quarta-feira, 30 de março de 2016

Vereadores, agora bons samaritanos, visitam bairros a muito tempo esquecidos pela Câmara

Área de lazer e Ceinf inacabados, UBSF sem pacientes e buracos em ruas sem asfalto moldam a dura realidade no bairro

Alberto Dias

Durante visita na manhã desta quinta-feira (30) ao Jardim Noroeste, vereadores se depararam com o único posto de saúde da região sem nenhum paciente, às 10 horas – horário de tradicional movimento em outras unidades da Capital. O fato causou estranheza e o vereador Alex do PT logo disparou: “Por que está vazio? Ninguém está doente?”. Prontamente, as atendentes responderam que, por se tratar de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), todas as consultas são agendadas para às 7 horas da manhã e os pacientes já tinham ido embora, causando espanto também à vereadora Carla Stephanini (PMDB).


A reportagem do Campo Grande News pediu, então, para conversar com o médico, mas ele tinha “acabado de sair”, segundo uma auxiliar que preferiu não se identificar. Porém, do lado de fora da UBSF, moradores contam uma história bem diferente. “Precisamos que ampliem esse posto ou construam outro, pois este aqui não dá conta da demanda”, reclamou o presidente da Associação de Moradores do Noroeste, Antônio Vieira de Moares. Segundo ele, parte da comunidade busca atendimento no posto 24 horas do bairro Tiradentes e até no bairro Nova Bahia, região norte da Capital.
As queixas foram unânimes no que diz respeito à falta de representantes do poder Executivo no local. “Somos muito esquecidos. Tudo aqui, como a escola e o posto de saúde, são obras de gestões anteriores e o que ficou para terminar não foi feito”, desabafou a moradora Mary Deleon, acrescentando que o Ceinf do bairro (Centro de Educação Infantil), por exemplo, ficou com o acabamento pendente e hoje serve apenas de abrigo para moradores de rua. A opinião foi dividida pelo vereador Ayrton de Araújo (PT), que participou da comitiva. “Não vejo avanços no Noroeste, mas a situação é crítica também em outros locais da cidade”, disse.

Área de esporte e lazer - Minutos antes, em frente ao que seria a “aguardada” Praça da Juventude, os parlamentares tentavam descobrir com quem estava a chave da cerca que isola a obra, iniciada em 10 de agosto de 2012 e paralisada há alguns anos. Por fim, não conseguiram entrar e, mesmo do lado de fora, registraram o descaso frente ao projeto orçado em R$ 3,5 milhões e que deveria atender mais de 50 mil moradores da região, que hoje não têm espaço para lazer e prática de esportes. No local estão prontas uma quadra coberta e pistas de skate, abandonadas no terreno que foi cercado pela Prefeitura.
Sob o sol a pino, pela rua de chão esburacada, o vereador Chiquinho Telles (PSD) perguntou onde estavam as máquinas da Prefeitura. “Se você achar uma patrola em Campo Grande eu te dou um prêmio”, disse à reportagem. “A população me pergunta onde foi parar os R$ 200 milhões de IPTU, se você vai no posto de saúde e não tem pediatra, se vai nas UPA's (Unidades de Pronto Atendimento) e não tem nem paracetamol, se a merenda é de baixa qualidade, se faltam médicos”, indagou.
Câmara Comunitária - O projeto que leva vereadores a bairros carentes da Capital, começou às 9 horas, na Escola Municipal Professora Ivone Catarina – instituição que precisou extinguir as turmas de 9º ano para dar lugar a crianças do pré-escolar, que deveriam estar alocadas no Ceinf do bairro, cuja obra está inacabada. Além da Educação, outra questão que demanda atenção é a segurança: além de problemas com a iluminação pública, o policiamento do bairro conta apenas com uma viatura para atender toda a região, que inclui presídios e outras áreas periféricas.

Dos 29 vereadores, oito compareceram ao Jardim Noroeste, para ouvir as reclamações dos moradores. São eles: João Rocha (PSDB), Betinho (PRB), Francisco Saci (PTB), Chiquinho Telles (PSD), Carlão (PSB), Airton Araújo (PT), Carla Stephanini (PMDB) e Alex do PT. Agora, os parlamentares farão indicações para o Executivo Municipal. Na semana retrasada, parlamentares visitaram o Serradinho, Nova Campo Grande e Jardim Carioca, abrindo os trabalho da Câmara Comunitária, que deve seguir a outras regiões da Capital.

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