Obras paradas ainda pioram a situação
O fechamento do Cei (Centro de Educação Infantil) Lar do Menino Jesus, na Vila Marli, que atende cerca de 70 crianças, de 6 meses a 3 anos de idade, reacende um debate sobre problema antigo em Campo Grande, que parece sem solução: a falta de vagas nos Ceinfs (Centro de Educação Infantil). Em Campo Grande, segundo dados da Prefeitura, no início de 2015 o déficit era de 12 mil vagas. A promessa é de que esse número diminuirá com a abertura de novas unidades, e até o final deste ano, pelo menos 5 mil novas vagas sejam oferecidas, já na pré-matrícula.
Ainda segundo o Executivo, a Capital já atende a Meta 1 do PNE (Plano Nacional da Educação) em relação a essa faixa etária, onde é estabelecido que 50% das crianças, entre 0 e 3 anos, sejam atendida até 2024. Só que infelizmente, não é isso que dizem as mães, ao alegarem anos de espera até conseguir uma vaga para o filho, quando conseguem.
Ana Paula de Paula, manicure e mãe de duas meninas, uma de 2 anos e 6 meses, e a outra de 7 meses, não sabia explicar exatamente o sentimento que estava sentindo com o fechamento da creche na Vila Marli. A filha mais velha já estudava no local há dois anos e agora terá que ficar em casa, enquanto a mãe atende as clientes. “É uma mistura de tristeza e desespero. Eu não sei como fazer, porque ela está na fila de espera da ceinf desde que tinha seis meses, e até agora nada. Não sei como vou trabalhar com as duas. Vai ser bem complicado”, relatou a manicure.
O dilema se repete com Evelin Rodrigues, de 21 anos, mães de duas meninas de 1 e 4 anos. Ela conta que é divorciada e trabalha como atende em uma loja para sustentar as filhas, e terá que pagar uma babá para as meninas até conseguir uma vaga na ceinf, já que a maior entra na pré-escola no ano que vem. “Eu vou pagar R$ 300 para a menina cuidar delas, mas é temporário, porque ela já está procurando outro serviço. O que é justo né, porque o que eu posso oferecer para ela não é muito”, explica a mãe, ao admitir que teme ter que deixar o trabalho para cuidar das meninas.
Elidiane Marques, de 26 anos, tem um casal de filhos. O menino acabou de entrar na escola e a caçula ainda teria mais dois anos de creche pela frente, mas infelizmente a mãe também está na lista das que ficaram desassistidas com o fechamento da Cei. “Eu já coloquei o nome dela na lista, mas foi informada de que têm pelo menos 40 crianças na frente”, explica.
A mãe está preocupada porque a família possui uma oficina e eletrônica de carros, e devido ao grande fluxo de veículos que entram e saem do local, além do volume elevado do som, acaba se tornando um local inadequado para as crianças ficarem enquanto não estão na escola. “A gente tem medo de acontecer alguma coisa com eles, e uma escola particular é fora do orçamento da gente. Você não acha uma que seja menos de R$ 700 para o período integral”, detalha.
Na região, a equipe de reportagem do Jornal Midiamax visitou uma obra parada há pelo menos dois anos, que deveria ser um centro de educação infantil modelo, para mais de 200 crianças, mas infelizmente, está esquecida em meio aos entulhos. O local fica nos cruzamentos da Rua Lindóia com Dona Júlia Cerra, na Vila Nascer. A Prefeitura foi procurada para dizer se pretendia ou não retomar a obra, mas não respondeu a nossa solicitação.
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