento da sigla.
Sem consenso com o ‘clã Trad’, Puccinelli é apontado como o candidato com maior potencial para derrubar as pretensões de Marquinhos nas urnas. Ele nega qualquer articulação nesse sentido, mas o partido não pretende entrar na briga para perder. Outras lideranças como Paulo Siufi, Mario Cesar, Carlos Marun e Antonieta Amorim também são apontadas como pré-candidatas, mas nenhuma com o mesmo peso eleitoral.
Contra Puccinelli, no entanto, pesa o desgaste natural de quem esteve em evidência no poder por 16 anos – oito a frente do Governo do Estado e oito na prefeitura de Campo Grande – e a publicidade negativa gerada por seu sucessor, de oposição. Aficionado por pesquisas de opinião, o italiano já determinou a consulta pública em 22 municípios e os números devem nortear suas próximas decisões.
Quanto a Marquinhos, ele mantém o mistério sobre seu futuro político e aguarda o fim da reforma política que pode, inclusive, abrir uma ‘janela’ para que parlamentares troquem de partido sem o risco de perder o mandato sob a justificativa de adaptação às novas regras. O deputado não admite, mas é quase certo que ele vá para o PSD.
Ex-presidente do PSD, o empresário Antônio João Rodrigues, divulgou ainda em abril que teria convidado Marquinhos e Fábio para assumir o comando do diretório municipal e estadual, respectivamente, do partido em Mato Grosso do Sul. O diálogo entre as três lideranças é bom e poucas surpresas devem surgir. O prazo para a troca de legendas acaba um ano antes das eleições, ou seja, início de outubro.
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