Relembre os detidos no Estado em 2015
O ano de 2015 foi marcado pelas operações da Polícia Federal, que começaram lá por Brasília e acabaram desembarcando com força em Mato Grosso do Sul. Foram três operações, que colocaram na cadeia gente que poucos imaginavam ver atrás das grades.
A Lava Jato foi a primeira, mas só atingiu Mato Grosso do Sul agora, no dia 25 de novembro, quando uma das maiores lideranças políticas do Estado, e do próprio governo de Dilma Rousseff (PT), Delcídio do Amaral (PT), foi preso. A detenção surpreendeu a todos, principalmente por se tratar do líder de Dilma no Senado.
Delcídio é suspeito de ter arquitetado um plano de fuga do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró. Uma gravação, que teria sido feita pelo filho de Cerveró, entregou o senador falando sobre possível fuga para escapar da delação premiada.
O senador é suspeito de ter se beneficiado com milhões de dólares quando era diretor da empresa, por meio de suborno. Segundo Cerveró, Delcídio recebeu 10 milhões de dólares só para compra de uma turbina ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Delcídio está detido desde 25 de novembro e deve fechar o ano na prisão. Há quem diga que o petista é peça fundamental para o processo, visto que foi diretor da empresa por vários anos. A expectativa é grande em torno de uma possível delação premiada dele. Além de Delcídio, Vander Loubet (PT) também figura como investigado, mas não chegou a ser detido e nem prestou depoimento.
Na Lama
A Operação Lama Asfáltica também pegou os sul-mato-grossenses de surpresa. Ela investiga o governo de André Puccinelli (PMDB), que sempre se gabou por nunca ter sido acusado de nenhum crime de corrupção. A operação, comandada pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União investiga desvios milionários na execução de obras de pavimentação.
As denúncias são antigas e muitas haviam sido arquivadas pelo Ministério Público Estadual, que foi obrigado a entrar na investigação novamente. Puccinelli foi obrigado a depor algumas vezes e viu protagonistas do seu governo, como o deputado federal Edson Giroto (PR) e a secretária-adjunta de Obras, Maria Wilma Casanova, bem como o empreiteiro João Amorin, atrás das grades.
A Operação Lama Asfáltica ainda não acabou e, por enquanto, só há desdobramentos do que está sendo feito pelo Ministério Público Estadual. A expectativa é grande em torno do final do trabalho da Polícia Federal, que não se manifestou ainda depois que pegou mais de 30 contratos de Puccinelli para investigar.
Café Amargo
A Lama Asfáltica também possibilitou a investigação de outra polêmica: de que vereadores teriam vendido voto para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP). A Operação Coffee Break deteve nove vereadores, empresários e até o vice-prefeito Gilmar Olarte (PP) a pedido do Gaeco.
Os vereadores foram levados ao Gaeco para prestar depoimento e Gilmar Olarte chegou a amargar alguns dias na prisão para não atrapalhar as investigações. Ele já está afastado da prefeitura há quatro meses e o ex-presidente da Câmara, Mario Cesar (PMDB), chegou a ficar três meses fora. Ele só voltou depois que abriu mão da presidência.
O promotor Marcos Alex já entregou o relatório ao procurador-geral, Humberto Brites, que decidirá se faz novas diligências, arquiva ou envia o processo ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
A operação causou muita polêmica e faz os vereadores amargarem mais de quatro meses de suspense. A menos de um ano da eleição, eles temem não conseguir reverter o reflexo negativo de toda operação. No relatório final o promotor citou 13 vereadores, empresários e lideranças importantes, como Nelsinho Trad (PMDB) e André Puccinelli. Eles são suspeitos de terem organizado a cassação de Bernal, seja por troca de dinheiro ou cargos na futura gestão, no caso, de Gilmar Olarte.
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