segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

2015 foi um ano difícil para a literatura

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Este ano voou e talvez não deixe muitas saudades mesmo. O período foi um dos mais conturbados dos últimos tempos, com economia em baixa, crise política, confiança abalada e insegurança global. Pra muita gente, 2015 foi um ano de estagnação, de atrasos e de interrupção de projetos, o que só aumentou a sensação de perda de tempo, energia e recursos. No campo das artes não foi diferente, e no terreno da literatura acabamos colecionando um conjunto grande e contundente de reveses. Fizemos um levantamento da situação e podemos afirmar: 2015 foi um ano difícil! É verdade que faltam algumas semanas para fechar a fatura, mas decidimos antecipar esse balanço na esperança de que as desgraças e tragédias fiquem por aqui. 
Fogo na Record
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Em março, um incêndio destruiu parte das instalações do Grupo Editorial Record em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. O fogo atingiu o segundo andar do prédio, onde funciona o selo Bertrand Brasil, e havia seis funcionários no local. Felizmente, não houve vítimas, e as causas que levaram ao incêndio não foram reveladas. O estrago só não foi maior porque os bombeiros agiram rápido.
Jornada cancelada
Edição deste ano da Jornada de Literatura de Passo Fundo é cancelada
Edição deste ano da Jornada de Literatura de Passo Fundo é cancelada
Em maio, a reitoria da Universidade de Passo Fundo (UPF) confirmou que a 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura estava mesmo cancelada. Segundo a professora Tânia Rösing, coordenadora e idealizadora do evento, o maior impedimento para a realização foi a falta de patrocínio de empresas privadas e do Estado. Verbas públicas que costumavam ser destinadas, como as do Fundo Nacional de Cultura e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, não vieram. Com histórico de participações ilustres como as de Mia Couto e Millôr Fernandes, o orçamento da feira é de cerca de R$ 3,5 milhões. Em 2015, um dos principais eventos literários do sul do país simplesmente não aconteceu.
Portas fechadas…
Livraria Leonardo Da Vinci
A livraria Leonardo da Vinci funcionou durante 63 anos no Rio de Janeiro e se notabilizou por reunir intelectuais, escritores e poetas entre seus clientes assíduos. Criada em 1952 pelo romeno Andrei Duchiade, especializou-se no comércio de lançamentos importados e livros raros, mas não conseguiu competir com o mercado virtual e nem com as populares megalivrarias. Um dos clientes mais famosos da Leonardo da Vinci foi Carlos Drummond de Andrade, que a homenageou em um poema. O anúncio do fechamento do tradicional ponto de vendas e de encontros causou consternação no mercado editorial carioca.
Suplemento extinto
Caderno Prosa e Verso
Em setembro, leitores do jornal O Globo foram surpreendidos com a notícia de que seu caderno literário deixaria de circular. O suplemento “Prosa & Verso” seria incorporado por outra seção, o “Segundo Caderno”, relegando o espaço dedicado à literatura a uma melancólica página frente e verso no diário carioca. O suplemento estava às vésperas de completar vinte anos de existência, mas nem isso impediu que desaparecesse causando pelo menos 40 demissões. Entre as baixas estava o crítico José Castello, um dos mais respeitados do país.
Escritor preso?
Delegado Tobias
Aconteceu em setembro e talvez você nem acredite. Um personagem da ficção – sim, da ficção! – provocou um inquérito criminal encaminhado para o Ministério Público e investigado pela Polícia Federal. Incitada por uma denúncia anônima, a polícia achou necessário investigar uma peça da ficção em busca de evidências de “falsificação e uso de documento público” para criação de uma obra literária. O escritor paulistano Ricardo Lísias se viu nesse enredo kafkiano ao ser intimado pelas autoridades policiais a depor e a explicar que o teor da série com o Delegado Tobias é literatura, autoficção, e não crime de falsificação de documentos…
Uma editora a menos
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Em dezembro, Charles Cosac chocou o mercado editorial ao anunciar que a sofisticada editora Cosac Naify iria encerrar suas atividades. Especializada em publicações com alto padrão de qualidade, voltadas para os clássicos da literatura, livros de arte, arquitetura e fotografia, a Cosac Naify começou a operar no mercado brasileiro em 1997. A justificativa para o fim da editora deveu-se a uma vontade pessoal do fundador, em virtude da crise financeira e dos altos custos de produção dos livros, consumidos por um público cada vez mais restrito no país. O anúncio pegou a todos de surpresa, e houve até comoção nas redes sociais, como se um sonho tivesse acabado…
Nossas maiores perdas
Não bastassem tantos dissabores no mercado editorial, o nefasto 2015 também não cansou de causar  estragos, esses irreversíveis. Grandes escritores nos deixaram nos últimos meses: Henning MankellOliver SacksEduardo GaleanoTomas TranstromerHelena JobimIçami TibaGünter GrassRuth RendellTerry PratchettJoel Rufino dos SantosCarmen BalcellsE.L. Doctorow
São perdas inestimáveis.
2015, está na hora de virarmos a página!

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