A operação Lama Asfáltica da Polícia Federal trouxe à tona indícios de esquema de fraudes em licitações e superfaturamento de contratos com empreiteiras em Mato Grosso do Sul, que até momento, causaram prejuízo de mais de R$ 11 milhões aos cofres públicos.
Em decorrência da operação, o Ministério Público Estadual (MPE) criou Força Tarefa para investigar contratos de obras firmados entre esse grupo de empreiteiros e governo do Estado e também com Prefeitura de Campo Grande.
Entre investigados estão empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco Construções Ltda, e ex-secretário estadual de obras Edson Giroto. Os dois foram presos em novembro deste ano a pedido do Ministério Público por suspeitas de desvios de recursos e irregularidades em obra de pavimentação asfáltica da MS-228.
Porém, segundo informações obtidas pelo MS Notícias, nem a prisão de Giroto e Amorim nem mesmo as investigações da Polícia Federal e do MPE têm sido capazes de frear as supostas ações do grupo, que, conforme denúncias, continuam, supostamente, atuando por meio de “laranjas”.
Uma das empresas que pode estar envolvida nesse suposto esquema é Alvorada Construções Ltda. A empresa desde sua criação tem faturado contratos milionários com governo do Estado. Em 2013, por exemplo, a Alvorada foi uma das construtoras que mais receberam do governo por contratos de obras em rodovias estaduais. Um dos serviços, por exemplo, foi de R$ 24 milhões.
Os contratos com Alvorada já foram alvo de questionamentos anteriormente. A suposta ligação da empresa com Edson Giroto levante dúvidas sobre legitimidade das contratações. Isso porque dos donos da construtora são primos de Giroto. Telma do Carmo Vezali Costardi é viúva de João Carlos Costardi Giroto, morto em acidente automobilístico em 2009.
João era primo de Edson Giroto, que entre 2007 e 2010, foi secretário de obras de André Puccinelli (PMDB), e retornou ao comando da secretaria nos anos de 2013. O segundo sócio da empresa, que entrou na sociedade em agosto de 2015, é Rafael Antonio Giroto, que também é primo do ex-secretário.
A Alvorada está entre as empresas que receberam, irregularmente, máquinas do governo do Estado para executar obras. E embora tenha sido noticiado esforço da atual administração de “limpar” a lista das construtoras e empreiteiras que frequentemente assinam contratos com governo, recentemente, um novo contrato assinado com Alvorada trouxe à tona novos questionamentos sobre a influência que ex-secretário Edson Giroto pode vir a ter na atual gestão.
Em outubro deste ano, o governo estadual abriu processo de licitação para execução de obras na MS-040, no município de Santa Rita do Pardo. A extensão da obra é de 4,290 quilômetros e abrange obras de pavimentação e restauração asfáltica e drenagem de águas pluviais. A Alvorada ficou sem segundo lugar na concorrência 043/2015, porém, coincidência ou não, a empresa vencedora Pontal Engenharia Construções e Comércio Ltda foi desabilitada e consequentemente a Alvorada, que havia apresentado proposta cujo valor é superior em aproximadamente R$ 100 mil, foi habilitada e no dia 7 de dezembro assinou contrato com governo estadual.
A Pontal Engenharia apresentou recurso contra decisão do governo, porém no dia 1 de dezembro foi publicado no Diário Oficial do Estado que recurso fora negado. A justificativa do governo do Estado para desabilitar empresa, que apresentou proposta mais econômica, foi que em alguns itens havia erros de cálculo do valor de impostos, porém, conforme empresa explicitou no recurso, os erros não alteram valor global da obra, mas mesmo assim a Alvorada faturou contrato de R$ 5.296.904,54 milhões.
A equipe do MS Notícias ligou para sede da Alvorada em Campo Grande na tentativa de conversar com Telma ou com Rafael Giroto. Segundo secretária, os dois estão fora da cidade e ela admitiu que não tem autorização sequer para passar endereço atual da Alvorada Construtora em Campo Grande.
Na sede da empresa em Paranaíba, a informação foi similar. A secretária afirmou que sócios estão viajando, que não há previsão de data para que eles retornem à empresa, porém, durante conversa, ela recebeu ligação de Rafael, que, de acordo com funcionária, a orientou a reforçar à reportagem a informação que ele está viajando. Em contato com Rafael, por celular, um dia depois da ligação para empresa, o sócio negou qualquer irregularidade, porém se recusou a dar detalhes sobre contrato e sobre orientação dada aos funcionários acerca do fornecimento do endereço da empresa
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